Caros amigos das Equipes de Nossa Senhora.
Antes de me dirigir a vocês, desejo exprimir a minha profunda gratidão ao Senhor por este encontro e por esta celebração que Ele, na sua infinita bondade, me concede viver.
Foi graças a alguns dos Representantes de vocês, vindos à Nunciatura há algumas semanas para me convidar, que conheci o movimento de vocês, nascido da iniciativa de alguns casais que, acompanhados pelo Pe. Henri Caffarel, no longínquo 1939 decidiram se encontrar mensalmente para redescobrir, juntos, o sentido do matrimônio e as riquezas deste sacramento.
Vocês estão aqui, hoje, na conclusão do Encontro Internacional para agradecer ao Senhor pelos dons recebidos e dispostos a segui-Lo incondicionalmente, para colaborar, sob a proteção da Virgem Maria, na construção de Seu Reino de amor.
Que feliz coincidência que esta celebração se dá no dia em que a Igreja venera os Santos Joaquim e Ana, esposos hebreus exemplares que viveram o tempo crucial em que a humanidade, através do nascimento de Cristo, estava para receber a resposta esperada durante todo o Antigo Testamento. Eles foram escolhidos por Deus para gerar Maria que, por sua vez, geraria o Filho de Deus.
Os versículos que precedem a parábola de Jesus no evangelho de hoje, falam de um doutor da lei que “se levantou para pôr Jesus à prova: Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?”(Lc 10,25). É evidente que o pedido do doutor da lei era somente uma desculpa para poder entabular uma conversa com o Senhor, mas, sobretudo um convite para que Ele se pronunciasse por uma ou outra escola de pensamento daquela época.
Jesus intui as intenções do seu interlocutor e, com habilidade, mas sem humilhá-lo, salta todas as questões teóricas e o convida a olhar ao seu redor para encontrar no necessitado, qualquer um que ele seja e em qualquer lugar que se encontre, uma pessoa a ser amada e ajudada.
Naquela época, os doutores da lei estavam preocupados unicamente em delimitar o campo do “dever” e de preservar-se de todo risco de “inobservância da lei”.
Ao contar a parábola do “Bom Samaritano”, o Senhor, como frequentemente acontecia, perturba o pensamento do seu interlocutor, redimensiona as suas pretensões e as orienta em outra direção, para um mundo novo, levando-o a admitir uma coisa inadmissível: o samaritano, aquele que era considerado herético, maldito, diferente, é bom.
Na realidade, na parábola do samaritano, Jesus parece mais profundamente revelar não imediatamente a verdade do homem, mas a própria verdade de Filho de Deus.
O seu modo de proceder não tem nenhum fundamento lógico fora do fato bem concreto e preciso: Deus amou o mundo, até doar o seu próprio Filho.
Portanto, somente no amor que Deus nos mostrou se encontra o porquê do comportamento exigido ao discípulo fiel. É Deus, de fato, o bom samaritano: é Ele que desceu e nos recolheu na estrada onde estávamos para morrer. Ele se inclinou sobre a humanidade para recolhê-la e erguê-la, como uma ovelha perdida, como um filho pródigo. Somente Deus o fez: doando-nos o Seu Filho.
Este Evangelho do Deus de Jesus, o Deus-próximo, completa a palavra da lei antiga: próxima, muito próxima está a palavra do mandamento de Deus, porque ela vem a nós no gesto de Deus que se faz próximo a nós, que nos reanima tendo nos encontrado meio mortos pelo egoísmo e nos doa, em Jesus crucificado e ressuscitado, um coração novo, com a lei escrita pelo Espírito sobre ele.
Somente quando teremos nos deixado envolver até nossa verdade mais profunda neste encontro aventuroso com o rosto do estrangeiro, do gratuito, que se revela como amor, somente então se tornará compreensível e verdadeiro para nós o mandamento “vai e faze também tu o mesmo”. E o ir não será uma nova obra da lei, mas será amor no sentido cristão, isto é, amor-gratidão, amor-anúncio, amor como daquele endemoniado liberto por Jesus, que o ouviu dizer: “Vai para a tua casa e conta a todos aquilo que Deus fez por ti” (Lc 8,39), uma vez que quem conheceu o Deus-próximo, reconheça um irmão em cada homem.
Esta mensagem, confiada há mais de dois mil anos à Igreja nascente, o Senhor a confia também a vocês hoje, meus caros amigos: “Vão e façam vocês também a mesma coisa”.
Saibam sempre testemunhar com coragem aquele amor que o Senhor tem para nós e que o levou a sacrificar a Sua vida por nós.
Recordo-lhes aqui as palavras de São João da Cruz: “Onde não há amor, coloquem amor e encontrarão amor”.
Saibam também vocês, como pedia o Santo Padre Bento XVI às famílias reunidas em Milão no dia 3 de junho passado, “construir comunidades eclesiais que sejam sempre mais famílias capazes de evangelizar não somente com as palavras, mas com a irradiação, com a força do amor divino” a vida de uma comunidade destinada a ser célula da sociedade (Homilia do Santo Padre na Missa para o VII Encontro Internacional das Famílias, Milão, 3.6.12).
