A
missa é o culto mais sublime que oferecemos ao Senhor. Nós não vamos à
missa somente para pedir, mas também para louvar, agradecer e adorar a
Deus. A desculpa de que rezar em casa é a mesma coisa que ir à missa é
por demais pretensiosa! É querer fazer da reza particular algo melhor
que a missa, que é celebrada por toda uma comunidade! Assim, vamos à
missa para ouvir a Palavra do Senhor e saber o que o Pai fala e propõe
para a sua família reunida. Não basta ouvir! Devemos pôr em prática a
Palavra de Deus e acertarmos nossas vidas (conversão). O fato de existir
pessoas que freqüentam a missa, mas não praticam a Palavra jamais deve
ser motivo de desculpa para nos esquivarmos de ir à missa; afinal, quem
somos nós para julgarmos alguém? Quem deve julgar é Deus! Ao invés de
olharmos o que os outros fazem, devemos olhar para o que Cristo faz! É
com Ele que devemos nos comparar!
A Divisão da Missa
A missa está dividida em quatro partes bem distintas:
1. 1. Ritos Iniciais
Comentário Introdutório à missa do dia, Canto de Abertura, Acolhida,
Antífona de Entrada, Ato Penitencial, Hino de Louvor e Oração Coleta.
2. 2. Rito da palavra
Primeira Leitura, Salmo Responsorial, Segunda Leitura, Aclamação ao
Evangelho, Proclamação do Evangelho, Homilia, Profissão de Fé e Oração
da Comunidade.
3. 3. Rito Sacramental
1ª Parte – Oferendas: Canto/Procissão das Oferendas, Orai Irmãos e Irmãs, e Oração Sobre as Oferendas;
2ª Parte – Oração Eucarística: Prefácio, Santo, Consagração e Louvor Final;
3ª Parte – Comunhão: Pai Nosso, Abraço
da Paz, Cordeiro de Deus, Canto/Distribuição da Comunhão,
Interiorização, Antífona da Comunhão e Oração após a Comunhão.
4. 4. Ritos Finais
Mensagem, Comunicados da Comunidade, Canto de Ação de Graças e Bênção Final.
Posições do Corpo
Os gestos são importantes na liturgia. Nosso corpo também “fala”
através dos gestos e atitudes. Durante toda a celebração litúrgica nos
gesticulamos, expressando um louvor visível não só a Deus, mas também a
todos os homens.
Quando estamos sentados, ficamos em uma
posição confortável que favorece a catequese, pois nos dá a satisfação
de ouvir evitando o cansaço; também ajuda a meditar sobre a Palavra que
está sendo recebida.
Quando ficamos de pé, demonstramos respeito e consideração, indicando prontidão e disposição para obedecer.
Quando nos ajoelhamos ou inclinamos
durante a missa, declaramos a nossa adoração sincera a Deus
todo-poderoso, indicando homenagem e, principalmente, total submissão a
Ele e à sua vontade.
Ao juntarmos as mãos, mostramos confiança e fé em Deus.
1. A missa é ação de graças
A missa também pode ser chamada de eucaristia, ou seja, ação de
graças. E a partir da passagem do servo de Abraão pudemos ter uma noção
do que é uma oração eucarística ou de ação de graças. Pois bem, esta
atitude de ação de graças recebe o nome de berakah em hebraico, que
traduzindo-se para o grego originou três outras palavras: euloguia, que
traduz-se por bendizer; eucharistia, que significa gratidão pelo dom
recebido de graça; e exomologuia, que significa reconhecimento ou
confissão.
Diante da riqueza desses significados
podemos nos perguntar: quem dá graças a quem? Ou melhor, dizendo, quem
dá dons, quem dá bênçãos a quem? Diante dessa pergunta podemos perceber
que Deus dá graças a si mesmo, uma vez que sendo uma comunidade perfeita
o Pai ama o Filho e se dá por ele e o Filho também se dá ao Pai, e
deste amor surge o Espírito Santo. Por sua vez, Deus dá graças ao homem,
uma vez que não se poupou nem de dar a si mesmo por nós e em resposta o
homem dá graças a Deus, reconhecendo-se criatura e entregando-se ao
amor de Deus. Ora, o homem também dá graças ao homem, através da doação
ao próximo a exemplo de Deus. Também o homem dá graças à natureza,
respeitando-a e tratando-a como criatura do mesmo Criador. O problema
ecológico que atravessamos é, sobretudo, um problema eucarístico. A
natureza também dá graças ao homem, se respeitada e amada. A natureza dá
graças a Deus estando a serviço de seu criador a todo instante.
