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sexta-feira, 30 de março de 2012

INDULGÊNCIAS

 Rito da Penitência
É a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados. O fiel obtém as indulgências, em certas condições determinadas, pela intervenção da Igreja, que como dispensadora da redenção, distribui e aplica por sua autoridade o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos. ( Catecismo da Igreja Católica [CEC] 1421).
Ela pode ser aplicada tanto aos vivos (pessoalmente), como aos fiéis falecidos. O perdão dos pecados implica a remissão das penas eternas do mesmo; mas permanecem as penas temporais do pecado, que podem ser satisfeitas nas mais diversas formas de penitência.
Na comunhão dos santos somos unidos numa sobrenatural unidade do corpo místico de Cristo, como uma única pessoa mística (CEC 1474), num laço de solidária caridade no intercâmbio de todos os dons. (CEC 1475).
 Obtêm-se as indulgências por meio da Igreja pelo poder de “ligar e desligar”, concedidas à Igreja por Nosso Senhor. Três posturas são necessárias para se lucrar as indulgências, a saber:
a)      Confissão Sacramental (auricular);
b)      Participar da santa Missa;
c)      Rezar pelas intenções do Santo Padre o Papa.

Formas Penitenciais

Celebrações Penitenciais
São reuniões do povo de Deus, para ouvir a sua palavra que os convidam a conversão (metanóia), e a renovação de vida, proclamando nossa libertação do pecado pela morte e ressurreição de Cristo. (Ritual da Penitência [RP] 36).
Não confundir com a celebração do “Sacramento da Penitência”; elas têm o intuito de levar os fiéis a conversão e a purificação interior. (RP 37) e pode se fazer sempre. Mesmo onde não houver sacerdote as celebrações penitenciais podem ser muito úteis, para despertar nos fiéis uma contrição perfeita, e fomentar o desejo de receber mais tarde o Sacramento da Penitência. (RP 37).

Absolvição comunitária...
No ritual da Penitência, 31, diz que “a íntegra confissão individual e a absolvição continuam sendo a única forma ordinária de reconciliação dos fiéis com Deus e a Igreja; a absolvição geral só em casos extraordinários, estabelecidos pelo ordinário local.” (Cf. RP 31-32); só em casos como um elevado número de penitentes, em que, não havendo confessores suficientes, para um número maior de penitentes, em caso de Guerras, etc. (RP 31)
Ela é uma exceção, já que o sacramento da Penitência parte de uma atitude pessoal indispensável ao penitente.

Momentos para celebração penitencial
As celebrações penitenciais obedecem a um esquema semelhante ao da celebração da palavra, a saber: rito inicial, saudação, oração, leituras, salmos, momento de silêncio, homilia, exame de consciência, preces, Pai-nosso, ao final o sacerdote ou o ministro que preside conclui a oração e despede o povo. Todo Cristão, é chamado a se colocar numa dinâmica penitencial de vida, em diversos momentos, da vida litúrgica da Igreja.
·         Toda sexta-feira, ao longo do ano, é dia de jejum e penitência, em memória da paixão do Senhor; todo Batizado é convocado a observar esse dia.
·         No Advento, como preparação para o nascimento do Senhor, somos chamados a nos penitenciar, pois o “Sol nascente” nos vem visitar e armar a sua tenda entre nós.
·         Na Quaresma, de maneira mais do que especial, somos obrigados a observar quarta-feira de cinzas e sexta-feira da paixão, com jejum e abstinência de carne; salvo os menores de 18 anos, os acima de 65 anos ou os enfermos que precisam do alimento mencionado. Durante toda quaresma somos chamados a praticar as obras de misericórdia (Oração, Jejum e Esmola).

Confissão
O ministro do sacramento da Penitência é o Bispo, os presbíteros agem em comunhão com o Bispo, que é o moderador da disciplina penitencial. (RP 9a).
O ministro competente do sacramento da penitência é o Sacerdote, com faculdade de absolver segundo as normas canônicas, mesmo os que não são aprovados, podem absolver de forma válida e lícita a qualquer penitente em perigo de morte. (RP 9b).

