O novo Papa falou de improviso na sua primeira
homilia. "As coisas não são assim tão fáceis", alertou. "Porque
no caminhar, construir, confessar, às vezes há tropeços, há movimentos que não
ajudam o caminho, são movimentos que nos puxam para trás."
Da primeira homilia do recém-eleito Papa Francisco,
proferida na Capela Sistina durante a missa solene de
encerramento do Conclave, ficam três palavras-chave: caminhar, edificar,
confessar. "Podemos caminhar o que quisermos, edificar o que queremos, mas
se não confessarmos Jesus Cristo, as coisas não avançam. Tornamo-nos como uma
ONG piedosa, mas não Igreja esposa de Cristo. Quando não se edifica, o que
acontece? Acontece o que acontece com as crianças na praia - criam
castelos na areia, tudo vem abaixo, sem consistência", apontou o Papa.
"Caminhar, construir, confessar", voltou
a frisar o Papa nesta sua primeira homilia como líder da Igreja Católica.
"Mas as coisas não são assim tão fáceis", alertou. "Porque no
caminhar, construir, confessar, às vezes há tropeços, há movimentos que não
ajudam o caminho, são movimentos que nos puxam para trás."
A homilia do Papa Francisco veio como um desafio.
"Este Evangelho prossegue com uma situação especial - é que mesmo Pedro, que
tinha confessado Cristo, disse 'sim, Tu és Filho de Deus e sigo-te', mas não
falou de cruz. Quando caminhamos sem cruz, construímos sem cruz, confessamos
Cristo sem cruz, não somos discípulos do Senhor."
Sem cruz, sublinhou o Papa, "somos
mundanos". "Somos bispos, padres, cardeais, Papas, tudo, mas não
discípulos do Senhor". "Gostaria que nós, depois destes dias de
graça, tenhamos a coragem de caminhar na presença do Senhor, com a cruz do
Senhor, de edificar a Igreja sobre o sangue derramado na cruz e assim
caminharmos. Assim a Igreja vai em frente."
O Papa falou de improviso, sem texto preparado,
sobre o caminho da Igreja e viu algo em comum nas três leituras da missa:
"o movimento". "Na primeira leitura, o movimento do caminho. Na
segunda, a edificação da Igreja. Na terceira, o Evangelho do movimento da
confissão. Caminhar, edificar, confessar", resumiu.
Elaborando a homilia sobre estas três ideias, o
Papa Francisco começou por falar, em primeiro lugar, sobre caminhar.
"Caminhai na luz do Senhor, isto foi o que em primeiro lugar Deus disse a
Abraão, caminha na minha presença. A nossa vida é um caminho e, quando paramos,
as coisas não vão bem. Caminhar sempre na presença do Senhor, à luz do Senhor,
procurando viver na irrepreensibilidade que Deus pedia a Abraão."
Em segundo lugar, edificar, construir.
"Edificar a Igreja. Fala-se de pedras. As pedras têm consistência, são
pedras vivas, benzidas pelo Espírito Santo. Edificar a Igreja, esposa de Cristo
sobre a pedra angular que é Nosso Senhor. É outro movimento da nossa vida,
edificar", disse.
Em terceiro lugar, "confessar".
"Podemos caminhar o que quisermos, edificar o que queremos, mas se não
confessarmos Jesus Cristo, as coisas não avançam", apontou o Papa, antes
de tomar emprestada uma citação de Leon Bloys. "Quem não confessa Deus,
confessa o Diabo, a mundanidade do Diabo", referiu.
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