O Professor Felipe Aquino responde:
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Porfessor Felipe Aquino - Editora Cleofas
segunda-feira, 25 de março de 2013
O MEU FILHO NÃO QUER IR A MISSA. O QUE FAZER?
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EQUIPE 12 - NOSSA SENHORA DO CARMO (Setor Lagos - Região Rio IV - Província Leste - Super Região Brasil)
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HOMILIA DO PAPA FRANCISCO NA MISSA DE DOMINGO DE RAMOS
domingo, 24 de março de 2013, 10h29
HOMILIA
Celebração do Domingo de Ramos
Praça São Pedro - Vaticano
Domingo, 24 de março de 2013
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal/Rádio Vaticano
1. Jesus entra em Jerusalém. A multidão
dos discípulos acompanha-O em festa, os mantos são estendidos diante
d’Ele, fala-se dos prodígios que realizou, ergue-se um grito de louvor:
“Bendito seja aquele que vem, o rei, em nome do Senhor! Paz no céu e
glória no mais alto dos céus!” (Lc 19, 38).
Multidão, festa, louvor, bênção, paz:
respira-se um clima de alegria. Jesus despertou tantas esperanças no
coração, especialmente das pessoas humildes, simples, pobres,
abandonadas, pessoas que não contam aos olhos do mundo. Ele soube
compreender as misérias humanas, mostrou o rosto misericordioso de Deus,
inclinou-Se para curar o corpo e a alma.
Este é Jesus. Este é o seu coração que
olha para todos nós, que olha as nossas doenças, os nossos pecados. É
grande o amor de Jesus. E assim entra em Jerusalém com este amor, e olha
para todos nós. É uma cena bela: cheia de luz – a luz do amor de Jesus,
aquele do seu coração – de alegria, de festa.
No início da Missa, também nós o
repetimos. Agitamos os nossos ramos de palmeira e de oliveira. Também
nós acolhemos Jesus; também nós expressamos a alegria de acompanhá-Lo,
de senti-Lo perto de nós, presente em nós e em meio a nós, como um
amigo, como um irmão, também como rei, isto é, como farol luminoso da
nossa vida. Jesus é Deus, mas se abaixou para caminhar conosco. É o
nosso amigo, o nosso irmão. Quem nos ilumina no caminho. E assim O
acolhemos. E esta é a primeira palavra que gostaria de dizer a vocês:
alegria! Nunca sejam homens e mulheres tristes: um cristão não pode
nunca sê-lo! Não vos deixeis invadir pelo desânimo! A nossa não é uma
alegria que nasce do fato de possuirmos muitas coisas, mas de termos
encontrado uma Pessoa: Jesus, que está em meio a nós; nasce do saber que
com Ele nunca estamos sozinhos, mesmo nos momentos difíceis, mesmo
quando o caminho da vida é confrontado com problemas e obstáculos que
parecem insuperáveis, e há tantos! E neste momento vem o inimigo, vem o
diabo, disfarçado como anjo muitas vezes, e insidiosamente nos diz a sua
palavra. Não o escuteis! Sigamos Jesus! Nós acompanhamos, seguimos
Jesus, mas, sobretudo, sabemos que Ele nos acompanha e nos carrega aos
seus ombros: aqui está a nossa alegria, a esperança que devemos levar a
este nosso mundo. E, por favor, não deixem roubar a esperança! Não
deixem roubar a esperança! Aquela que Jesus nos dá.
2. Mas nos perguntamos: Segunda palavra.
Por que Jesus entra em Jerusalém, ou talvez melhor: como entra Jesus em
Jerusalém? A multidão aclama-O como Rei. E Ele não Se opõe, não a manda
calar (cf. Lc 19, 39-40). Mas, que tipo de Rei é Jesus? Vejamo-Lo:
monta um jumentinho, não tem uma corte que o segue, não está rodeado de
um exército símbolo de força. Quem O acolhe são pessoas humildes,
simples, que têm o sentido de ver em Jesus algo mais; tem aquele sentido
da fé, que diz: Este é o Salvador. Jesus não entra na Cidade Santa para
receber as honras reservadas aos reis terrenos, a quem tem poder, a
quem domina; entra para ser flagelado, insultado e ultrajado, como
preanuncia Isaías na Primeira Leitura (cf. Is 50, 6); entra para receber
uma coroa de espinhos, uma vara, um manto de púrpura, a sua realeza
será objeto de escárnio; entra para subir ao Calvário carregado em uma
madeira. E aqui temos a segunda palavra: Cruz. Jesus entra em Jerusalém
para morrer na Cruz. E é precisamente aqui que brilha o seu ser Rei
segundo Deus: o seu trono real é o madeiro da Cruz! Penso naquilo que
Bento XVI dizia aos Cardeais: vós sois príncipes, mas de um Rei
crucificado. Aquele é o trono de Jesus. Jesus toma sobre si… Por que a
Cruz? Porque Jesus toma sobre si o mal, a sujeira, o pecado do mundo,
também o nosso pecado, de todos nós, e o lava, o lava com o seu sangue,
com a misericórdia, com o amor de Deus. Olhemos ao nosso redor: quantas
feridas o mal inflige à humanidade! Guerras, violência, conflitos
econômicos que afetam quem é mais vulnerável, sede de dinheiro, que
depois ninguém pode levar consigo, deve deixá-lo. Minha avó dizia a nós
crianças: a mortalha não tem bolsos. Amor ao dinheiro, poder, corrupção,
divisões, crimes contra a vida humana e contra a criação! E também –
cada um de nós o sabe e o conhece – e os nossos pecados pessoais: a
falta de amor e de respeito com Deus, para com o próximo e para com toda
a criação. Na cruz, Jesus sente todo o peso do mal e, com a força do
amor de Deus, vence-o, derrota-o na sua ressurreição. Este é o bem que
Jesus faz a todos nós no trono da Cruz. A cruz de Cristo abraçada com
amor nunca leva à tristeza, mas à alegria, à alegria de ser salvos e de
fazer um pouquinho daquilo que fez Ele naquele dia de sua morte.