Atos do penitente
a)      Contrição é a dor da alma e a detestação do pecado cometido, com o propósito de não mais pecar. (RP 6).
b)      Confissão é a acusação dos pecados, onde o homem encara de frente os pecados, que é essencial para o sacramento da penitência. (CEC 1456). Os pecados veniais, apesar de não serem estritamente necessários, são vivamente recomendados pela Igreja. (CEC 1460).
c)      Satisfação é a mudança de vida e reparação do dano causado. (RP 6). O confessor deve levar em conta a situação pessoal do penitente, que deve corresponder à gravidade e a natureza dos pecados cometidos. (CEC 1460).
d)      Absolvição; o pecador que manifesta sua conversão ao ministro da Igreja, pela confissão sacramental; Deus concede o perdão mediante o sinal da absolvição.

Exame de consciência
É uma séria revisão de vida, em que a alma se defronta consigo mesma, e não somente um levantamento mais ou menos meticuloso dos pecados graves. Tendo feito um bom exame, é só se aproximar do presbítero e abrir o coração.

Roteiro para confessar-se
                                            I.            Entrando no confessionário, faço logo o sinal da cruz, dizendo: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. Com humildade e arrependimento, confesso meus pecados a Deus e a vos, Padre (ou: Padre, daí-me a vossa bênção, porque pequei);
                                          II.            Apresento-me, Fiz minha última confissão há... dias. ou... meses, ou... anos. Sou, por ex., casado (a), pai, mãe de cinco crianças, etc. ou: sou industrial, tenho 50 operários sob minhas ordens, etc. ou ainda; sou estudante, trabalho, etc.
                                        III.            Faço a partir desse momento a acusação de, pelo menos, todos os meus pecados graves – referindo-me à sua espécie e número (recomenda-se também a confissão dos pecados veniais). Concluindo, (pode-se também dizer o propósito) manifesto o meu arrependimento, dizendo: “Pai, pequei contra o céu e contra vós, perdoai-me”. (ou, então, outro “ato de contrição”).
                                       IV.            O Padre dará, a seguir, algum conselho e palavras de encorajamento; impor-me-á depois uma penitência e absolverá os pecados em nome de Deus.
                                         V.            Por fim, o Padre dirá: “O Senhor Deus perdoou os teus pecados. Vai em paz!” Ao que o penitente responderá: “Graças a Deus”, saindo, logo após, do confessionário, com a alma renovada. “A confissão é a segunda tábua de salvação, depois do Batismo”.

Ato de Contrição (Sugestão)
“Meu Deus eu me arrependo de todo o coração, de vos ter ofendido; porque sois tão bom e amável. Prometo com a vossa graça me esforçar para ser bom. Meu Jesus misericórdia.”

Pesquisado por Frei Marcelo dos Santos, OFMConv.

quarta-feira, 28 de março de 2012

DOCUMENTOS DA IGREJA: A PAPISA QUE NÃO VAI DESAPARECER


Tomemos posse de uma lenda urbana católica com uma deformação. Esta data de antes da Reforma Protestante e as suas fontes são, portanto, inteiramente católicas. E finalizando a deformação, a primeira refutação amplamente aceita veio de um estudioso calvinista.

É a lenda da Papisa Joana, supostamente a primeira e única mulher eleita papisa. De acordo com o conto, ela foi papisa no século IX durante a chamada "Idade das Trevas" até que a sua identidade feminina fosse revelada. Tão antigo quanto o século XIII e tão recente quanto um "especial" da ABC News de 2005 será a Papisa Joana por toda a parte, contanto que ela tenha um propósito anticatólico. Ela começou como uma fábula antipapista mantida como propaganda nativista anticatólica e se desabrochou num ícone feminista do século XXI.

De muitas maneiras, a Papisa Joana se adapta à tradicional lenda urbana católica. Tome qualquer período histórico e ela pode ser moldada em um nicho solidamente anticatólico. No século XVI, os dissidentes protestantes a usaram para ilustrar o nadir de um papado sempre corrupto. No século XIX, ela foi retratada como uma mulher violada e arruinada pelo clericalismo lascivo, símbolo da perversidade na qual Roma tinha se afundado. No século XXI, ela representa a mulher com poderes que lutou contra o sexismo intransigente da Igreja Católica e que, portanto, teve de ser destruído.