A partir desta visão da ação de graças
começamos a perceber que a Missa não se reduz apenas a uma cerimônia
realizada nas Igrejas, ao contrário, a celebração da Eucaristia é a
vivência da ação de Deus em nós, sobretudo através da libertação que Ele
nos trouxe em seu Filho Jesus. Cristo é a verdadeira e definitiva
libertação e aliança, levando à plenitude a libertação do povo judeu do
Egito e a aliança realizada aos pés do monte Sinai.
2. A missa é sacrifício
Sacrifício é uma palavra que possui a mesma raiz grega da palavra
sacerdócio, que do latim temos sacer-dos, o dom sagrado. O dom sagrado
do homem é a vida, pois esta vem de Deus. Por natureza o homem é um
sacerdote. Perdeu esta condição por causa do pecado. Sacrifício, então,
significa o que é feito sagrado. O homem torna sua vida sagrada quando
reconhece que esta é dom de Deus. Jesus Cristo faz justamente isso: na
condição de homem reconhece-se como criatura e se entrega totalmente ao
Pai, não poupando nem sua própria vida. Jesus nesse momento está
representando toda a humanidade. Através de sua morte na cruz dá a
chance aos homens e às mulheres de novamente orientarem suas vidas ao
Pai assumindo assim sua condição de sacerdotes e sacerdotisas.
Com isso queremos tirar aquela visão negativa de que sacrifício é algo
que representa a morte e a dor. Estas coisas são necessárias dentro do
mistério da salvação, pois só assim o homem pode reconhecer sua fraqueza
e sua condição de criatura.
3. A Missa também é Páscoa
A Páscoa foi a passagem da escravidão do Egito para a liberdade, bem
como a aliança selada no monte Sinai entre Deus e o povo hebreu. E
diante desses fatos o povo hebreu sempre celebrou essa passagem, através
da Páscoa anual, das celebrações da Palavra aos sábados, na sinagoga e
diariamente, antes de levantar-se e deitar-se, reconhecendo a
experiência de Deus em suas vidas e louvando a Deus pelas experiências
pascais vividas ao longo do dia. O povo judeu vivia em atitude de ação
de graças, vivendo a todo instante a Páscoa em suas vidas.
Ritos Iniciais
Instrução Geral ao Missal Romano, n.º 24:
“Os ritos iniciais ou as partes que
precedem a liturgia da palavra, isto é, cântico de entrada, saudação,
ato penitencial, Senhor, Glória e oração da coleta, têm o caráter de
exórdio, introdução e preparação. Estes ritos têm por finalidade fazer
com que os fiéis, reunindo-se em assembléia, constituam uma comunhão e
se disponham para ouvir atentamente a Palavra de Deus e celebrar
dignamente a Eucaristia”.
1. Comentário Inicial
Este tem por fim introduzir os fiéis ao
mistério celebrado. Sua posição correta seria após a saudação do padre,
pois ao nos encontrarmos com uma pessoa primeiro a saudamos para depois
iniciarmos qualquer atividade com ela.
2. Canto de Entrada
“Reunido o povo, enquanto o sacerdote entra com os ministros, começa o
canto de entrada. A finalidade desse canto é abrir a celebração,
promover a união da assembléia, introduzir no mistério do tempo
litúrgico ou da festa, e acompanhar a procissão do sacerdote e dos
ministros”(IGMR n.25)
Durante o canto de entrada percebemos alguns elementos que compõem o início da missa:
a) O canto
Durante a missa, todas as músicas fazem parte de cada momento.
Através da música participamos da missa cantando. A música não é
simplesmente acompanhamento ou trilha musical da celebração: a música é
também nossa forma de louvarmos a Deus. Daí a importância da
participação de toda assembléia durante os cantos.
b) A procissão
O povo de Deus é um povo peregrino, que caminha rumo ao coração do
Pai. Todas as procissões têm esse sentido: caminho a se percorrer e
objetivo a que se quer chegar.
c) O beijo no altar
Durante a missa, o pão e o vinho são consagrados no altar, ou seja, é
no altar que ocorre o mistério eucarístico. O presidente da celebração
ao chegar beija o altar, que representa Cristo, em sinal de carinho e
reverência por tão sublime lugar.
