Porém
o termo “hóstia” tem sua origem no vocábulo latino “hostia”, que vem a
significar oblação, vítima. E reconhecendo no dom eucarístico do Pão Consagrado
a presença real e transubstancial do Cordeiro Imolado (cf. Apo 5, 6-14) , a
vítima perfeita que livremente ofertou-se ao Pai em favor da humanidade (cf.
Heb 10, 10-14), é que esse termo latino passou a ser empregado ao pão ázimo que
é consagrado e distribuído aos fiéis, na liturgia latina. Por extensão, a mesma
palavra acabou sendo utilizada de modo mais genérico a todo pão ázimo para uso
litúrgico.
Sendo
“hóstia” sinônimo de oblação e vítima, neste último caso em referência a
“vítima pascal” - cujo cordeiro da Antiga Aliança era uma prefiguração do
“Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29), o uso dessa
terminologia evidencia a relação da Eucaristia (a Ação de Graças por
excelência) com a paixão, morte e ressurreição de Cristo. A instituição do
Sacramento da Eucaristia não pode ser isolada de seu contexto fundante, a
“Paixão de Cristo”, ou seja, o “Amor do Esposo”, amor este que o leva a se
entregar em radical “kenosis” (esvaziar-se , entrega) por toda a humanidade, e
o faz aceitar o sofrimento, a cruz e a morte. Cristo como um Novo Adão
“adormecido” no leito da cruz, tem de seu costado retirado “sangue e água”, em
cujo simbolismo os santos padres (na linha da teologia joanina, cf. I Jo 5,
6-8) viram como sinais da Eucaristia e do Batismo, sacramentos comuns a todos
os que são inseridos na Igreja. Deste modo, todos os que receberam o Batismo e
comungam da Eucaristia, tem suas vidas renascidas em Cristo, mediante a
inserção destes na Igreja, que é a Esposa (Apo 21, 2.9.17). Por fim, ao
terceiro dia, o Cordeiro que fora imolado, ressuscita, para então completar
esse “Mistério da Fé” que nos é garantia de vida eterna (cf. Jo 6, 51).
O
uso da expressão “hóstia” (vítima) não está relacionado tão somente ao aspecto
sacrifical da Eucaristia, pois essa “Vítima Pascal”, passando pela Ação de
Graças da Quinta-feira Santa (a Paixão), foi livremente ao encontro da cruz e
da morte, passou pela sepultura, para dentre os mortos recobrar a vida,
findando tal “passagem” (Páscoa). Se Cristo pode ressuscitar é porque
anteriormente havia morrido, assim todos esses elementos se inter-relacionam,
se complementam. O Cordeiro Imolado está miraculosamente vivo, ele ostenta as
chagas como sinal de sua vitória sobre a morte (cf. Apo 5, 6-14).
A
graça de Deus vai progressivamente, pela ação do Espírito Santo, plasmando a
imagem de Cristo em cada batizado, isto por meio da Igreja, que como Esposa do
Cordeiro, gera, nutre e educa a todos os que nasceram pelo Batismo. Assim de
certo modo, os elementos terrenos da vida de Jesus – todos redentores, são
misticamente configurados em cada um de seus discípulos. Vamos encontrar em
vários cristãos que, de certo modo puderam participar dessa oblação existencial
de Cristo, a eles a Igreja assiste com o Sacramento da Unção dos Enfermos. E
mesmo os que não passaram pela cruz da enfermidade, são chamados pelo Apóstolo
a se configurarem mais intimamente a Cristo, ao se oferecerem livremente “como
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, este será o vosso culto espiritual”
(Rm 12, 1).
Fonte:
Nenhum comentário:
Postar um comentário