3. Hoje, nesta Praça, há tantos jovens:
há 28 anos o Domingo de Ramos é o Dia da Juventude! E aqui aparece a
terceira palavra: jovens! Queridos jovens, eu os vi na procissão, quando
vocês entraram; imagino-vos fazendo festa ao redor de Jesus, agitando
os ramos de oliveira; imagino-vos gritando o seu nome e expressando a
vossa alegria por estardes com Ele! Vós tendes uma parte importante na
festa da fé! Vós nos trazeis a alegria da fé e nos dizeis que devemos
viver a fé com um coração jovem, sempre: um coração jovem, mesmo aos
setenta, oitenta anos! Coração jovem! Com Cristo o coração não envelhece
nunca! Entretanto, todos sabemos e vós o sabeis bem, que o Rei que
seguimos e que nos acompanha é muito especial: é um Rei que ama até à
cruz e nos ensina a servir, a amar. E vós não tendes vergonha da sua
Cruz! Antes, abraçam a Cruz, porque compreendem que é na doação de si
mesmo, na doação de si mesmo, no sair de si mesmo, que se alcança a
verdadeira alegria e que com o amor de Deus Ele venceu o mal. Vós levais
a Cruz peregrina por todos os continentes, pelas estradas do mundo!
Vocês a levaram respondendo ao convite de Jesus “Ide e fazei discípulos
entre todas as nações” (cf. Mt 28, 19), que é o tema da Jornada da
Juventude deste ano. Vocês a levam para dizer a todos que, na cruz,
Jesus abateu o muro da inimizade, que separa os homens e os povos, e
trouxe a reconciliação e a paz. Queridos amigos, também eu me coloco em
caminho com vocês, na esteira do Beato João Paulo II e de Bento XVI. Já
estamos perto da próxima etapa desta grande peregrinação da Cruz. Olho
com alegria para o próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro! Vinde!
Encontramo-nos naquela grande cidade do Brasil! Preparai-vos bem,
sobretudo espiritualmente, nas vossas comunidades, para que este
Encontro seja um sinal de fé para o mundo inteiro. Os jovens devem dizer
ao mundo: é bom seguir Jesus; é bom caminhar com Jesus; é boa a
mensagem de Jesus; é bom sair de si mesmo, às periferias do mundo e da
existência para levar Jesus! Três palavras: alegria, cruz, jovens.
Peçamos a intercessão da Virgem Maria.
Que Ela nos ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O
devemos contemplar ao pé da cruz, o entusiasmo do coração jovem com que O
devemos seguir nesta Semana Santa e por toda a nossa vida. Assim seja.
Postado por: CANÇÃO NOVA
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EQUIPE 12 - NOSSA SENHORA DO CARMO (Setor Lagos - Região Rio IV - Província Leste - Super Região Brasil)
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sexta-feira, 22 de março de 2013
QUEM SE RECORDA DA DOCE FIGURA DO PAPA JOÃO PAULO I ?
Papa João Paulo I
O Papa João Paulo I, nascido Albino Luciani e oriundo de família humilde, foi Papa da Igreja Católica. Governou a Santa Sé durante apenas um mês, entre 26 de agosto de 1978 até a data da sua morte.
Nascimento: 17/10/1912, Canale d'Agordo
Falecimento: 28/09/1978, Palácio Apostólico
HOMILIA DO SANTO PADRE JOÃO PAULO I
DURANTE A SANTA MISSA CELEBRADA
NA PRAÇA DE SÃO PEDRO
Domingo, 3 de Setembro de 1978
Veneráveis Irmãos
e caríssimos Filhos
e caríssimos Filhos
Nesta sacra celebração, com a qual damos solene início ao ministério de Supremo
Pastor que foi posto sobre os nossos ombros, o primeiro pensamento, de adoração
e de súplica, vai para Deus, infinito e eterno, o qual, com uma sua decisão
humanamente inexplicável e com a sua benigníssima dignação, Nos elevou à Cátedra
do bem-aventurado Pedro. Sobem-Nos aos lábios espontâneas as palavras de São
Paulo: O abismo da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Que
insondáveis são os seus desígnios e impenetráveis as suas vias! (Rom.
11, 33).
O Nosso pensamento dirige-se, seguidamente, com paterno e afectuoso saudar, para
toda a Igreja de Cristo: para esta assembleia que aqui a representa, neste local
— impregnado de piedade, de religião e de arte — que guarda ciosamente o túmulo
do Príncipe dos Apóstolos; e àquela Igreja, depois, que Nos vê e Nos escuta
nesta hora, através dos modernos meios de comunicação social.
Saudamos todos os membros do Povo de Deus: os Cardeais, os Bispos, os
Sacerdotes, os Religiosos, as Religiosas, os Missionários, os Seminaristas, os
Leigos comprometidos no apostolado e nas diversas profissões, os homens da
política, da cultura, da arte, da economia, os pais e as mães de família, os
operários, os migrantes, os jovens e as donzelas, as crianças, os doentes, os
que sofrem e os pobres.
Mas queremos dirigir também o Nosso respeitoso e cordial pensamento para todos
os homens do mundo, que Nós consideramos e amamos como irmãos, porque filhos do
mesmo Pai celeste e todos irmãos em Jesus Cristo (Cfr. Mt. 23, 8 ss).
Quisemos iniciar esta Nossa homilia em latim, porque — como é conhecido — ele é
a língua oficial da Igreja, da qual exprime, de maneira palmar e eficaz, a
universalidade e a unidade.