Por incrível que possa parecer, o local mais importante de uma igreja é o
altar, pois ao contrário do que muita gente pensa, as hóstias guardadas
no sacrário nunca poderiam estar ali se não houvesse um altar para
consagrá-las.
3. Saudação
a) Sinal da Cruz
O presidente da celebração e a
assembléia recordam-se por que estão celebrando a missa. É, sobretudo
pela graça de Deus, em resposta ao seu amor. Nenhum motivo particular
deve sobrepor-se à gratuidade. Pelo sinal da cruz nos lembramos que pela
cruz de Cristo nos aproximamos da Santíssima Trindade.
b) Saudação
Retirada na sua maioria dos cumprimentos
de Paulo, o presidente da celebração e a assembléia se saúdam. O
encontro eucarístico é movido unicamente pelo amor de Deus, mas também é
encontro com os irmãos.
4. Ato Penitencial
Após saudar a assembléia presente, o sacerdote convida toda
assembléia a, em um momento de silêncio, reconhecer-se pecadora e
necessitada da misericórdia de Deus. Após o reconhecimento da
necessidade da misericórdia divina, o povo a pede em forma de ato de
contrição: Confesso a Deus Todo-Poderoso… Em forma de diálogo por
versículos bíblicos: Tende compaixão de nós… Ou em forma de ladainha:
Senhor, que viestes salvar… Após, segue-se a absolvição do sacerdote.
Tal ato pode ser substituído pela aspersão da água, que nos convida a
rememorar-nos o nosso compromisso assumido pelo batismo e através do
simbolismo da água pedirmos para sermos purificados.
Cabe aqui dizer, que o “Senhor, tende
piedade” não pertence necessariamente ao ato penitencial. Este se dá
após a absolvição do padre e é um canto que clama pela piedade de Deus.
Daí ser um erro omiti-lo após o ato penitencial quando este é cantando.
5. Hino de Louvor
Espécie de salmo composto pela Igreja, o glória é uma mistura de
louvor e súplica, em que a assembléia congregada no Espírito Santo,
dirige-se ao Pai e ao Cordeiro. É proclamado nos domingos – exceto os do
tempo da quaresma e do advento – e em celebrações especiais, de caráter
mais solene. Pode ser cantado, desde que mantenha a letra original e na
íntegra.
6. Oração da Coleta
Encerra o rito de entrada e introduz a assembléia na celebração do dia.
“Após o convite do celebrante, todos se conservam em silêncio por alguns
instantes, tomando consciência de que estão na presença de Deus e
formulando interiormente seus pedidos. Depois o sacerdote diz a oração
que se costuma chamar de ‘coleta’, a qual a assembléia dá o seu
assentimento com o ‘Amém’ final” (IGMR 32).
Dentro da oração da coleta podemos perceber os seguintes elementos: invocação, pedido e finalidade.
O Rito da Palavra
O Rito da Palavra é a segunda parte da missa, e também a segunda mais
importante, ficando atrás, somente do Rito Sacramental, que é o auge de
toda celebração.
Iniciamos esta parte sentados, numa
posição cômoda que facilita a instrução. Normalmente são feitas três
leituras extraídas da Bíblia: em geral um texto do Antigo Testamento, um
texto epistolar do Novo Testamento e um texto do Evangelho de Jesus
Cristo, respectivamente. Isto, porém, não significa que será sempre
assim; às vezes a 1ª leitura cede espaço para um outro texto do Novo
Testamento, como o Apocalipse, e a 2ª leitura, para um texto extraído
dos Atos dos Apóstolos; é raro acontecer, mas acontece… Fixo mesmo,
apenas o Evangelho, que será extraído do livro de Mateus, Marcos, Lucas
ou João.
1. 1.Primeira Leitura
Como já dissemos, a primeira leitura costuma a ser extraída do Antigo Testamento.
Isto é feito para demonstrar que já o
Antigo Testamento previa a vinda de Jesus e que Ele mesmo o cumpriu (cf.
Mt 5,17). De fato, não poucas vezes os evangelistas citam passagens do
Antigo Testamento, principalmente dos profetas, provando que Jesus era o
Messias que estava para vir.
