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domingo, 24 de julho de 2011

O PELO DO LEÃO - Série de textos auxiliares


Numa aldeia nas montanhas da Etiópia, um rapaz e uma moça se apaixonaram e se casaram. Por algum tempo foram perfeitamente felizes, mas então os problemas chegaram à casa deles.
Começaram a ver os erros um do outro nas pequenas coisas — ele a acusava de gastar muito no mercado, ela o acusava de estar sempre atrasado. Não se passava um dia sem uma discussão sobre dinheiro, sobre trabalho doméstico, sobre amigos e parentes. Às vezes ficavam tão bravos que gritavam, berravam impropérios e iam para a cama sem se falar, o que só piorava as coisas.
Depois de alguns meses eles acharam que não aguentavam mais aquilo e procuraram um juiz velho e sábio para lhes pedir o divórcio.
– Por quê? — perguntou ele. — Há menos de um ano que se casaram. Não se amam mais?
– Sim, nós nos amamos, mas as coisas não vão nada bem.
– Como assim, não vão nada bem?
– Ah, brigamos muito, ele faz coisas que me irritam. Deixa roupas espalhadas pela casa toda; corta as unhas do pé na sala e deixa pelo chão; chega tarde em casa. Sempre que eu quero fazer alguma coisa, ele quer fazer outra. Não podemos viver juntos, porque ele também encontra muitos defeitos em mim.
Entendo — disse o velho juiz. — Talvez eu possa ajudar. Conheço um remédio mágico que vai fazer vocês se darem muito melhor. Se eu lhes der esse remédio, vão parar de pensar em divórcio?
– Claro! Gritaram eles. — Qual é o remédio? Dê-nos!
– Calma — disse o juiz. — Para fazer o remédio preciso de um fio da cauda de um grande leão que vive perto do rio. Tem que trazer esse fio para mim.
– Mas como iremos conseguir isso? exclamaram. O leão vai nos matar.
– Nisso não posso ajudar — disse o velho, abanando a cabeça. — Entendo muito de remédios, mas não entendo nada de leões. Vocês descobrirão como. Vão tentar?
Após refletirem longamente, pois se amavam e o remédio ia salvar seu casamento, resolveram buscar o pelo do leão.
Na manhã seguinte, foram ao rio e se esconderam. Pouco tempo depois, o leão veio beber água. Quando viram o animal, tremeram de medo.
O leão abriu a boca, mostrando os dentes afiados e eles quase desmaiaram. Então o leão deu um rugido e eles saíram correndo para a casa.
Mas na manhã seguinte voltaram ao rio, trazendo um saco de carne fresca.
Deixaram a carne na margem, a duzentos metros do leão e ficaram atrás da pedra enquanto ele comia.
Nos dias seguintes, foram chegando mais perto, até que nem mais se escondiam enquanto ele comia a carne que traziam.
Assim a cada dia chegavam mais perto do leão até que chegaram tão perto que puderam atirar a carne na boca dele.
No outro dia o leão veio comer em suas mãos e apesar do medo o amor era mais forte e enquanto um dava a carne o outro, lentamente, abaixou-se e arrancou um fio do pelo da cauda da fera.
Voltaram correndo ao juiz.
– Olhe! — gritaram: — Trouxemos um pelo do leão.
O velho pegou o fio e examinou atentamente.
– Foi muita coragem suas, disse ele. — E precisou de muita paciência, não?
– Ah, sim — disse ela. — Agora nos dê o remédio para salvar o nosso casamento.
O velho juiz abanou a cabeça.
– Não tenho mais nada a lhes dar.
– Mas o senhor prometeu! — ex¬clamaram.
– Então não vê? — perguntou ele com carinho. — Já têm o remédio de que precisam.
Estavam decididos a fazer o que fosse preciso, por mais que demorasse, para ter o remédio mágico para seus problemas. Mas mágica não existe. Só existe suas determinações. Vocês se amam. Se os dois tiverem a paciência, a determinação e a coragem que demonstraram para trazer esse pelo do leão serão muito felizes. Pensem nisso.
E ambos voltaram para casa, com novas resoluções.

E nós equipistas, que temos os PCE’s — Pontos Concretos de Esforço, especialmente, o Dever de Sentar-se e a Regra de Vida — para fortalecerem nossas relações espirituais e familiares, será que por vezes, não chegamos a necessitar do pelo do leão para nos entendermos?

Fonte: Revista Caminho
Equipe de Nossa Senhora
Setores A e B - Bauru/SP


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