A Palavra de Deus, que acabamos de ouvir proclamar, apresentou-nos, como que num
crescendo, em primeiro lugar a Igreja: ela é prefigurada e entrevista pelo
profeta Isaías (Cfr. Is. 2, 2-5), como o novo Templo, ao qual afluem as
gentes de todas as partes, desejosas de conhecer a Lei de Deus e de a observar
docilmente, ao passo que as terríveis armas de guerra são transformadas em
instrumentos de paz.
Este novo Templo misterioso, entretanto, pólo de atracção da humanidade nova,
conforme nos recorda São Pedro, tem uma sua pedra angular viva, escolhida,
preciosa (Cfr. 1 Ped. 2, 4-9), que é Jesus Cristo, o qual fundou a sua
Igreja sobre os Apóstolos e a edificou sobre Pedro, chefe dos mesmos Apóstolos (Cfr.
Const. dogmática
Lumen Gentium, 19).
Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja (Mt. 16,
18): são as palavras graves, elevadas e solenes que Jesus, em Cesareia de
Filipe, dirige a Simão, filho de João, depois da sua profissão de fé, a qual não
foi o resultado da lógica humana do pescador de Betsaída, ou a expressão de uma
sua particular perspicácia, ou ainda o efeito de uma sua moção psicológica; mas
sim fruto misterioso de uma autêntica revelação do Pai celeste. E Jesus muda o
nome de Simão em Pedro, significando com isso a colação de uma especial missão;
promete-lhe que há-de edificar sobre ele a própria Igreja, a qual não será
vencida pelas forças do mal ou da morte; e comete-lhe as chaves do reino de
Deus, nomeando-o assim responsável máximo da sua Igreja, e dá-lhe o poder de
interpretar autenticamente a lei divina. Perante estes privilégios, ou para
dizer melhor, perante estas tarefas sobre-humanas confiadas a Pedro, Santo
Agostinho adverte-nos: "Pedro por natureza era simplesmente um homem; por graça,
era um cristão; e por uma graça ainda mais abundante, era um e, ao mesmo tempo,
o primeiro dos Apóstolos" (Santo Agostinho, In Joannis Evang. tract.,
124, 5: PL 35, 1973).
Com atónita e compreensível trepidação, mas também com imensa confiança na
poderosa graça de Deus e na ardente oração da Igreja, Nós aceitámos tornar-Nos o
Sucessor de Pedro na sede de Roma, assumindo o "jugo" que Cristo quis pôr sobre
os Nossos frágeis ombros. E afigura-se-Nos ouvir, como se a Nós fossem
dirigidas, as palavras que Santo Efrém faz dizer por Cristo a Pedro: "Simão, meu
apóstolo, eu constituí-te fundamento da Santa Igreja. Eu chamei-te de antemão
Pedro porque tu hás-de suster todos os edifícios; tu és o superintendente
daqueles que edificarão a Igreja sobre a terra; .. tu és a nascente da fonte, à
qual se vai haurir a minha doutrina; tu és o chefe dos meus apóstolos; ... eu
dei-te as chaves do meu reino" (Santo Efrém, Sermones in hebdomadam sanctam,
4, 1; LAMY T. J.. S. Ephraem Syri hymni et sermons, I, 412 ).
Desde o primeiro momento após a Nossa eleição e nos dias que imediatamente se
seguiram, ficámos profundamente impressionado e encorajado pelas manifestações
de afecto dos Nossos filhos de Roma e também daqueles que, de todas as partes do
mundo, Nos têm feito chegar o eco da sua incontível exultação pelo facto de Deus
uma vez mais ter dado à Igreja o seu Chefe visível. E assim, vêm encontrar eco
espontaneamente no Nosso espírito as comovidas palavras que o Nosso grande e
santo Predecessor, São Leão Magno, dirigia aos fiéis de Roma: "Não cessa de
presidir na sua sede o beatíssimo Pedro; e está estreitamente conjunto ao eterno
Sacerdote numa unidade que jamais virá a faltar... E por isso, todas as
demonstrações de afecto, que por dignação fraterna ou piedade filial haveis
querido dirigir, vão para aquele a cuja sede Nos alegra-mos não tanto por
presidir, quanto por poder servir" (São Leão Magno, Sermo V, 4-5: PL
54, 155-156).
Sim, a Nossa presidência na caridade é um serviço; e, ao afirmá-lo, Nós pensamos
não apenas nos Nossos Irmãos e Filhos católicos, mas em todos aqueles que
procuram também ser discípulos de Jesus Cristo, honrar a Deus e trabalhar para o
bem da humanidade.
Neste sentido, Nós dirigimos uma saudação afectuosa e reconhecida às Delegações
das outras Igrejas e Comunidades eclesiais que aqui estão presentes. Irmãos não
ainda em plena comunhão, nós voltamo-nos conjuntamente para Cristo Salvador,
progredindo uns e outros na santidade em. que Ele nos quer e simultaneamente no
amor mútuo sem o qual não há cristianismo, preparando as vias da unidade na fé,
no respeito da sua Verdade e do Ministério que Ele confiou, para a sua Igreja,
aos Apóstolos e aos seus Sucessores.
Além disto, Nós devemos dirigir uma saudação particular aos Chefes de Estado e
aos Membros das Missões Extraordinárias. Estamos muito sensibilizado com a vossa
presença: quer de vós que presidis aos altos destinos do vosso País, quer de vós
que representais os vossos Governos ou Organizações internacionais; a todos
agradecemos vivamente. Vemos numa tal participação a estima e a confiança que
vós depositais na Santa Sé e na Igreja, humilde mensageira do Evangelho a todos
os povos da terra, para ajudar a criar um clima de justiça, de fraternidade, de
solidariedade e de esperança, sem o qual o mundo não poderá viver.