O leitor deve ler o texto com calma e de
forma clara. Por esse motivo, não é recomendável escolher os leitores
poucos instantes antes do início da missa, principalmente pessoas que
não têm o costume de freqüentar aquela comunidade. Quando isso acontece e
o “leitor”, na hora da leitura, começa a gaguejar, a cometer erros de
leitura e de português, podemos ter a certeza de que, quando ele disser:
“Palavra do Senhor”, a resposta da comunidade, “Graças a Deus”, não se
referirá aos frutos rendidos pela leitura, mas
sim
pelo alívio do término de tamanha catástrofe!
Ora, se a fé vem pelo ouvido, como declara o Apóstolo, certamente o
leitor deve ser uma pessoa preparada para exercer esse ministério;
assim, é interessante que a Equipe de Celebração seja formada, também,
por leitores “profissionais”, ou seja, especial e previamente
selecionados.
2. 2.Salmo Responsorial
O Salmo Responsorial também é retirado
da Bíblia, quase sempre (em 99% dos casos) do livro dos Salmos. Muitas
comunidades recitam-no, mas o correto mesmo é cantá-lo… Por isso uma ou
outra comunidade possui, além do cantor, um salmista, já que muitas
vezes o salmo exige uma certa criatividade e espontaneidade, uma vez que
as traduções do hebraico (ou grego) para o português nem sempre
conseguem manter a métrica ou a beleza do original.
Assim, quando cantado, acaba lembrando
um pouco o canto gregoriano e, em virtude da dificuldade que exige para
sua execução, acaba sendo simplesmente – como já dissemos – recitado
(perdendo mais ainda sua beleza).
3. 3.Segunda Leitura
Da mesma forma como a primeira leitura
tem como costume usar textos do Antigo Testamento, a segunda leitura tem
como característica extrair textos do Novo Testamento, das cartas
escritas pelos apóstolos (Paulo, Tiago, Pedro, João e Judas), mais
notadamente as escritas por São Paulo.
Esta leitura tem, portanto, como objetivo, demonstrar o vivo ensinamento dos Apóstolos dirigido às comunidades cristãs.
A segunda leitura deve ser encerrada de modo idêntico ao da primeira
leitura, com o leitor exclamando: “Palavra do Senhor!” e a comunidade
respondendo com: “Graças a Deus!”.
4. 4.Canto De Aclamação Ao Evangelho
Feito o comentário ao Evangelho, a
assembléia a se põe de pé, para aclamar as palavras de Jesus. O Canto de
Aclamação tem como característica distintiva a palavra “Aleluia”, um
termo hebraico que significa “louvai o Senhor”. Na verdade, estamos
felizes em poder ouvir as palavras de Jesus e estamos saudando-O como
fizeram as multidões quando Ele adentrou Jerusalém no domingo de Ramos.
Percebemos, assim, que o Canto de Aclamação, da mesma forma que o Hino
de Louvor, não pode ser cantado sem alegria, sem vida. Seria como se não
confiássemos Naquele que dá a vida e que vem até nós para pregar a
palavra da Salvação. O Canto deve ser tirado do lecionário, pois se
identifica com a leitura do dia, por isso não se pode colocar qualquer
música como aclamação, não basta que tenha a palavra aleluia.
Comprovando este nosso ponto de vista
está o fato de que durante o tempo da Quaresma e do Advento, tempos de
preparação para a alegria maior, também a palavra “Aleluia” não aparece
no Canto de Aclamação ao Evangelho.
5.5.Evangelho
Antes de iniciar a leitura do Evangelho,
se estiver sendo feito uso de incenso, o sacerdote ou o diácono
(depende de quem for ler o texto), incensará a Bíblia e, logo a seguir,
iniciará a leitura do texto.
O texto do Evangelho é sempre retirado
dos livros canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João, e jamais pode ser
omitido. É falta gravíssima não proceder a leitura do Evangelho ou
substituí-lo pela leitura de qualquer outro texto, inclusive bíblico.
Ao encerrar a leitura do Evangelho, o
sacerdote ou diácono profere a expressão: “Palavra da Salvação!” e toda a
comunidade glorifica ao Senhor, dizendo: “Glória a vós, Senhor!”. Neste
momento, o sacerdote ou diácono, em sinal de veneração à Palavra de
Deus, beija a Bíblia (rezando em silêncio: “Pelas palavras do santo
Evangelho sejam perdoados os nossos pecados”) e todo o povo pode voltar a
se sentar.
6.6.Homilia
A homilia nos recorda o Sermão da
Montanha, quando Jesus subiu o Monte das Oliveiras para ensinar todo o
povo reunido. Observe-se que o altar já se encontra, em relação aos
bancos onde estão os fiéis, em ponto mais alto, aludindo claramente a
esse episódio.
