Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal/Rádio Vaticano
Tradução: Jéssica Marçal/Rádio Vaticano
1. Jesus entra em Jerusalém. A multidão dos
discípulos acompanha-O em festa, os mantos são estendidos diante d’Ele, fala-se
dos prodígios que realizou, ergue-se um grito de louvor: “Bendito seja aquele
que vem, o rei, em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus!”
(Lc 19, 38).
Multidão, festa, louvor, bênção, paz: respira-se um
clima de alegria. Jesus despertou tantas esperanças no coração, especialmente
das pessoas humildes, simples, pobres, abandonadas, pessoas que não contam aos
olhos do mundo. Ele soube compreender as misérias humanas, mostrou o rosto
misericordioso de Deus, inclinou-Se para curar o corpo e a alma.
Este é Jesus. Este é o seu coração que olha para
todos nós, que olha as nossas doenças, os nossos pecados. É grande o amor de
Jesus. E assim entra em Jerusalém com este amor, e olha para todos nós. É uma
cena bela: cheia de luz – a luz do amor de Jesus, aquele do seu coração – de
alegria, de festa.
No início da Missa, também nós o repetimos.
Agitamos os nossos ramos de palmeira e de oliveira. Também nós acolhemos Jesus;
também nós expressamos a alegria de acompanhá-Lo, de senti-Lo perto de nós,
presente em nós e em meio a nós, como um amigo, como um irmão, também como rei,
isto é, como farol luminoso da nossa vida. Jesus é Deus, mas se abaixou para
caminhar conosco. É o nosso amigo, o nosso irmão. Quem nos ilumina no caminho.
E assim O acolhemos. E esta é a primeira palavra que gostaria de dizer a vocês:
alegria! Nunca sejam homens e mulheres tristes: um cristão não pode nunca
sê-lo! Não vos deixeis invadir pelo desânimo! A nossa não é uma alegria que
nasce do fato de possuirmos muitas coisas, mas de termos encontrado uma Pessoa:
Jesus, que está em meio a nós; nasce do saber que com Ele nunca estamos
sozinhos, mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando o caminho da vida é
confrontado com problemas e obstáculos que parecem insuperáveis, e há tantos! E
neste momento vem o inimigo, vem o diabo, disfarçado como anjo muitas vezes, e
insidiosamente nos diz a sua palavra. Não o escuteis! Sigamos Jesus! Nós
acompanhamos, seguimos Jesus, mas, sobretudo, sabemos que Ele nos acompanha e
nos carrega aos seus ombros: aqui está a nossa alegria, a esperança que devemos
levar a este nosso mundo. E, por favor, não deixem roubar a esperança! Não
deixem roubar a esperança! Aquela que Jesus nos dá.
2. Mas nos perguntamos: Segunda palavra. Por que
Jesus entra em Jerusalém, ou talvez melhor: como entra Jesus em Jerusalém? A
multidão aclama-O como Rei. E Ele não Se opõe, não a manda calar (cf. Lc 19,
39-40). Mas, que tipo de Rei é Jesus? Vejamo-Lo: monta um jumentinho, não tem
uma corte que o segue, não está rodeado de um exército símbolo de força. Quem O
acolhe são pessoas humildes, simples, que têm o sentido de ver em Jesus algo
mais; tem aquele sentido da fé, que diz: Este é o Salvador. Jesus não entra na
Cidade Santa para receber as honras reservadas aos reis terrenos, a quem tem
poder, a quem domina; entra para ser flagelado, insultado e ultrajado, como
preanuncia Isaías na Primeira Leitura (cf. Is 50, 6); entra para receber uma
coroa de espinhos, uma vara, um manto de púrpura, a sua realeza será objeto de
escárnio; entra para subir ao Calvário carregado em uma madeira. E aqui temos a
segunda palavra: Cruz. Jesus entra em Jerusalém para morrer na Cruz. E é
precisamente aqui que brilha o seu ser Rei segundo Deus: o seu trono real é o