Que todos, aqui, grandes e peque-nos, fiquem certos da Nossa disponibilidade
para os servir, segundo o Espírito do Senhor!
Circundado pelo vosso amor e amparado pela vossa oração, iniciamos o Nosso
serviço apostólico, invocando como estrela esplendorosa da Nossa caminhada a Mãe
de Deus, Maria, Salus Populi Romani e Mater Ecclesiae, que a
Liturgia venera de modo particular neste mês de Setembro. A Virgem Santíssima,
que guiou com delicada ternura a Nossa vida de criança, de seminarista, de
sacerdote e de Bispo continue a iluminar e a dirigir os Nossos passos, para que,
feito voz de Pedro, com os olhos e a mente fixos no seu Filho, Jesus,
proclamemos no mundo, com jubilosa firmeza, a Nossa profissão de fé: Tu és o
Cristo, o Filho de Deus vivo (Mt. 16, 16). Ámen!
© Copyright 1978 - Libreria
Editrice Vaticana
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quarta-feira, 20 de março de 2013
HOMILIA DE POSSE DO PAPA FRANCISCO
terça-feira, 19 de março de 2013, 6h40
Na manhã desta terça-feira, 19,
aconteceu no Vaticano, sede da Igreja Católica, a Santa Missa de
inauguração do pontificado do Papa Francisco, na Solenidade de São José,
Patrono da Igreja.
“Guardemos Cristo na nossa vida,
para guardar os outros e guardar a criação. Guardemos com amor aquilo
que Deus nos deu. Não devemos ter medo da bondade e da ternura. Quem
serve com amor é capaz de proteger”, afirmou o Papa.
Queridos irmãos e irmãs!
Agradeço ao Senhor por poder celebrar
esta Santa Missa de início do Ministério Petrino na solenidade de São
José, esposo da Virgem Maria e patrono da Igreja universal: é uma
coincidência densa de significado e é também o onomástico do meu
venerado Predecessor: acompanhamo-lo com a oração, cheia de estima e
gratidão.
Saúdo, com afeto, os irmãos cardeais e
bispos, os sacerdotes, os diáconos, os religiosos e as religiosas e
todos os fiéis leigos. Agradeço, pela sua presença, aos representantes
das outras Igrejas e Comunidades eclesiais, bem como aos representantes
da comunidade judaica e de outras comunidades religiosas. Dirijo a minha
cordial saudação aos Chefes de Estado e de Governo, às delegações
oficiais de tantos países do mundo e ao Corpo Diplomático.
Ouvimos ler, no Evangelho, que “José fez
como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa” (Mt 1, 24).
Nestas palavras, encerra-se já a missão que Deus confia a José: ser custos,
guardião. Guardião de quem? De Maria e de Jesus, mas é uma guarda que
depois se alarga à Igreja, como sublinhou o Beato João Paulo II: “São
José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho
jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu
Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo”
(Exort. ap. Redemptoris Custos, 1).
Como realiza José esta guarda? Com
discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e
uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender. Desde o
casamento com Maria até ao episódio de Jesus, aos doze anos, no templo
de Jerusalém, acompanha com solicitude e amor cada momento.
Permanece ao lado de Maria, sua esposa, tanto nos momentos serenos
como nos momentos difíceis da vida, na ida a Belém para o recenseamento e
nas horas ansiosas e felizes do parto; no momento dramático da fuga
para o Egipto e na busca preocupada do filho no templo; e depois na vida
quotidiana da casa de Nazaré, na carpintaria onde ensinou o ofício a
Jesus.
Como vive José a sua vocação de guardião
de Maria, de Jesus, da Igreja? Numa constante atenção a Deus, aberto
aos seus sinais, disponível mais ao projecto d’Ele que ao seu. E isto
mesmo é o que Deus pede a David, como ouvimos na primeira Leitura: Deus
não deseja uma casa construída pelo homem, mas quer a fidelidade à sua
Palavra, ao seu desígnio; e é o próprio Deus que constrói a casa, mas de
pedras vivas marcadas pelo seu Espírito.
E José é “guardião”, porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela
sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as
pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os
acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais
sensatas. Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de
Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro
da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar
os outros, para guardar a criação!
Entretanto a vocação de guardião não diz
respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é
simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação
inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos
mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de
Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar
carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos
idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na
periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os
esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos,
e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos
pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se
na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado
à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a
todos. Sede guardiões dos dons de Deus!
E quando o homem falha nesta
responsabilidade, quando não cuidamos da criação e dos irmãos, então
encontra lugar a destruição e o coração fica ressequido. Infelizmente,
em cada época da história, existem “Herodes” que tramam desígnios de
morte, destroem e deturpam o rosto do homem e da mulher.
Queria pedir, por favor, a quantos
ocupam cargos de responsabilidade em âmbito económico, político ou
social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos “guardiões”
da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do
outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte
acompanhem o caminho deste nosso mundo! Mas, para “guardar”, devemos
também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o
orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos
sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e
as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de
bondade, ou mesmo de ternura.
A propósito, deixai-me acrescentar mais
uma observação: cuidar, guardar requer bondade, requer ser praticado com
ternura. Nos Evangelhos, São José aparece como um homem forte,
corajoso, trabalhador, mas, no seu íntimo, sobressai uma grande ternura,
que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza
de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira
abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!
Hoje, juntamente com a festa de São
José, celebramos o início do ministério do novo Bispo de Roma, Sucessor
de Pedro, que inclui também um poder. É certo que Jesus Cristo deu um
poder a Pedro, mas de que poder se trata? À tríplice pergunta de Jesus a
Pedro sobre o amor, segue-se o tríplice convite: apascenta os meus
cordeiros, apascenta as minhas ovelhas.
Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o
próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele
serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o
serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os
braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afecto e
ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais
fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus descreve no Juízo final
sobre a caridade: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente,
na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Apenas aqueles que servem com amor capaz
de proteger.
Na segunda Leitura, São Paulo fala de
Abraão, que acreditou «com uma esperança, para além do que se podia
esperar» (Rm 4, 18). Com uma esperança, para além do que se podia
esperar! Também hoje, perante tantos pedaços de céu cinzento, há
necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos esperança.
Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e
amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio
de tantas nuvens, é levar o calor da esperança! E, para o crente, para
nós cristãos, como Abraão, como São José, a esperança que levamos tem o
horizonte de Deus que nos foi aberto em Cristo, está fundada sobre a
rocha que é Deus.
Guardar Jesus com Maria, guardar a
criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre,
guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está
chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo
resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus
nos deu!
Peço a intercessão da Virgem Maria, de
São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o
Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai
por mim! Amém.
(Fonte: Boletim da Santa Sé)Postado por: http://papa.cancaonova.com/homilia-de-posse-papa-francisco/
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domingo, 17 de março de 2013
COM MENSAGEM SOBRE O PERDÃO, PAPA FRANCISCO REZA O PRIMEIRO ÂNGELUS
17/03/2013 08h14
- Atualizado em
17/03/2013 10h16
Papa apareceu em janela e abençoou fiéis na Praça de São Pedro.
'Temos de aprender a ser misericordiosos com todos', disse ele.
Juliana Cardilli
Do G1, no Vaticano
"Deus jamais se cansa de nos perdoar. Nós é que nos cansamos de pedir
perdão". Com essas palavras, o Papa Francisco transmitiu a principal
mensagem da oração do Ângelus deste domingo (17), a primeira de seu
pontificado. Seu discurso foi todo marcado pelo perdão e pela
misericórdia.
“Deus é como um pai misericordioso, que sempre tem paciência conosco,
nos compreende, atende, não se cansa de nos perdoar. Grande é a
misericórdia do Senhor", disse.
O novo pontifície abriu seu pronunciamento com uma saudação que já se
tornou sua marca registrada: “Irmãos e irmãs, bom dia”. O Papa se disse
feliz por poder se encontrar novamente com os fiéis em um intervalo
curto de tempo, após sua primeira aparição pública na última
quarta-feira (13), quando foi eleito. “Estou feliz de fazer isso no
domingo, dia do senhor”, afirmou.
Logo no início de suas palavras, o Papa Francisco
mencionou que leu nos últimos dias um livro do cardeal alemão Walter
Kasper - a quem classificou de “bom teólogo”, sobre a misericórdia. “Mas
não pensem que estou fazendo publicidade do livro do cardeal”, disse o
Papa sorrindo, provocando muitos risos entre os fiéis. “O livro dizia
que a misericórdia é uma palavra que muda tudo, muda o mundo. Um pouco
dela deixa o mundo menos frio e mais justo”, disse Francisco.
Papa Francisco durante a oração do Ângelus neste domingo (Foto: Reprodução/TV Globo)
O Papa destacou pelo menos duas vezes durante seu discurso que, devido
ao alcance dos meios de comunicação, podia falar neste domingo não
apenas com quem estava na Praça, mas com todo o mundo.
Francisco, que é argentino, lembrou que as origens de sua família estão
na Itália. "Mas nós fazemos parte de uma família maior, a família da
Igreja", disse.
O Papa Francisco também se lembrou de uma passagem de sua vida ocorrida
em 1992, quando ele ainda era bispo em Buenos Aires. Na época, chegou à
cidade a Madonna de Fátima, e foi feita uma grande missa em homenagem
aos doentes – o então bispo ficou à disposição de quem quisesse se
confessar.
“Ao fim, veio a mim uma anciã, muito humilde, nos seus 80 anos. A vi e
disse ‘nona – porque é assim que chamamos os anciãos lá – mas você não
tem pecados’. Ela disse que todos temos pecado, e que o senhor perdoa a
todos. ‘Se o senhor não perdoasse tudo, o mundo não existiria’, ela
disse.”
Durante o discurso do Papa, muitas pessoas ficaram emocionadas, principalmente religiosos. Ao fim, Francisco fez uma saudação aos peregrinos – e pediu que eles orassem por ele, e saudou todos os fiéis de Roma e do mundo. “Renovo meu abraço aos fiéis de Roma, e estendo a todos que vieram de toda a Itália e de todas as partes do mundo, e os que estão unidos a nós pelos meios de comunicação."
Durante o discurso do Papa, muitas pessoas ficaram emocionadas, principalmente religiosos. Ao fim, Francisco fez uma saudação aos peregrinos – e pediu que eles orassem por ele, e saudou todos os fiéis de Roma e do mundo. “Renovo meu abraço aos fiéis de Roma, e estendo a todos que vieram de toda a Itália e de todas as partes do mundo, e os que estão unidos a nós pelos meios de comunicação."
Papa aparece para fíeis antes da missa no Vaticano (Foto: Juliana Cardilli/ G1)
No encerramento, o Papa pediu que todos não se esquecessem que “o
senhor não se cansa de perdoar, nós que os cansamos de pedir perdão”,
seguido por um “bom domingo, e bom almoço!”, arrancando novamente
risadas dos fiéis.
Mais cedo, Francisco voltou a quebrar o protocolo e apareceu para os religiosos em uma entrada lateral do Vaticano,
na Via de Porta Angelica, pouco antes das 10h locais (6h no horário de
Brasília). Ele estava indo para a Paróquia Sant'Anna, dentro do
Vaticano, para celebrar uma missa que começou às 10h.