Lenda Não Tão Piedosa

O que é a lenda da papisa? Histórias são abundantes, mas vamos com a edição mais recente, um relatório "especial" de televisão da ABC News em Dezembro de 2005.

Narrada ofegantemente por Diane Sawyer, a capitulação da ABC News começa na cidade de Mainz, Alemanha, no século IX, onde uma jovem garota brilhante trata de se deslocar para um mosteiro disfarçada de garoto. Ela se torna uma estudante adepta e ao final faz o seu caminho para Atenas, ainda disfarçada de garoto. Mas nessa altura ela também tinha tomado um amante que compartilhava o seu segredo.

De Atenas, a mocinha se dirige a Roma do século IX, descrita pela Sra. Sawyer como a casa dos "monges devassos, cardeais maquinadores, santos travestis, intriga, melodrama, corrupção e violência." Agora conhecida como "João Inglês", a garota se torna uma secretária curial respeitada e, em seguida, um cardeal feminino, e - rufem os tambores, por favor - "a escolha de todos para Papa no ano de 855".

Mas não devia haver um final feliz. "A Papisa Joana estava no meio de uma procissão papal... quando... ela sentiu fortes dores em seu estômago... O impensável aconteceu: A papisa estava tendo um bebê".

Embora reconhecendo que a história termine de maneira diferente conforme o ditado, Sawyer relatou que a Papisa Joana foi ou apedrejada ou arrastada da cauda de um cavalo até à sua morte. E, em seguida, engatando a lenda em alta marcha, Sawyer afirmou que o constrangimento sobre a Papisa Joana resultou no celibato sacerdotal obrigatório ("uma exigência que ainda hoje é controvertida"), uma repressão aos místicos femininos poderosos que alegaram que eles podiam se comunicar diretamente com Deus e que não precisavam da Igreja dominada pelos homens e "mulheres mártires donas de casa... que eram torturadas por suas crenças religiosas".

Um monte de lendas urbanas católicas enroladas umas nas outras.

O mito do "João Inglês"

A moral do século XXI sobre a lenda da Papisa Joana é clara: a Igreja teme mulheres poderosas, a Igreja tem propositadamente posto fora de forma literária qualquer menção a mulheres poderosas de sua história, e a tradição persistente do celibato sacerdotal resultou do ódio às mulheres.

O fato de que o celibato sacerdotal existia na Igreja Ocidental séculos antes desta fábula e que as mulheres poderosas eram parte da história da Igreja bem antes que a sociedade secular permitisse tal coisa é irrelevante para a propaganda. A coisa surpreendente - ou talvez não tão surpreendente - é que ninguém na ABC News considerou que isso poderia ser devaneio anticatólico contemporâneo ao invés de qualquer tipo de apresentação objetiva. Tudo é apenas o "pensamento normativo e parte da bagagem cultural da mente progressiva" para citar-me.

Então, qual é a história sobre a Papisa Joana? Em suma, como descrito por um historiador recente sobre o papado, John-Peter Pham em Heirs of the Fisherman (Herdeiros do Pescador - Oxford University Press), a Papisa Joana é "uma papisa lendária que nunca existiu" (253). Ainda, "de meados do século XIII até meados do século XVII, a história de que tinha sido uma papisa... em algum momento no século nono, décimo e décimo primeiro foi quase universalmente aceita como fato histórico."(Pham, Heirs, 253).

De acordo com Pham, a primeira vez que a "Papisa Joana" foi mencionada em qualquer registro histórico conhecido foi em "Universal History of Metz" (História Universal de Metz) em torno de 1250. O trabalho foi atribuído a Jean de Mailly, um padre dominicano que deu o traçado básico da fábula. Ele escreveu que o Papa Vítor III (1087), que teve um pontificado de apenas quatro meses, foi sucedido por uma mulher disfarçada de homem, que morreu após o parto durante uma procissão papal.

