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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

FAZEM DO EVANGELHO A NORMA DE SUA FAMÍLIA



(Alguém me fala, Jesus Cristo me fala.)

Não há dúvida de que a frequência com que estudamos a Palavra de Deus influi profundamente na vida pessoal e do lar, mas sempre que sejam colocados em prática os requisitos necessários, e em primeiro lugar o sentido do mistério do Evangelho.
O que dá valor e proporciona importância ao livro dos Evangelhos, não é apenas o fato de ser um compêndio dos feitos e palavras de Jesus Cristo Nosso Senhor, mas o de ser “a própria boca de Jesus Cristo”, como diz Santo Agostinho com uma frase contundente.
Com efeito, cairiam em erro os que vissem no Evangelho umas palavras antigas, cuidadosamente conservadas, a palavra do Homem mais importante que tenha vivido neste mundo. O Evangelho é a voz, viva e permanente, de um Ser Vivo, do infinito Ser Vivo, presente hoje entre nós de acordo com sua promessa. “Estarei convosco até a consumação dos séculos”.
Esta palavra é dirigida, sem dúvida, a toda a Igreja, mas dirige-se também a cada um de nós. Quando, ao abrir o Evangelho, eu penso que alguém me fala, eu estou tendo razão. É muito diferente ler artigos jornalísticos, dirigidos a todos em geral e a ninguém em particular; e ler uma carta dirigida a mim pessoalmente. Pois bem, o Evangelho é esta carta que Deus me dirige.
Alguém me fala, Jesus Cristo me fala. Isto já é bastante assombroso, mas de que palavra se trata? Porque existem palavras e palavras. Existe a palavra oficial, que manda, Seu objetivo é fazer atuar. Existe a palavra do professor que ensina. Ela tenta comunicar um conhecimento. Existe também algo melhor, a palavra do jovem que confessa à moça: “Te amo”. Esta palavra toca profundamente um ser mais que uma ordem, mais que um ensinamento. Ela decide um destino.
Jesus Cristo fala através do Evangelho e ensina, logicamente, o que se deve Crer e ordena o que se deve fazer, mas antes me faz essa confidência desconcertante: “Te amo, e te amo até o ponto de dar a minha vida por ti.” A fé com que respondo a sua confidência é preferível a simples adesão de minha inteligência aos seus ensinamentos, é melhor que a obediência a seus preceitos. É um impulso de todo meu ser para me entregar a Ele sem reservas.
Mas ainda existe algo mais belo  e mais misterioso, A palavra de Cristo é Evangelho. Não é apenas ensinamento, preceito, confissão de amor, mas um ato. Ele atua. Esta voz que ouço quando escuto o Evangelho, é a mesma que amainava a tempestade desencadeada, a que curava a lepra, a mesma que ressuscitava os mortos, perdoava os pecados e tornava filhos de Deus (1 Pe, 1, 23-25).
Pois bem, ela não perdeu nem o poder nem a atualidade. Isto é bem compreendido pelos orientais, os quais, quando o sacerdote lê o Evangelho, se precipitam para o Livro, como antigamente as multidões acudiam a Cristo.
Compreendem agora, que é possível comparar o Evangelho com a Eucaristia? Que se chame sacramento no sentido antigo da palavra? Que Santo Agostinho pudesse escrever: “Por seu Evangelho, Jesus Cristo está realmente entre nós?” Além disso, é o próprio Jesus Cristo quem nos convida a comparar o Evangelho com a Eucaristia. Escutem estas duas frases quase idênticas; uma é referente à Eucaristia: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, terá vida eterna” (Jo. 6, 54). A outra se refere a sua Palavra: “Se alguém guardar a minha Palavra, não verá morte jamais” (Jo, 8, 51).
Por que será, pois, que os melhores cristãos, aqueles que se apressam em receber a Eucaristia, mostram tanto descuido em escutar e guardar a Palavra de Cristo, e estão tão pouco santificados por sua Poderosa Palavra?

Texto de Padre Caffarel, do livro CENTELHAS DE SUA MENSAGEM.
ENS, SUPER-REGIÃO BRASIL.
Tema de Estudo – fevereiro de 2013.

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