O argentino Jorge Mario Bergoglio foi escolhido o novo Papa da Igreja
católica no último dia 13, após dois dias de conclave. Ele assumiu o
posto máximo da Igreja depois da renúncia de Bento XVI, em 28 de
fevereiro.
Em
dia de grandes eventos, é preciso passar por detectores de metais para
entrar na Praça São Pedro. Por conta das filas, teve quem preferiu ficar
do lado de fora (Foto: Juliana Cardilli/ G1)
Mar de pessoas começa a deixar o Vaticano depois do primeiro Ângelus do Papa Francisco (Foto: Juliana Cardilli/ G1)
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AO DIZER AO PAPA "NÃO SE ESQUEÇA DOS POBRES", DOM CLÁUDIO HUMMES Dom Cláudio Hummes ACABOU INSPIRANDO O NOME "FRANCISCO"
Sábado, 16 de março de 2013.
Jéssica Marçal Da Redação
Jéssica Marçal Da Redação
Dando continuidade aos seus primeiros
compromissos como Sucessor de Pedro, o Papa Francisco participou na
manhã deste sábado, 16, de um encontro com os jornalistas que fizeram a
cobertura do Conclave. O encontro aconteceu na Sala Paulo VI, no
Vaticano.
Em um primeiro momento, o presidente do
Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, Dom Claudio Maria Celli,
fez uma saudação inicial ao Santo Padre.
Já em seu discurso, o Papa contou qual
foi a inspiração para a escolha de seu nome de pontificado: Francisco.
Ele explicou que o arcebispo emérito de São Paulo, Cardeal Cláudio
Hummes, esteve ao seu lado no Conclave, principalmente quando a contagem
dos votos já havia alcançado 2/3 e os cardeais já sabiam quem seria o
novo Papa. Nesse momento, o Papa contou que Dom Cláudio o abraçou, o
beijou e lhe disse: “Não se esqueça dos pobres”.
Em relação aos pobres, o Papa logo
pensou em São Francisco de Assis. E enquanto o escrutínio continuava,
ele disse que pensou na questão das guerras, e Francisco é um homem da
paz, então veio ao seu coração o nome Francisco de Assis.
“Para mim é o homem da pobreza, da paz,
que ama e guarda a criação. Neste momento, infelizmente, não temos uma
relação tão boa com a natureza, com a criação. Como eu gostaria de uma
Igreja pobre, como eu gostaria de uma Igreja junto aos pobres”.
Agradecimentos
Papa Francisco destacou que estava muito feliz em poder participar desse encontro no início de seu ministério e agradeceu a todos os jornalistas.
Papa Francisco destacou que estava muito feliz em poder participar desse encontro no início de seu ministério e agradeceu a todos os jornalistas.
“Agradeço o serviço que vocês prestaram
levando notícias para o mundo inteiro, vocês realmente trabalharam.
Nesses dias, todos os olhos do mundo católico, mas não só dos católicos,
se voltaram aqui para este lugar, para a Praça São Pedro. Todos se
voltaram para os ritos da Igreja católica, noticiando todos os
acontecimentos da vida da Igreja, da Santa Sé e, em particular, daquilo
que é próprio do ministério petrino”, disse.
Francisco também agradeceu a todos os
que comunicaram aquilo que é justo da vida da Igreja, que é a fé. Ele
enfatizou que a Igreja, mesmo sendo uma instituição humana e histórica,
com tudo aquilo que comporta, não tem uma natureza política, mas
essencialmente espiritual, porque ela é o povo de Deus, o santo povo de
Deus, que caminha em direção ao encontro com Jesus Cristo.
“Somente colocando nesta perspectiva é
possível dar razão aquilo que é a Igreja católica. Cristo é presente na
vida da Igreja. Entre todos os homens, Cristo escolheu o seu vigário,
que é o Sucessor de Pedro, mas Cristo é o centro, e não o Sucessor de
Pedro. Cristo é o fundamento da vida da Igreja”.
O Santo Padre também agradeceu pelo
empenho que os jornalistas tiveram, sobretudo, de terem buscado o
conhecimento da natureza da Igreja, o seu caminho no mundo. E todo esse
trabalho, segundo Papa Francisco, está em comunhão com a Igreja.
“Há uma comunhão, porque a Igreja existe
para comunicar a verdade, a bondade e a beleza. O que deveria aparecer
claramente é que somos todos chamados não a comunicar a nós mesmos, mas
essa tríade existencial que é a verdade, a bondade e a beleza”.
A benção
Ao final da audiência, o Papa expressou
seu desejo de abençoar o trabalho de todos os jornalistas e de que todos
possam conhecer Cristo e a verdade da Igreja. Ele confiou o trabalho de
todos à intercessão da Bem Aventurada Virgem Maria, estrela da nova
evangelização.
A benção foi dada de coração, e não como
de costume. O gesto do Papa foi em respeito aos presentes que poderiam
não ser católicos. “Muitos de vocês pertencem à Igreja católica, outros
não são cristãos, mas eu gostaria de dar essa benção a cada um de vocês,
respeitando a consciência de cada um, porque cada um de vocês é filho
de Deus”.
No momento dos cumprimentos com os membros do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, o Papa recebeu de presente um Ipad.