Da mesma forma como Jesus ensinava com
autoridade, após sua ascensão, a Igreja recebeu a incumbência de pregar a
todos os povos e ensinar-lhes a observar tudo aquilo que Cristo pregou.
A autoridade de Cristo foi, portanto, passada à Igreja.
A homilia é o momento em que o
sacerdote, como homem de Deus, traz para o presente aquela palavra
pregada por Cristo há dois mil anos. Neste momento, devemos dar ouvidos
aos ensinamentos do sacerdote, que são os mesmos ensinamentos de Cristo,
pois foi o próprio Cristo que disse: “Quem vos ouve, a mim ouve. Quem
vos rejeita, a mim rejeita” (Lc 10,16). Logo, toda a comunidade deve
prestar atenção às palavras do sacerdote.
A homilia é obrigatória aos domingos e
nas solenidades da Igreja. Nos demais dias, ela também é recomendável,
mas não obrigatória.
7.7.Profissão De Fé (Credo)
Encerrada a homilia, todos ficam de pé
para recitar o Credo. Este nada mais é do que um resumo da fé católica,
que nos distingue das demais religiões. É como que um juramento público,
como nos lembra o PE Luiz Cechinatto.
Embora existam outros Credos católicos,
expressando uma única e mesma verdade de fé, durante a missa costuma-se a
recitar o Símbolo dos Apóstolos, oriundo do séc. I, ou o Símbolo
Niceno-Constantinopolitano, do séc. IV. O primeiro é mais curto, mais
simples; o segundo, redigido para eliminar certas heresias a respeito da
divindade de Cristo, é mais longo, mais completo. Na prática, usa-se o
segundo nas grandes solenidades da Igreja.
8.8.Oração Da Comunidade
A Oração da Comunidade ou Oração dos
Fiéis, como também é conhecida, marca o último ato do Rito da Palavra.
Nela toda a comunidade apresenta suas súplicas ao Senhor e intercede por
todos os homens.
Alguns pedidos não devem ser esquecidos pela comunidade:
As necessidades da Igreja
As autoridades públicas
A paz e a salvação do mundo inteiro
As necessidades da Comunidade Local
A introdução e o encerramento da Oração da Comunidade devem ser
feitas pelo sacerdote. Quando possível, devem ser feitos
espontaneamente. As preces podem ser feitas pelo comentarista, mas o
ideal é que sejam feitas pela equipe de Liturgia, ou ainda pelos
próprios fiéis. Cada prece deve terminar com expressões como: “Rezemos
ao Senhor”, entre outras, para que a comunidade possa responder com:
“Senhor, escutai a nossa prece” ou “Ouvi-nos, Senhor”
Quando o sacerdote conclui a Oração da
Comunidade, dizendo, por exemplo: “Atendei-nos, ó Deus, em vosso amor de
Pai, pois vos pedimos em nome de Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor
nosso”. a assembléia encerra com um: “Amém!”.
Rito Sacramental
Na liturgia eucarística atingimos o ponto alto da celebração. Durante
ela a Igreja irá tornar presente o sacrifício que Cristo fez para nossa
salvação. Não se trata de outro sacrifício, mas sim de trazer à nossa
realidade a salvação que Deus nos deu. Durante esta parte a Igreja eleva
ao Pai, por Cristo, sua oferta e Cristo dá-se como oferta por nós ao
Pai, trazendo-nos graças e bênçãos para nossas vidas.
É durante a liturgia eucarística que
podemos entender a missa como uma ceia, pois afinal de contas nela
podemos enxergar todos os elementos que compõem uma: temos a mesa – mais
propriamente a mesa da Palavra e a mesa do pão. Temos o pão e o vinho,
ou seja, o alimento sólido e líquido presentes em qualquer ceia. Tudo
conforme o espírito da ceia pascal judaica, em que Cristo instituiu a
eucaristia.
E de fato, a Eucaristia no início da
Igreja era celebrada em uma ceia fraterna. Porém foram ocorrendo alguns
abusos, como Paulo os sinaliza na Primeira Carta aos Coríntios. Aos
poucos foi sendo inserida a celebração da palavra de Deus antes da ceia
fraterna e da consagração. Já no século II a liturgia da Missa
apresentava o esquema que possui hoje em dia.