Um outro padre dominicano e um frade franciscano repetiram o conto em suas próprias obras, mas mudaram o "papado" feminino para 1100, em seguida para 915. Foi então incluída em "Chronicle of Popes and Emperors" (Crônica de Papas e Imperadores) de Martin de Troppau no final do século XIII. Martin deu à história a sua estrutura essencial, com Joana sendo eleita como "João Ânglico" após a morte do Papa Leão IV (847-855). Cavalgando em procissão da Basílica de São Pedro à Basílica Lateranense, ela supostamente deu à luz em uma rua estreita entre o Coliseu e a Basílica de São Clemente. Ela morreu de parto e foi sepultada no local. As gerações posteriores juntaram à história os detalhes sangrentos de uma multidão irada matando o bebê e ela.

Um Mito Ganha, Perde, Evapora-se

O mito de Joana teria sido esquecido como a invenção que era se não fosse pego pelo poeta italiano Boccaccio no século XIV que o usou para sua própria propaganda antipapista. Outros humanistas seguiram o exemplo, tentando estabelecer uma pontuação italiana contra os papas para seus patrocinadores que pagavam bem. A Catedral de Siena tinha um busto de Joana, um sinal, menos de sua historicidade do que de sua contenda com o Vaticano. Pham assinala que a história de Joana foi mais tarde usada pelo dissidente de Boêmia João Hus (m. 1415) como parte da sua lista de supostos crimes do papado.

Já no século XV, quando começaram as primeiras agitações daquilo que poderia ser chamado de uma abordagem mais disciplinada da história, a história de Joana foi posta em questão. Quando a fábula foi usada como forragem anticatólica durante a Reforma Protestante, historiadores católicos começaram a questionar a sua historicidade. E logo, por estranho que pareça, a sua perspectiva foi confirmada por um historiador francês calvinista.

David Blondel (1590-1655), que viveu na Holanda, foi um protestante que efetivamente usou as primeiras ferramentas de estudo histórico para desmantelar o mito da Papisa Joana. Seguindo a história dos Papas durante esse período e a falta de qualquer menção contemporânea de Joana que haveria, seria um evento espantoso para ser explorado pelos inimigos papais, se fosse verdadeiro. Ele repudiou a lenda. Os companheiros protestantes dele da época recusavam Blondel porque, como disse Pierre Bayle, "o interesse protestante requer que a história de Joana seja verdadeira".

E por isso a lenda da Papisa Joana persistiu. Ela fez boa polêmica na Reforma. A história da Papisa Joana não foi inventada na Reforma, assim como foram muitas lendas urbanas católicas. Mas a Reforma lhe deu o ímpeto para saltar ao pensamento moderno - e por fim aparecer em um especial da ABC News no século XXI.

A Lacuna Faltando

A falha fundamental na lenda da Papisa Joana e o motivo de qualquer historiador sério reijeitá-la é que não há "lacuna" no registro histórico real rastreável onde a "Papisa Joana" teria se adequado se a lenda fosse verdadeira. A lenda coloca a Papisa Joana no papado de 855 a 857, eleita como "João Ânglico". Mas o Papa Leão IV, que morreu em junho de 855, foi imediatamente sucedido pelo Papa Bento III. Sabemos disso porque a eleição de Bento não foi sem controvérsia. O imperador bizantino tentou fazer com que seu filho se instalasse como Papa em seu lugar. Roma foi invadida e Bento, preso. Quando os romanos se opuseram a isso, Bento foi libertado da prisão em setembro. Simplesmente não havia espaço de tempo histórico em que um Papa imaginário pudesse ter tomado lugar.

De igual importância para os historiadores é a ausência de qualquer registro, menção ou referência a uma "Papisa Joana" até quase 400 anos depois de sua eleição. Como Blondel percebeu, teria sido impossível que um evento como esse acontecesse ou que um papado tivesse existido por aproximadamente três anos sem algum registro contemporâneo daqueles anos. E mesmo quando algumas versões avançam a data, uma lacuna de séculos antes de ela ser mencionada pela primeira vez permanece, e o registro histórico dos papas existentes naqueles tempos é irrefutável.

Então, logicamente, não houve Papisa Joana.

Duas questões permanecem: Onde a lenda surgiu pela primeira vez e por que nós ainda lidamos com ela hoje?