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sábado, 16 de março de 2013
ÍNTEGRA DO DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS CARDEAIS – 15/03/2013
Audiência com o Colégio Cardinalício
Sala Clementina do Palácio Apostólico
Sexta-feira, 15 de março de 2013
Sala Clementina do Palácio Apostólico
Sexta-feira, 15 de março de 2013
Boletim
da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Tradução: Jéssica Marçal
Irmãos Cardeais,
Este período dedicado ao Conclave foi repleto de
significado não somente para o Colégio Cardinalício, mas também para todos os
fiéis. Nestes dias sentíamos quase sensivelmente a atenção de tantas pessoas
que, embora não partilhando da nossa fé, olham com respeito e admiração a
Igreja e a Santa Sé. De cada ângulo da terra levantou-se fervorosas e unidas
orações do Povo cristão para o novo Papa, e repleto de emoção foi o meu
primeiro encontro com a multidão presente na Praça São Pedro. Com aquela
sugestiva imagem do povo orando e alegre ainda impressa na minha mente, desejo
manifestar o meu sincero reconhecimento aos Bispos, aos sacerdotes, às pessoas
consagradas, aos jovens, às famílias, aos anciãos pela sua proximidade
espiritual, tão tocante e fervorosa.
Sinto a necessidade de exprimir a minha mais viva e
profunda gratidão a todos vocês, venerados e queridos Irmãos Cardeais, pela
solícita colaboração à condução da Igreja durante a Sé Vacante. Dirijo a cada
um uma cordial saudação, a começar pelo Decano do Colégio cardinalício, o
Senhor Cardeal Angelo Sodano, a quem agradeço pelas manifestações de devoção e
pelas fervorosas saudações que me dirigiu em nome de vocês. Com ele agradeço ao
Senhor Cardeal Tarcísio Bertone, Camerlengo da Santa Romana Igreja, pelo seu
cuidado trabalho nesta delicada fase de transição e também ao caríssimo Cardeal
Giovanni Battista Re, que foi o nosso chefe no Conclave: muito obrigado! O meu
pensamento também vai com particular afeto aos venerados Cardeais que, por
causa da idade ou de doença, asseguraram a sua participação e o seu amor à
Igreja através do oferecimento do sofrimento e da oração. E gostaria de dizer
que outro dia o Cardeal Mejía teve um infarto cardíaco: ele se recupera no
hospital Pio XI. Mas acredita-se que a sua saúde esteja estável, e nos enviou
as suas saudações.
Não pode faltar o meu agradecimento também a
quantos, em diversas tarefas, trabalharam na preparação e no desenvolvimento do
Conclave, favorecendo a segurança e a tranquilidade dos Cardeais neste período
tão importante para a vida da Igreja.
Um pensamento cheio de grande afeto e de profunda
gratidão dirijo ao meu venerado Predecessor Bento XVI, que nestes anos de
Pontificado enriqueceu e fortaleceu a Igreja com o Seu magistério, a Sua
bondade, a Sua condução, a Sua fé, a Sua humildade e a Sua suavidade.
Permanecerão um patrimônio espiritual para todos! O ministério petrino, vivido
com total dedicação, teve Nele um intérprete sábio e humilde, com o olhar
sempre voltado para Cristo, Cristo ressuscitado, presente e vivo na Eucaristia.
O acompanharão sempre a nossa fervorosa oração, a nossa incessante recordação,
a nossa eterna gratidão e afeto. Sentimos que Bento XVI acendeu no fundo dos
nossos corações uma chama: essa continuará a arder porque será alimentada por
Sua oração, que apoiará ainda a Igreja no seu caminho espiritual e missionário.
Queridos Irmãos Cardeais, este nosso encontro quer
ser um prolongamento da intensa comunhão eclesial experimentada neste período.
Animados por um profundo senso de responsabilidade e de grande amor por Cristo
e pela Igreja, rezamos juntos, compartilhando fraternalmente os nossos
sentimentos, as nossas experiências e reflexões. Neste clima de grande
cordialidade e de tanto crescimento do recíproco crescimento e a mútua
abertura; e isto é bom, porque nós somos irmãos. Alguém me dizia: os Cardeais
são os sacerdotes do Santo Padre. Aquela comunidade, aquela amizade, aquela
proximidade nos fará bem. E este conhecimento e esta abertura mútua nos
facilitaram a docilidade à ação do Espírito Santo. Ele, o Paráclito, é o
supremo protagonista de cada iniciativa e manifestação de fé. É curioso: isso
me faz pensar. O Paráclito faz todas as diferenças nas Igrejas, e parece que
seja um apóstolo de Babel. Mas por outro lado, é Aquele que faz a unidade
destas diferenças, não na “igualdade”, mas na harmonia. Eu recordo aquele Padre
da Igreja que o definia assim: “Ipse harmonia est”. O Paráclito que dá a cada
um de nós carismas diferentes, nos une nesta comunidade de Igreja, que adora o
Pai, o Filho e Ele, o Espírito Santo.
Propriamente partindo do autêntico afeto colegial
que une o Colégio Cardinalício, expresso a minha vontade de servir o Evangelho
com renovado amor, ajudando a Igreja a tornar-se sempre mais em Cristo e com
Cristo, a videira fecunda do Senhor. Estimulados também pela celebração do Ano
da Fé, todos juntos, Pastores e fiéis, nos esforcemos em responder fielmente à
missão de sempre: levar Jesus Cristo ao homem e conduzir o homem ao encontro
com Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, realmente presente na Igreja e
contemporâneo em cada homem. Tal encontro leva a transformar homens novos no
mistério da Graça, suscitando na alma aquela alegria cristã que constitui o
cêntuplo doado por Cristo a quem O acolhe na própria existência.
Como nos recordou tantas vezes em seus ensinamentos
e, por último, com este gesto corajoso e humilde, o Papa Bento XVI, é Cristo
que guia a Igreja por meio do seu Espírito. O Espírito Santo é a alma da Igreja
com a sua força vivificante e unificante: de muitos faz um corpo só, o Corpo
místico de Cristo. Não cedamos nunca ao pessimismo, àquela amargura que o diabo
nos oferece a cada dia; não cedamos ao pessimismo e ao desencorajamento:
tenhamos a firme certeza de que o Espírito Santo doa à Igreja, com o seu sopro
poderoso, a coragem de perseverar e também de procurar novos métodos de
evangelização, para levar o Evangelho até os extremos confins da terra (cfr At
1,8). A verdade cristã é atraente e persuasiva porque responde à necessidade
profunda da existência humana, anunciando de maneira convincente que Cristo é o
único Salvador de todo o homem e de todos os homens. Este anúncio é válido hoje
como o foi no anúncio do cristianismo, quando se trabalhou a primeira grande
expansão missionária do Evangelho.