Após essa lembrança de que a Missa
também é uma ceia, podemos nos questionar sobre o sentido de uma ceia,
desde o cafezinho oferecido ao visitante até o mais requintado jantar
diplomático. Uma ceia significa, entre outros: festa, encontro, união,
amor, comunhão, comemoração, homenagem, amizade, presença,
confraternização, diálogo, ou seja, vida. Aplicando esses aspectos a
Missa, entenderemos o seu significado, principalmente quando vemos que é
o próprio Deus que se dá em alimento. Vemos que a Missa também é um
convívio no Senhor.
A liturgia eucarística divide-se em: apresentação das oferendas, oração eucarística e rito da comunhão.
1. Apresentação das Oferendas
Apesar de conhecida como ofertório, esta parte da Missa é apenas uma
apresentação dos dons que serão ofertados junto com o Cristo durante a
consagração. Devido ao fato de maioria das Missas essa parte ser cantada
não podemos ver o que acontece durante esse momento. Conhecendo esses
aspectos poderemos dar mais sentido à celebração.
Analisemos inicialmente os elementos do
ofertório: o pão o vinho e a água. O que significam? De fato foram os
elementos utilizados por Cristo na última ceia, mas eles possuem todo um
significado especial:
1) o pão e o vinho representam a vida do homem, o que ele é, uma vez que ninguém vive sem comer nem beber;
2) representam também o que o homem faz, pois ninguém vai à roça colher pão nem na fonte buscar vinho;
3) em Cristo o pão e o vinho adquirem um
novo significado, tornando-se o Corpo e o Sangue de Cristo. Como
podemos ver, o que o homem é, e o que o homem faz adquirem um novo
sentido em Jesus Cristo.
E a água? Durante a apresentação das
oferendas, o sacerdote mergulha algumas gotas de água no vinho. E o
porquê disso? Sabemos que no tempo de Jesus os judeus bebiam vinho
diluído em um pouco de água, e certamente Cristo também devia fazê-lo,
pois era verdadeiramente homem. Por outro lado, a água quando misturada
ao vinho adquire a cor e o sabor deste. Ora, as gotas de água
representam a humanidade que se transforma quando diluída em Cristo.
Os tempos da preparação das oferendas:
a) Preparação do altar
“Em primeiro lugar prepara-se o altar ou a mesa do Senhor, que é o
centro de toda liturgia eucarística, colocando-se nele o corporal, o
purificatório, o cálice e o missal, a não ser que se prepare na
credência”(IGMR 49).
b) Procissão das oferendas
Neste momento, trazem-se os dons em forma de procissão. Lembrando que
o pão e o vinho representam o que é o homem e o que ele faz, esta
procissão deve revestir-se do sentimento de doação, ao invés de ser
apenas uma entrega da água e do vinho ao sacerdote.
c) Apresentação das oferendas a Deus
O sacerdote apresenta a Deus as oferendas através da fórmula: Bendito
sejais… e o povo aclama: Bendito seja Deus para sempre! Este momento
passa despercebido da maioria das pessoas devido ao canto do ofertório. O
ideal seria que todo o povo participasse desse momento, sendo o canto
usado apenas durante a procissão e a coleta fosse feita sem as pessoas
saírem de seus locais. O canto não é proibido, mas deve procurar durar
exatamente o tempo da apresentação das oferendas, para que o sacerdote
não fique esperando para dar prosseguimento à celebração.
d) A coleta do ofertório
Já nas sinagogas hebraicas, após a celebração da Palavra de Deus, as
pessoas costumavam deixar alguma oferta para auxiliar as pessoas pobres.
E de fato, este momento do ofertório só tem sentido se reflete nossa
atitude interior de dispormos os nossos dons em favor do próximo. Aqui, o
que importa não é a quantidade, mas sim o nosso desejo de assim como
Cristo, nos darmos pelo próximo. Representa o nosso desejo de aos
poucos, deixarmos de celebrar a eucaristia para nos tornarmos
eucaristia.
e) O lavar as mãos
Após o sacerdote apresentar as oferendas ele lava suas mãos.
Antigamente, quando as pessoas traziam os elementos da celebração de
suas casas, este gesto tinha caráter utilitário, pois após pegar os
produtos do campo era necessário que lavasse as mãos. Hoje em dia este
gesto representa a atitude, por parte do sacerdote, de tornar-se puro
para celebrar dignamente a eucaristia.
f) O Orai Irmãos…
Agora o sacerdote convida toda assembléia a unir suas orações à ação de graças do sacerdote.
g) Oração sobre as Oferendas
Esta oração coleta os motivos da ação de graças e lança no que segue,
ou seja, a oração eucarística. Sempre muito rica, deve ser acompanhada
com muita atenção e confirmada com o nosso amém!