Caros amigos, recebam com gratidão a graça que o Senhor lhes dá hoje nesta Eucaristia, tendo sempre como modelo a Família de Nazaré que, como as de vocês, experimentou dificuldades e alegrias, mas sempre ficou fiel à vontade de Deus. Possa o Senhor conceder que as famílias de vocês sejam sempre mais “igrejas domésticas”, capazes de construir uma sociedade sempre mais fundada sobre o amor e da qual, como dizia o Bem-aventurado João Paulo II “se irradia sobre a sociedade um fluxo de amor benéfico e regenerador” (Bem-aventurado João Paulo II, Jubileu das Famílias, 15.10.2000).
Estamos bem conscientes do momento de grandes dificuldades que atravessa hoje a família, num mundo que parece sempre mais materialista e menos orientado para o espiritual, às vezes na ausência de uma ordem moral que implica verdade e justiça. Impelida sempre mais por variadas formas de convivência, inflamada por uma cultura da morte mais que da vida, na ausência de valores humanos e espirituais, a família de hoje parece se desagregar sempre mais, faltando assim com a sua missão de ser “célula da sociedade”.
Diante deste cenário, cabe a vocês, famílias cristãs, levar ao mundo o exemplo da família de Nazaré, para que ele seja conhecido diante desta, amado e imitado, para que cada nova família, segundo o plano de Deus e ensinamento da Igreja, seja a célula primária e vital da sociedade, a primeira escola das virtudes sociais, bem como o próprio fundamento da sociedade.
Para ter sucesso na sua nobre missão, tenham sempre Cristo no centro de suas vidas e, como recordava às famílias o papa Bento XVI: “privilegiem sempre a lógica do ser mais que aquela do ter”, educando-se quotidianamente a crer no amor autêntico, aquele que vem de Deus e que nos une a Ele e que “nos transforma em um Nós que supera as nossas divisões e faz nos tornar uma só coisa, até que, no final, Deus seja ‘tudo em todos” (1Cor 15,28)” ( Enc. Deus Caritas est, 18).
Ao louvar a Deus pelos frutos dados pelo movimento de vocês no mundo inteiro, ao agradecer-lhes pelo empenho constante de vocês ao testemunhar a grandeza e a bondade do amor humano, do matrimônio e da família, ao exprimir reconhecimento aos seus conselheiros espirituais, desejo assegurar-lhes a minha lembrança constante na oração, e de coração imploro à Virgem Maria lhes acompanhar na importante missão de vocês.
Que Deus lhes abençoe.
+ Giovanni d’Aniello
Núncio Apostólico
Antes de me dirigir a vocês, desejo exprimir a minha profunda gratidão ao Senhor por este encontro e por esta celebração que Ele, na sua infinita bondade, me concede viver.
Foi graças a alguns dos Representantes de vocês, vindos à Nunciatura há algumas semanas para me convidar, que conheci o movimento de vocês, nascido da iniciativa de alguns casais que, acompanhados pelo Pe. Henri Caffarel, no longínquo 1939 decidiram se encontrar mensalmente para redescobrir, juntos, o sentido do matrimônio e as riquezas deste sacramento.
Vocês estão aqui, hoje, na conclusão do Encontro Internacional para agradecer ao Senhor pelos dons recebidos e dispostos a segui-Lo incondicionalmente, para colaborar, sob a proteção da Virgem Maria, na construção de Seu Reino de amor.
Que feliz coincidência que esta celebração se dá no dia em que a Igreja venera os Santos Joaquim e Ana, esposos hebreus exemplares que viveram o tempo crucial em que a humanidade, através do nascimento de Cristo, estava para receber a resposta esperada durante todo o Antigo Testamento. Eles foram escolhidos por Deus para gerar Maria que, por sua vez, geraria o Filho de Deus.
Os versículos que precedem a parábola de Jesus no evangelho de hoje, falam de um doutor da lei que “se levantou para pôr Jesus à prova: Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?”(Lc 10,25). É evidente que o pedido do doutor da lei era somente uma desculpa para poder entabular uma conversa com o Senhor, mas, sobretudo um convite para que Ele se pronunciasse por uma ou outra escola de pensamento daquela época.
Jesus intui as intenções do seu interlocutor e, com habilidade, mas sem humilhá-lo, salta todas as questões teóricas e o convida a olhar ao seu redor para encontrar no necessitado, qualquer um que ele seja e em qualquer lugar que se encontre, uma pessoa a ser amada e ajudada.
Naquela época, os doutores da lei estavam preocupados unicamente em delimitar o campo do “dever” e de preservar-se de todo risco de “inobservância da lei”.
Ao contar a parábola do “Bom Samaritano”, o Senhor, como frequentemente acontecia, perturba o pensamento do seu interlocutor, redimensiona as suas pretensões e as orienta em outra direção, para um mundo novo, levando-o a admitir uma coisa inadmissível: o samaritano, aquele que era considerado herético, maldito, diferente, é bom.
Na realidade, na parábola do samaritano, Jesus parece mais profundamente revelar não imediatamente a verdade do homem, mas a própria verdade de Filho de Deus.