madeiro da Cruz! Penso naquilo que Bento XVI dizia aos Cardeais: vós sois
príncipes, mas de um Rei crucificado. Aquele é o trono de Jesus. Jesus toma
sobre si… Por que a Cruz? Porque Jesus toma sobre si o mal, a sujeira, o pecado
do mundo, também o nosso pecado, de todos nós, e o lava, o lava com o seu sangue,
com a misericórdia, com o amor de Deus. Olhemos ao nosso redor: quantas feridas
o mal inflige à humanidade! Guerras, violência, conflitos econômicos que afetam
quem é mais vulnerável, sede de dinheiro, que depois ninguém pode levar
consigo, deve deixá-lo. Minha avó dizia a nós crianças: a mortalha não tem
bolsos. Amor ao dinheiro, poder, corrupção, divisões, crimes contra a vida
humana e contra a criação! E também – cada um de nós o sabe e o conhece – e os
nossos pecados pessoais: a falta de amor e de respeito com Deus, para com o
próximo e para com toda a criação. Na cruz, Jesus sente todo o peso do mal e,
com a força do amor de Deus, vence-o, derrota-o na sua ressurreição. Este é o
bem que Jesus faz a todos nós no trono da Cruz. A cruz de Cristo abraçada com
amor nunca leva à tristeza, mas à alegria, à alegria de ser salvos e de fazer
um pouquinho daquilo que fez Ele naquele dia de sua morte.
3. Hoje, nesta Praça, há tantos jovens: há 28 anos
o Domingo de Ramos é o Dia da Juventude! E aqui aparece a terceira palavra:
jovens! Queridos jovens, eu os vi na procissão, quando vocês entraram;
imagino-vos fazendo festa ao redor de Jesus, agitando os ramos de oliveira;
imagino-vos gritando o seu nome e expressando a vossa alegria por estardes com
Ele! Vós tendes uma parte importante na festa da fé! Vós nos trazeis a alegria
da fé e nos dizeis que devemos viver a fé com um coração jovem, sempre: um
coração jovem, mesmo aos setenta, oitenta anos! Coração jovem! Com Cristo o
coração não envelhece nunca! Entretanto, todos sabemos e vós o sabeis bem, que
o Rei que seguimos e que nos acompanha é muito especial: é um Rei que ama até à
cruz e nos ensina a servir, a amar. E vós não tendes vergonha da sua Cruz!
Antes, abraçam a Cruz, porque compreendem que é na doação de si mesmo, na
doação de si mesmo, no sair de si mesmo, que se alcança a verdadeira alegria e
que com o amor de Deus Ele venceu o mal. Vós levais a Cruz peregrina por todos
os continentes, pelas estradas do mundo! Vocês a levaram respondendo ao convite
de Jesus “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (cf. Mt 28, 19), que é
o tema da Jornada da Juventude deste ano. Vocês a levam para dizer a todos que,
na cruz, Jesus abateu o muro da inimizade, que separa os homens e os povos, e
trouxe a reconciliação e a paz. Queridos amigos, também eu me coloco em caminho
com vocês, na esteira do Beato João Paulo II e de Bento XVI. Já estamos perto
da próxima etapa desta grande peregrinação da Cruz. Olho com alegria para o
próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro! Vinde! Encontramo-nos naquela grande
cidade do Brasil! Preparai-vos bem, sobretudo espiritualmente, nas vossas
comunidades, para que este Encontro seja um sinal de fé para o mundo inteiro.
Os jovens devem dizer ao mundo: é bom seguir Jesus; é bom caminhar com Jesus; é
boa a mensagem de Jesus; é bom sair de si mesmo, às periferias do mundo e da
existência para levar Jesus! Três palavras: alegria, cruz, jovens.
Peçamos a intercessão da Virgem Maria. Que Ela nos
ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O devemos contemplar ao
pé da cruz, o entusiasmo do coração jovem com que O devemos seguir nesta Semana
Santa e por toda a nossa vida. Assim seja.
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