2. A Oração Eucarística
É na oração eucarística em que atingimos o ponto alto da celebração.
Nela, através de Cristo que se dá por nós, mergulhamos no mistério da
Santíssima Trindade, mistério da nossa salvação:
“A oração eucarística é o centro e ápice de toda celebração, é prece de
ação de graças e santificação. O sacerdote convida o povo a elevar os
corações ao Senhor na oração e na ação de graças e o associa à prece que
dirige a Deus Pai por Jesus Cristo em nome de toda comunidade. O
sentido desta oração é que toda a assembléia se una com Cristo na
proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício” (IGMR
54).
a) Prefácio
Após o diálogo introdutório, o prefácio possui a função de introduzir
a assembléia na grande ação de graças que se dá a partir deste ponto.
Existem inúmeros prefácios, abordando sobre os mais diversos temas: a
vida dos santos, Nossa Senhora, Páscoa etc.
b) O Santo
É a primeira grande aclamação da assembléia a Deus Pai em Jesus
Cristo. O correto é que seja sempre cantado, levando-se em conta a maior
fidelidade possível à letra da oração original.
c) A invocação do Espírito Santo
Através dele Cristo realizou sua ação quando presente na história e a
realiza nos tempos atuais. A Igreja nasce do espírito Santo, que
transforma o pão e o vinho. A Igreja tem sua força na Eucaristia.
d) A consagração
Deve ser toda acompanhada por nós. É reprovável o hábito de
permanecer-se de cabeça baixa durante esse momento. Reprovável ainda é
qualquer tipo de manifestação quando o sacerdote ergue a hóstia, pois
este é um momento sublime e de profunda adoração. Nesse momento o
mistério do amor do Pai é renovado em nós. Cristo dá-se por nós ao Pai
trazendo graças para nossos corações. Daí ser esse um momento de
profundo silêncio.
e) Preces e intercessões
Reconhecendo a ação de Cristo pelo Espírito Santo em nós, a Igreja
pede a graça de abrir-se a ela, tornando-se uma só unidade. Pede para
que o papa e seus auxiliares sejam capazes de levar o Espírito Santo a
todos. Pede pelos fiéis que já se foram e pede a graça de, a exemplo de
Nossa Senhora e dos santos, os fiéis possam chegar ao Reino para todos
preparados pelo Pai.
f) Doxologia Final
É uma espécie de resumo de toda a oração eucarística, em que o
sacerdote tendo o Corpo e Sangue de Cristo em suas mãos louva ao Pai e
toda assembléia responde com um grande “amém”, que confirma tudo aquilo
que ela viveu. O sacerdote a diz sozinho.
3. Rito da Comunhão
A oração eucarística representa a dimensão vertical da Missa, em que
nos unimos plenamente a Deus em Cristo. Após alcançarmos a comunhão com
Deus Pai, o desencadeamento natural dos fatos é o encontro com os
irmãos, uma vez que Cristo é único e é tudo em todos. Este é o momento
horizontal da Missa. Tem também esse momento o intuito de preparar-nos
ao banquete eucarístico.
a) O Pai-Nosso
É o desfecho natural da oração eucarística. Uma vez que unidos a
Cristo e por ele reconciliados com Deus, nada mais oportuno do que
dizer: Pai nosso… Esta oração deve ser rezada em grande exaltação, se
for cantada, deve seguir exatamente as palavras ditas por Cristo, quando
as ensinou aos discípulos. Após o Pai Nosso segue o seu embolismo, ou
seja, a continuação do último pensamento da oração. Segue aqui uma
observação: o único local em que não dizemos “amém” ao final do Pai
Nosso é na Missa, dada a continuidade da oração expressa no embolismo.
b) Oração pela paz
Uma vez reconciliados em Cristo, pedimos que a paz se estenda a todas
as pessoas, presentes ou não, para que possam viver em plenitude o
mistério de Cristo. Pede-se também a Paz para a Igreja, para que, desse
modo, possa continuar sua missão. Esta oração é rezada somente pelo
sacerdote.
c) O cumprimento da Paz
É um gesto simbólico, uma saudação pascal. Por ser um gesto
simbólico não há a necessidade em sair do local para cumprimentar a
todos na Igreja. Se todos tivessem em mente o simbolismo expresso nesse
momento não seria necessária a dispersão que o caracteriza na maioria
dos casos. Também não é permitido que se cante durante esse momento, uma
vez que deveria durar pouco tempo.
d) O Cordeiro de Deus
O sacerdote e a assembléia se preparam em silêncio para a comunhão.
