O mês de junho é um
tempo de muitas comemorações e acontecimentos. Na Igreja os santos juninos,
Coração de Jesus e de Maria, e na sociedade o grande evento da Conferência da
ONU sobre a sustentabilidade do planeta.
Já comemoramos Santo
Antônio, tão querido de todo o povo brasileiro. Dia 24, a natividade de São
João, o Batista, cai num domingo, e sua festa prevalece. Da mesma maneira, no
domingo seguinte, iremos celebrar São Pedro e São Paulo, solenidade transferida
do dia 29. As festas que envolvem este mês são chamadas festas juninas ou
joaninas em homenagem principalmente a São João. Suas origens estão nos países
católicos europeus do século IV. No Brasil, logo que começaram, adaptaram-se às
culturas afro e indígenas.
Os símbolos populares
e paralitúrgicos das festas juninas estão ligados, também, a São João: a
fogueira, os mastros, os fogos, a capelinha, a palha e o manjericão. Estas e
outras histórias compõem o alegre cenário das festas juninas em louvor a São
João, e fazem parte da cultura popular de nosso povo, devoto dos santos e
cheios de alegria por festejá-los. Porém, ao lado dos festejos populares,
devemos conhecer a vida e o exemplo de São João Batista.
Ele, segundo nos
relata o Evangelho de Lucas, era filho de Zacarias, um sacerdote do templo, e
de Isabel, mulher estéril e de idade avançada. É o precursor de Jesus, e
preparou-lhe os caminhos pregando a conversão e o arrependimento dos pecados.
Batizou muitos com o batismo da penitência e, quando Jesus foi batizado,
manifestou-se a Trindade e a Sua missão.
João se vestia com
pele de animais e se alimentava de gafanhotos, sempre pregando sobre o
arrependimento sincero e a conversão do coração. Ele pregava para endireitar os
caminhos do Senhor, aplainando suas veredas. Gostava de pregar sobre a Palavra
de Deus e a vinda do Messias, até que, ao encontrar-se com Jesus, aponta-O como
"o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo", enfatizando que não
lhe é digno sequer de desamarrar as sandálias de seus pés e ensinando que ele,
João, batizava com água, mas aquele que viria depois dele, referindo-se ao
Messias, Ele sim os batizaria no Espírito Santo e no fogo.
O discurso de João e
a sua pregação sobre a vinda do Messias eram muito atraentes, porque esta era a
esperança de todo o povo: o Messias que viria para restaurar Israel. Sua morte
está ligada a uma decisão injusta devido à sua denúncia diante da situação de
infidelidade do Rei Herodes, como conhecemos.
João Batista é a
"voz que grita no deserto" pedindo que sejam preparados e aplainados
os caminhos do Senhor. Essa vinda deveria ser preparada pela penitência. João
se preparou para a missão de precursor do Cristo no deserto, mais uma vez por
meio da oração e da penitência. Embora muitas vezes fosse considerado como o
Messias, ele logo situa as pessoas negando esse fato, apontando que não era
digno sequer de desamarrar suas sandálias. Apontava a seus discípulos o caminho
a seguir: Eis o Cordeiro de Deus! Quem com Ele caminha só pode chegar ao
verdadeiro caminho, que é Cristo. A quem ele amou, seguiu e anunciou com total
afinco e disponibilidade. Mais uma vez é Deus mesmo realizando proezas na vida
de seus santos. Que nossa vida seja imitação perfeita destes homens e mulheres
do passado que, como João Batista, prepararam e caminharam nas veredas do
Senhor.
João Batista sempre
foi categórico ao afirmar "Eu não sou o Messias" (Jo 1, 20). Ao
contrário, João foi a primeira "testemunha" de Jesus, tendo recebido
a indicação do Céu: "Aquele sobre Quem vires o Espírito descer e
permanecer é que batiza no Espírito Santo" (Jo 1, 33). Isto acontece
precisamente quando Jesus, tendo recebido o batismo, saiu da água: João viu
descer sobre Ele o Espírito como uma pomba. Foi então que "conheceu"
a plena realidade de Jesus de Nazaré, e começou a dá-lo a "conhecer a Israel"
(Jo 1, 31), indicando-O como Filho de Deus e redentor do homem: "Eis o
cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1, 29).
A Solenidade da
Natividade de São João Batista nos ensina precisamente isso: anunciar ao mundo
Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Levemos a sério a
chamada universal de conversão pregada por João Batista e sejamos
discípulos-missionários de Jesus Cristo, o Redentor!
Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
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