Caros irmãos equipistas, Casais,
Conselheiros e Acompanhadores Espirituais, demais convidados, boa tarde.
Primeiro gostaríamos de agradecer
o gentil convite da ERI para relatarmos um pouco de nossa experiência com os
jovens, através das EJNS.
Em sua mensagem para a Jornada
Mundial da Juventude de 2009, o Papa Bento XVI afirmou: “Os jovens de hoje
estão, em muitos casos, feridos pela vida, condicionados por uma imaturidade
pessoal que é frequentemente consequência de um vazio familiar, de opções
educativas permissivas e libertárias, e de experiências negativas e
traumáticas. Para muitos, a única saída possível é uma fuga alienante para comportamentos
perigosos e violentos, para a dependência de drogas e de álcool, e para tantas
outras formas de mal-estar juvenil. Contudo, inclusive naqueles que se
encontram em situações penosas por ter seguido os conselhos de ‘maus mestres’,
não se apaga o desejo do verdadeiro amor e da real felicidade. Por isso a
urgência de uma evangelização, que ajude as novas gerações a descobrirem o
autêntico rosto de Deus.”
Mais recentemente, na celebração
da Missa da chegada do ano presente, o Papa destacou em sua homilia: “Diante
das sombras que obscurecem o horizonte do mundo atual, assumir a
responsabilidade por educar os jovens no conhecimento da verdade, nos valores
fundamentais e nas virtudes é olhar para o futuro com esperança. Essas novas
gerações podem se tornar construtoras da paz se forem educadas adequadamente.”,
concluiu o Papa.
E nós, Cláudia e eu, tivemos a
graça de confirmar essas afirmações quando aceitamos o convite para ser Casal
Acompanhador de uma equipe de jovens. Pela Providencia Divina, este convite
chegou até nós num momento bastante delicado de nossas vidas, conhecido
popularmente como “síndrome do ninho vazio”. Foi quando nossa única filha, com
dezessete anos de idade, deixou nossa casa para morar e estudar em outra
cidade. Com as EJNS, Deus preencheu novamente nosso ninho, não com um único,
mas agora com muitos passarinhos.
Esse Movimento de jovens é
oriundo da própria ENS e teve seu início no Encontro Internacional desta em
Roma, em 1976, quando a filha do casal francês ERI da época decidiu organizar,
paralelamente ao encontro, uma reunião para os filhos dos casais.
A equipe com 8 a 12 jovens é
acompanhada por um casal e um conselheiro, e tem como objetivo a formação
espiritual e humana dos seus membros, aprendendo a conhecerem-se a si mesmos,
no diálogo com os outros e na busca da santidade. Nas reuniões,
seguindo a mesma dinâmica dos casais, num ambiente de escuta, partilha e oração
torna-se possível discernir a vontade de Deus em suas vidas, tendo o
"sim" de Maria como modelo.
Até hoje grande parte dos jovens
ainda é composta por filhos de equipistas, pois os laços entre os dois
Movimentos é muito grande e o apoio das ENS é de extrema importância para a
sustentação do Movimento dos jovens. Com certeza, o que mantém esta união é o
amor a Nossa Senhora, o desejo de colocar-se sob o seu amparo e exemplo no
caminho que nos leva a Cristo, além do carinho especial oferecido pelos casais,
muitos dos quais também optam por ser acompanhadores de uma equipe de base ou de
Setor, como foi o nosso caso.
A grande diferença é que nas
EJNS, assim como na própria juventude, tudo é bem passageiro. Em poucos anos a
vida de um jovem sofre profundas transformações, em vários sentidos: ingresso
na faculdade, primeiro emprego, mudança de cidade, casamento. Assim, a entrada
e saída de membros nas equipes é uma constante e, embora para nós traga muita
tristeza qualquer perda, temos certeza que o legado absorvido e partilhado
sempre é marcante e aquela semente voltará a dar muitos frutos posteriormente.
Nós já tínhamos conhecimento da
existência das EJNS através das Cartas Mensais, mas a decisão de trazê-las para
Vinhedo, onde residimos, surgiu em 2003 pelo fato de nossa filha estar
terminando de fazer a preparação para o Crisma e não ter uma opção de
continuidade na Paróquia, após isso.
No começo foi difícil encontrar
os líderes do Movimento para manifestar nosso interesse.