Neste momento o padre mergulha um pedaço do pão no vinho, representando a
união de Cristo presente por inteiro nas duas espécies. A seguir todos
reconhecem sua pequenez diante de Cristo e como o Centurião exclamam:
Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma
só palavra e serei salvo. Cristo não nos dá apenas sua palavra, mas
dá-se por amor a cada um de nós.
e) A comunhão
Durante esse momento a assembléia dirige-se à mesa eucarística. O
canto deve procurar ser um canto de louvor moderado, salientando a
doação de Cristo por nós. A comunhão pode ser recebida nas mãos ou na
boca, tendo o cuidado de, no primeiro caso, a mão que recebe a hóstia
não ser a mesma que a leva a boca. Aqueles que por um motivo ou outro
não comungam, por não se encontrarem devidamente preparados (estado de
graça santificante) é importante que façam desse momento também um
momento de encontro com o Cristo, no que chamamos de Comunhão
Espiritual. Após a comunhão segue-se a ação de graças, que pode ser
feita em forma de um canto ou pelo silêncio, que dentro da liturgia
possui sua linguagem importantíssima. O que não pode é esse momento ser
esquecido ou utilizado para conversar com quem está ao nosso lado.
f) Oração após a comunhão
Infelizmente criou-se o mau costume em nossas assembléias de se fazer
essa oração após os avisos, como uma espécie de convite apressado para
se ir embora. Esta oração liga-se ainda a liturgia eucarística, e é o
seu fechamento, pedindo a Deus as graças necessárias para se viver no
dia-a-dia tudo que se manifestou perante a assembléia durante a
celebração.
Ritos Finais
“O rito de encerramento da Missa consta fundamentalmente de três
elementos: a saudação do sacerdote, a bênção, que em certos dias e
ocasiões é enriquecida e expressa pela oração sobre o povo, ou por outra
forma mais solene, e a própria despedida, em que se despede a
assembléia, afim de que todos voltem ás suas atividades louvando e
bendizendo o Senhor com suas boas obras” (IGMR 57).
a) Saudação
Para muitos, este momento é um alívio, está cumprido o preceito
dominical. Mas para outros, esta parte é o envio, é o início da
transformação do compromisso assumido na Missa em gestos e atitudes
concretas. Ouvimos a Palavra de Deus e a aceitamos em nossas vidas.
Revivemos a Páscoa de Cristo, assumindo também nós esta passagem da
morte para a vida e unimo-nos ao sacrifício de Cristo ao reconhecer
nossa vida como dom de Deus e orientando-a em sua direção.
b) AvisosSem demais delongas, este momento é o oportuno
para dar-se avisos à comunidade, bem como para as últimas orientações
do presidente da celebração.
c) Benção Final
Após, segue-se a bênção do sacerdote e a despedida. Para alguns
liturgistas, esse momento é um momento de envio, pois o sacerdote
abençoa os fiéis para que estes saiam pelo mundo louvando a Deus com
palavras e gestos, contribuindo assim para sua transformação. Vejamos o
porquê disso.
d) Despedida
Passando a despedida para o latim ela soa da seguinte forma: “Ite,
Missa est”. Traduzindo-se para o português, soa algo como “Ide, tendes
uma bênção e uma missão a cumprir”, pois em latim, missa significa
missão ou demissão, como também pode significar bênção. Nesse sentido,
eucaristia significa bênção, o que não deixa de ser uma realidade, já
que através da doação de seu Filho, Deus abençoa toda a humanidade. De
posse desta boa-graça dada pelo Pai, os cristãos são re-enviados ao
mundo para que se tornem eucaristia, fonte de bênçãos para o próximo.
Desse modo a Missa reassume todo seu significado.
Prof. Felipe Aquino
assessoria@cleofas.com.br
O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e
mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual
EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja
do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção
Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo
Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de
cinco filhos.
Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e
Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”.
Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e
no exterior.
Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e
Canção Nova.