Queridos Irmãos, força! A metade de nós está em
idade avançada: a velhice é – parece-me dizer assim – a sede da sabedoria da
vida. Os idosos têm a sabedoria de ter caminhado na vida, como o velho Simeão,
a velha Ana no Templo. E propriamente aquela sabedoria fez-lhes reconhecer
Jesus. Doemos esta sabedoria aos jovens: como o bom vinho, que com os anos
torna-se melhor, doemos aos jovens a sabedoria da vida. Vem à minha mente
aquilo que um poeta alemão dizia sobre a velhice: “Es ist ruhig, das Alter, und
fromm”: é o tempo da tranquilidade e da oração. E também de dar aos jovens esta
sabedoria. Vocês voltarão para suas respectivas sedes para continuar o vosso
ministério, enriquecidos pela experiência destes dias, tão repletos de fé e de
comunhão eclesial. Tal experiência única e incomparável nos permitiu acolher em
profundidade toda a beleza da realidade eclesial, que é um reflexo do esplendor
de Cristo Ressuscitado: um dia olharemos para aquela face belíssima do Cristo
Ressuscitado!
À potente intercessão de Maria, nossa Mãe, Mãe da
Igreja, confio o meu ministério e o vosso ministério. Sob o seu olhar materno,
cada um de nós possa caminhar feliz e dócil à voz do seu Filho divino,
reforçando a unidade, perseverando concordemente na oração e testemunhando a
genuína fé na presença contínua do Senhor. Com estes sentimentos – são
verdadeiros! – com estes sentimentos, concedo-vos de coração a Benção
Apostólica, que estendo aos vossos colaboradores e às pessoas confiadas á vossa
cúria pastoral.
Papa
Francisco
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sexta-feira, 15 de março de 2013
A IGREJA SEM CRISTO "TORNA-SE UMA ONG PIEDOSA"
Novo Papa falou de improviso na sua primeira
homilia. "As coisas não são assim tão fáceis", alertou. "Porque
no caminhar, construir, confessar, às vezes há tropeços, há movimentos que não
ajudam o caminho, são movimentos que nos puxam para trás."
Da primeira homilia do recém-eleito Papa Francisco,
proferida na Capela Sistina durante a missa solene de encerramento do Conclave,
ficam três palavras-chave: caminhar, edificar, confessar. "Podemos
caminhar o que quisermos, edificar o que queremos, mas se não confessarmos
Jesus Cristo, as coisas não avançam. Tornamo-nos como uma ONG piedosa, mas não
Igreja esposa de Cristo. Quando não se edifica, o que acontece? Acontece o que
acontece com as crianças na praia - criam castelos na areia, tudo vem
abaixo, sem consistência", apontou o Papa.
"Caminhar, construir, confessar", voltou
a frisar o Papa nesta sua primeira homilia como líder da Igreja Católica.
"Mas as coisas não são assim tão fáceis", alertou. "Porque no caminhar,
construir, confessar, às vezes há tropeços, há movimentos que não ajudam o
caminho, são movimentos que nos puxam para trás."
A homilia do Papa Francisco veio como um desafio.
"Este Evangelho prossegue com uma situação especial - é que mesmo Pedro,
que tinha confessado Cristo, disse 'sim, Tu és Filho de Deus e sigo-te', mas
não falou de cruz. Quando caminhamos sem cruz, construímos sem cruz,
confessamos Cristo sem cruz, não somos discípulos do Senhor."
Sem cruz, sublinhou o Papa, "somos
mundanos". "Somos bispos, padres, cardeais, Papas, tudo, mas não
discípulos do Senhor". "Gostaria que nós, depois destes dias de
graça, tenhamos a coragem de caminhar na presença do Senhor, com a cruz do
Senhor, de edificar a Igreja sobre o sangue derramado na cruz e assim
caminharmos. Assim a Igreja vai em frente."
O Papa falou de improviso, sem texto preparado,
sobre o caminho da Igreja e viu algo em comum nas três leituras da missa:
"o movimento". "Na primeira leitura, o movimento do caminho. Na
segunda, a edificação da Igreja. Na terceira, o Evangelho do movimento da
confissão. Caminhar, edificar, confessar", resumiu.
Elaborando a homilia sobre estas três ideias, o
Papa Francisco começou por falar, em primeiro lugar, sobre caminhar.
"Caminhai na luz do Senhor, isto foi o que em primeiro lugar Deus disse a
Abraão, caminha na minha presença. A nossa vida é um caminho e, quando paramos,
as coisas não vão bem. Caminhar sempre na presença do Senhor, à luz do Senhor,
procurando viver na irrepreensibilidade que Deus pedia a Abraão."
Em segundo lugar, edificar, construir.
"Edificar a Igreja. Fala-se de pedras. As pedras têm consistência, são
pedras vivas, benzidas pelo Espírito Santo. Edificar a Igreja, esposa de Cristo
sobre a pedra angular que é Nosso Senhor. É outro movimento da nossa vida,
edificar", disse.
Em terceiro lugar, "confessar".
"Podemos caminhar o que quisermos, edificar o que queremos, mas se não
confessarmos Jesus Cristo, as coisas não avançam", apontou o Papa, antes
de tomar emprestada uma citação de Leon Bloys. "Quem não confessa Deus,
confessa o Diabo, a mundanidade do Diabo", referiu.
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