Quanto a de onde veio a lenda, os historiadores só podem conjecturar. Pham afirma que "o cerne da história geralmente é considerado como sendo um antigo conto popular romano" (Heirs 254). Outros veem uma possível fonte saindo de alegações de que o Papa João VIII (872-882) fosse efeminado, mesmo que essa acusação pareça ter carência substancial. Ainda outros sugerem que a história possa ter vindo do papado do Papa Sérgio (904-911), a quem os romanos viam como fraco e dominado por mulheres poderosas e corruptas. Alguns historiadores acreditam que a lenda possa ter vindo do Império Bizantino do Oriente como um meio para desacreditar o papado "ocidental".

Qualquer que seja a fonte, a história é repleta de lendas de mulheres disfarçadas de homens subindo até grandes posições. A Grécia e a Roma Antigas as tinham. Mas o propósito de tais lendas geralmente era satírico: pretendia-se mostrar quão fracos ou corruptos tinham se tornado os homens do tempo e do lugar. A moral do conto foi que os homens eram tão sem coragem que uma mulher podia assumir a liderança. E isso significa que a lenda da Papisa Joana é dificilmente uma hagiografia feminista. Isso reflete, no mínimo, um ânimo degradante e persistente com respeito às mulheres que tardou desde a cultura pagã.

Por que ainda estamos lidando com a Papisa Joana hoje quando milhares de lendas medievais parecidas desapareceram? Pesquise "Papisa Joana" no Google e você vai encontrar milhões de referências na internet. A lenda persiste pela mesma razão que todas as lendas urbanas católicas persistem - elas se encaixam com a propaganda anticatólica contemporânea. Joana sobreviveu - apesar das primeiras formas de crítica histórica mostrando-a ser um mito - porque ela se adapta uma ordem do dia.

Como Bayle poderia dizer a Blondel: "O interesse secular requer que a história de Joana seja verdadeira."


***
por Robert P. Lockwood

Traduzido para o Veritatis Splendor por Marcos Zamith.

Fonte: http://www.catholic.com/thisrock/2008/0801tbt.asp



Publicado em 25/08/2011 pelo Professor Felipe Aquino no site:
http://www.cleofas.com.br/ver_conteudo.aspx?m=doc&cat=88&scat=122&id=4469