Entretanto, a vontade de Deus fez
com que nossos caminhos se cruzassem no Encontro Nacional das ENS aqui mesmo em
Brasília, onde os jovens estavam também reunidos no seu Encontro Internacional
naqueles dias. Os responsáveis do nosso Setor ENS na época, Cidinha e Carlão (e
posteriormente Irma e Élcio e Doracy e Chico), deram todo o apoio a essa
iniciativa e nos puseram em contato com os dirigentes das EJNS. Após dois anos
de tratativas, jovens de Sorocaba deslocavam-se mais de 100 km até Vinhedo para
fazer nossa pilotagem mensal em finais de semana.
Dois anos mais tarde, fomos
convidados a ser Casal Acompanhador da segunda equipe, Nossa Senhora Desatadora
dos Nós, já que na primeira não podíamos participar, devido à presença de nossa
filha.
Mas afinal, qual a missão do
Casal Acompanhador?
Essa foi também a pergunta que
fizemos aos jovens que vieram até nós. Em sua sinceridade, a resposta que nos
deram foi semelhante à do Padre Cafarrel àqueles primeiros casais: “Também não sabemos,
mas podemos aprender juntos”.
Ficamos de certa forma
apreensivos e preocupados por não saber exatamente qual seria nosso papel, mas
demos nosso “sim”, confiantes na missão que Deus nos mostrava. Com o tempo
fomos aprendendo que nossa tarefa não era trazer conhecimento nem informação,
muito menos ser responsáveis pela equipe (esta pertence aos jovens), mas
somente dar nosso testemunho dos valores cristãos e da vivência do Sacramento
do Matrimônio, passando nossa experiência de fé e de vida como pais e mães, da
forma mais simples possível.
Por isso, sempre somos os últimos
a falar a fim de favorecer a abertura e a discussão prévia.
Surpreendente é ver como eles se
abrem por completo durante a partilha, confidenciando coisas que certamente não
comentam com ninguém: nem pais, nem irmãos, nem amigos. Essa é a razão,
inclusive, de não poder haver parentes, nem namorados na mesma equipe.
E quantas vezes eles não desabam
em choro, revelando o mais íntimo do seu ser. É nessas horas que dá aquela
vontade de tomá-los nos braços, acariciá-los, consolá-los, enxugar suas
lágrimas. O que, invariavelmente, acaba acontecendo em certas ocasiões.
De outro lado, percebemos o
quanto aprendemos com eles e como é proveitosa essa troca de testemunhos.
Passamos a compreender melhor nossa própria filha e, muitas vezes seguindo seus
conselhos, conseguimos estreitar bastante nosso relacionamento com ela,
entendendo melhor seus anseios e suas necessidades.
Já para participar das reuniões
informais, tivemos que nos readaptar. Normalmente, na nossa equipe de casais
marcamos as festivas para as 20h e, no máximo à meia-noite, estamos de volta.
Certamente, quem tem filho adolescente sabe que nesse horário é que as coisas
estão começando a acontecer para eles.
Na primeira vez que fomos
convidados para uma “informal” num barzinho, chegamos às 21h e tivemos que
esperar até às 23h para o primeiro jovem aparecer. Nas “baladas”, além de
vararmos a madrugada, ainda tivemos que nos adaptar às suas músicas e
coreografias. Em contrapartida, porém, sentimo-nos renovados, rejuvenescidos,
com grande energia, vivenciando lampejos da adolescência e às vezes esquecendo
de nossa própria idade!
E como eles valorizam nossa
participação, por verem que mesmo após 25 anos de casados, continuamos nos
divertindo juntos, dançando, “curtindo”, namorando. Minha esposa já está até me
chamando de “cara”...
Em 2009, seis anos depois
daqueles primeiros contatos, ficamos muito felizes com a escolha de nossa
cidade para sediar o Secretariado do Brasil e, mais ainda por sermos convidados
a Casal Acompanhador Nacional.
Ainda trazemos na lembrança a
emoção que sentimos quando recebemos o convite do Renato para acompanhá-lo no
Secretariado. Foi algo completamente inusitado para nós, pois esse pedido
ocorreu num bar-dançante em comemoração ao aniversário de um dos jovens de
nossa equipe. Nós jamais imaginamos que poderíamos ser convidados daquela
maneira. Porém, é assim com os jovens: irreverência, ousadia, improviso, mas
muito compromisso e responsabilidade!
Emocionados pela missão que se
nos apresentava, novamente demos nosso “sim”, confiando que Jesus e Maria
estariam à frente, apontando-nos os caminhos e as decisões que se fizessem
necessários.