O seu modo de proceder não tem nenhum fundamento lógico fora do fato bem concreto e preciso: Deus amou o mundo, até doar o seu próprio Filho.
Portanto, somente no amor que Deus nos mostrou se encontra o porquê do comportamento exigido ao discípulo fiel. É Deus, de fato, o bom samaritano: é Ele que desceu e nos recolheu na estrada onde estávamos para morrer. Ele se inclinou sobre a humanidade para recolhê-la e erguê-la, como uma ovelha perdida, como um filho pródigo. Somente Deus o fez: doando-nos o Seu Filho.
Este Evangelho do Deus de Jesus, o Deus-próximo, completa a palavra da lei antiga: próxima, muito próxima está a palavra do mandamento de Deus, porque ela vem a nós no gesto de Deus que se faz próximo a nós, que nos reanima tendo nos encontrado meio mortos pelo egoísmo e nos doa, em Jesus crucificado e ressuscitado, um coração novo, com a lei escrita pelo Espírito sobre ele.
Somente quando teremos nos deixado envolver até nossa verdade mais profunda neste encontro aventuroso com o rosto do estrangeiro, do gratuito, que se revela como amor, somente então se tornará compreensível e verdadeiro para nós o mandamento “vai e faze também tu o mesmo”. E o ir não será uma nova obra da lei, mas será amor no sentido cristão, isto é, amor-gratidão, amor-anúncio, amor como daquele endemoniado liberto por Jesus, que o ouviu dizer: “Vai para a tua casa e conta a todos aquilo que Deus fez por ti” (Lc 8,39), uma vez que quem conheceu o Deus-próximo, reconheça um irmão em cada homem.
Esta mensagem, confiada há mais de dois mil anos à Igreja nascente, o Senhor a confia também a vocês hoje, meus caros amigos: “Vão e façam vocês também a mesma coisa”.
Saibam sempre testemunhar com coragem aquele amor que o Senhor tem para nós e que o levou a sacrificar a Sua vida por nós.
Recordo-lhes aqui as palavras de São João da Cruz: “Onde não há amor, coloquem amor e encontrarão amor”.
Saibam também vocês, como pedia o Santo Padre Bento XVI às famílias reunidas em Milão no dia 3 de junho passado, “construir comunidades eclesiais que sejam sempre mais famílias capazes de evangelizar não somente com as palavras, mas com a irradiação, com a força do amor divino” a vida de uma comunidade destinada a ser célula da sociedade (Homilia do Santo Padre na Missa para o VII Encontro Internacional das Famílias, Milão, 3.6.12).
Caros amigos, recebam com gratidão a graça que o Senhor lhes dá hoje nesta Eucaristia, tendo sempre como modelo a Família de Nazaré que, como as de vocês, experimentou dificuldades e alegrias, mas sempre ficou fiel à vontade de Deus. Possa o Senhor conceder que as famílias de vocês sejam sempre mais “igrejas domésticas”, capazes de construir uma sociedade sempre mais fundada sobre o amor e da qual, como dizia o Bem-aventurado João Paulo II “se irradia sobre a sociedade um fluxo de amor benéfico e regenerador” (Bem-aventurado João Paulo II, Jubileu das Famílias, 15.10.2000).
Estamos bem conscientes do momento de grandes dificuldades que atravessa hoje a família, num mundo que parece sempre mais materialista e menos orientado para o espiritual, às vezes na ausência de uma ordem moral que implica verdade e justiça. Impelida sempre mais por variadas formas de convivência, inflamada por uma cultura da morte mais que da vida, na ausência de valores humanos e espirituais, a família de hoje parece se desagregar sempre mais, faltando assim com a sua missão de ser “célula da sociedade”.
Diante deste cenário, cabe a vocês, famílias cristãs, levar ao mundo o exemplo da família de Nazaré, para que ele seja conhecido diante desta, amado e imitado, para que cada nova família, segundo o plano de Deus e ensinamento da Igreja, seja a célula primária e vital da sociedade, a primeira escola das virtudes sociais, bem como o próprio fundamento da sociedade.
Para ter sucesso na sua nobre missão, tenham sempre Cristo no centro de suas vidas e, como recordava às famílias o papa Bento XVI: “privilegiem sempre a lógica do ser mais que aquela do ter”, educando-se quotidianamente a crer no amor autêntico, aquele que vem de Deus e que nos une a Ele e que “nos transforma em um Nós que supera as nossas divisões e faz nos tornar uma só coisa, até que, no final, Deus seja ‘tudo em todos” (1Cor 15,28)” ( Enc. Deus Caritas est, 18).
Ao louvar a Deus pelos frutos dados pelo movimento de vocês no mundo inteiro, ao agradecer-lhes pelo empenho constante de vocês ao testemunhar a grandeza e a bondade do amor humano, do matrimônio e da família, ao exprimir reconhecimento aos seus conselheiros espirituais, desejo assegurar-lhes a minha lembrança constante na oração, e de coração imploro à Virgem Maria lhes acompanhar na importante missão de vocês.
Que Deus lhes abençoe.
+ Giovanni d’Aniello
Núncio Apostólico
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