Embora essa missão tenha
demandado muito trabalho e “pique” para podermos acompanhar essa “moçada”, não
imaginávamos que nos traria tamanha alegria e felicidade! Ao final de cada
evento, de cada reunião, de cada Retiro, entre abraços e beijos, sempre pudemos
sentir o carinho de todos.
Nestes dois anos em que tivemos nessa
função, fomos agraciados com muitos acontecimentos importantes que nos tocaram
profundamente. Sem dúvida, o mais marcante foi comemorar os 20 anos de EJNS no
Brasil num grandioso Encontro Nacional em Mariápolis, com mais de 300 pessoas.
Soubemos desta incumbência um ano
antes e, acostumados com planejamento antecipado e detalhado dos casais ENS
fomos ficando angustiados à medida que o tempo passava e ninguém convocava nenhuma
reunião. Finalmente, a dois meses do evento, quando já estávamos quase desesperados,
começaram a fazer os primeiros preparativos. Essa é outra característica típica
dos jovens: sua informalidade. Embora pareça que eles não estão se preocupando,
muitas coisas são feitas nos bastidores e, no final, o resultado é sempre
surpreendente e o Encontro Nacional foi um momento memorável!
Emocionante foi ver a
apresentação do Setor Barreiros-PE. Esta cidade havia sido dizimada pela chuva
torrencial no mês anterior e eles mostraram em fotos o tamanho da tragédia.
Simplesmente perderam tudo. Quem ficou vivo só conseguiu salvar a roupa do
corpo e alguns ainda só tinham uma única troca. De fundo colocaram a música do
Raul Seixas - Tente outra vez - o que levou todos às lágrimas!
Isso foi para nós uma enorme
demonstração de fé. Mesmo tendo perdido tudo há tão pouco tempo, aqueles dez
jovens não desistiram de vir ao Encontro, prestar culto a Deus por suas vidas!
Na noite de sábado houve a
esperada comemoração do aniversário das EJNS. Uma festa de gala.
Todos de branco representando a
busca da santidade que prega o Movimento, através do exemplo de Maria. Sem
bebida alcoólica, mas com muita animação e alegria, típicas dos jovens, ficou
provado que é possível fazer uma grande celebração, sem precisar ficar bêbado
ou apelar para as drogas.
Domingo fizemos nossa palestra
usando como tema o Evangelho de Marta e Maria (Lc 10,38-42) e enfatizando que
assim como esta última que escolheu a melhor parte, aqueles jovens deixaram
tudo num fim de semana de férias para estarem ali reunidos, empenhados em
construir o Reino de Deus.
Recentemente, em nossa
comemoração de Bodas de Prata no ano passado, quanta emoção sentimos quando, ao
final da Missa, nosso querido Dom Filipe (Conselheiro Espiritual do Setor),
chamou ao altar nossas duas equipes: à direita a de casais e à esquerda, a de
jovens. Ali pudemos sentir a força destes dois Movimentos: o primeiro do qual
tanto recebemos para fortalecer nossa Espiritualidade Conjugal e o segundo ao
qual pudemos modestamente dar nossa contribuição de pais cristãos.
Apresentava-se ali, diante dos nossos olhos, o completo ciclo da vida!
Hoje, sentimos uma imensa
satisfação em trabalhar com esses jovens, pois temos a convicção de que esse
Movimento, além de mostrar um caminho seguro para nossos filhos num mundo tão
materialista e carente de valores, também constrói a base para o futuro da
Igreja gerando, certamente, muitas vocações matrimoniais e religiosas e
mostrando-se um celeiro propício para novos casais ENS no futuro.
Reconhecemos agora, que embora
Deus nos tenha dado uma única filha, Ele nos presenteou com tantos outros
“filhos adotivos”, permitindo-nos sentir esta grande benção de ser Casal
Acompanhador de uma EJNS! Além disso, mesmo continuando a envelhecer, sentimos
nosso espírito sempre jovial.
Por tudo isso queremos agradecer
primeiramente a Deus, mas também aos casais ENS em todos os níveis
(especialmente Cida e Raimundo – CRSR) e a esses jovens maravilhosos com quem
convivemos, e que confirmaram as palavras do Papa de que a juventude é mesmo o
futuro de nossa Igreja!
Nossa mensagem final é conclamar
vocês a não perderem a oportunidade de fazer essa enriquecedora experiência de
assumir uma Equipe de Jovens de Nossa Senhora!
MUITO
OBRIGADO!
Cláudia
e Paulo Santos
ENS
5 – Nossa Senhora de Guadalupe
EJNS
2 – Nossa Senhora Desatadora dos Nós
Vinhedo
– SP - Brasil
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