QUARESMA: UMA PRÁTICA QUE SE REPETE DESDE OS PRIMÓRDIOS DO CRISTIANISMO

ROMA, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012 (ZENIT.org) – Em preparação para a Páscoa, surgiu já nos primeiros tempos do cristianismo um período voltado a preparar melhor os fiéis para o mistério central da Redenção de Cristo.
Esse período era de um dia apenas. Ele foi se alongando com o tempo, até chegar à duração de 6 semanas. Daí o nome quaresma, do latim quadragesimae, em referência aos 40 dias de preparação para o mistério pascal. A quaresma, para os fiéis, envolve duas práticas religiosas principais: o jejum e a penitência. O primeiro, que já chegou a ser obrigatório para todos os fiéis entre os 21 e os 60 anos de idade, exceto aos domingos, foi introduzido na Igreja a partir do século IV.
O jejum na antiga Igreja latina abrangia 36 dias. No século V, foram adicionados mais quatro, exemplo que foi seguido em todo o Ocidente com exceção da Igreja ambrosiana. Os antigos monges latinos faziam três quaresmas: a principal, antes da Páscoa; outra antes do Natal, chamada de Quaresma de São Martinho; e a terceira, a de São João Batista, depois de Pentecostes.
Se havia bons motivos para justificar o jejum de 36 dias, havia também excelentes razões para explicar o número 40. Observemos em primeiro lugar que este número nas Sagradas Escrituras representa sempre a dor e o sofrimento.
Durante 40 dias e 40 noites, caiu o dilúvio que inundou a terra e extinguiu a humanidade pecadora (cf. Gn. 7,12). Durante 40 anos, o povo escolhido vagou pelo deserto, em punição por sua ingratidão, antes de entrar na terra prometida (cf. Dt 8,2). Durante 40 dias, Ezequiel ficou deitado sobre o próprio lado direito, em representação do castigo de Deus iminente sobre a cidade de Jerusalém (cf. Ez 4,6). Moisés jejuou durante 40 dias no monte Sinai antes de receber a revelação de Deus (cf. Ex 24, 12-17). Elias viajou durante 40 dias pelo deserto, para escapar da vingança da rainha idólatra Jezabel e ser consolado e instruído pelo Senhor (cf. 1 Reis 19, 1-8). O próprio Jesus, após ter recebido o batismo no Jordão, e antes de começar a vida pública, passou 40 dias e 40 noites no deserto, rezando e jejuando (cf. Mt 4,2).
No passado, o jejum começava com o primeiro domingo da quaresma e terminava ao alvorecer da Ressurreição de Jesus. Como o domingo era um dia festivo, porém, e não lhe cabia portanto o jejum da quaresma, o Dia do Senhor passou a ser excluído da obrigação. A supressão desses 4 dias no período de jejum demandava que o número sagrado de 40 dias fosse recomposto, o que trouxe o início do jejum para a quarta-feira anterior ao primeiro domingo da quaresma.
Este uso começou nos últimos anos da vida de São Gregório Magno, que foi o sumo pontífice de 590 a 604 d.C. A mudança do início da quaresma para a quarta-feira de cinzas pode ser datada, por isto, nos primeiros anos do século VII, entre 600 e 604. Aquela quarta-feira foi chamada justamente de caput jejunii, ou seja, o início do jejum quaresmal, ou caput quadragesimae, início da quaresma.
A penitência para os pecadores públicos começava com a sua separação da participação na liturgia eucarística. Mas uma prescrição eclesiástica propriamente dita a este respeito é encontrada apenas no concílio de Benevento, em 1901, no cânon 4.
O cristianismo primitivo dedicava o período da quaresma a preparar os catecúmenos, que no dia da Páscoa seriam batizados e recebidos na Igreja.
A prática do jejum, desde a mais remota antiguidade, foi imposta pelas leis religiosas de várias culturas. Os livros sagrados da Índia, os papiros do antigo Egito e os livros mosaicos contêm inúmeras exigências relativas ao jejum.
Na observância da quaresma, os orientais são mais severos que os cristãos ocidentais. Na igreja greco-cismática, o jejum é estrito durante todos os 40 dias que precedem a Páscoa. Ninguém pode ser dispensado, nem mesmo o patriarca. Os primeiros monges do cristianismo, ou cenobitas, praticavam o jejum em rememoração de Jesus no deserto. Os cenobitas do Egito comiam contados pedaços de pão por dia, metade pela manhã e metade à noite, com um copo d’água.
Houve um tempo em que não era permitida mais que uma única refeição por dia durante a quaresma. Esta refeição única, no século IV, se realizava após o pôr-do-sol. Mais tarde, ela foi autorizada no meio da tarde. No início do século XVI, a autoridade da Igreja permitiu que se adicionasse à principal refeição a chamada “colatio”, que era um leve jantar. Suavizando-se cada vez mais os rigores, a carne, que antes era absolutamente proibida durante toda a quaresma, passou a ser admitida na refeição principal até três vezes por semana.
As taxativas exigências do jejum quaresmal eram publicadas todos os anos em Roma no famoso Édito sobre a Observância da Quaresma. A prática do jejum, no passado, era realmente obrigatória, e quem a violasse assumia sérias consequências.
Os rigores eram tais que o VIII Concílio de Toledo, em 653, ordenou que todos os que tinham comido carne na quaresma sem necessidade se abstivessem durante todo o ano e não recebessem a comunhão no dia da Páscoa.
Giovanni Preziosi

Autor: Bíblia Católica | Postado dia 22/02/2012 em: Doutrina Católica


terça-feira, 27 de março de 2012

PROCUREIS OCASIÕES DE SANTIDADE



Olá sentinela da manhã,

Dia desses eu estava ouvindo uma pregação um pouco antiga do Monsenhor Jonas Abib cujo título é “Abandoneis as ocasiões de pecado”. Como o próprio título já nos antecipa, Pe. Jonas nos exortava sobre a necessidade de fugirmos daquelas situações que não são propriamente pecaminosas, mas que muito provavelmente nos levariam a desobedecer a Deus.
Pois é, amigo sentinela, esse mundo é tão cheio dessas situações, não é verdade? As festas, as conversas maliciosas, sexualidade e afetividade desregrada… Não só parece, essas coisas estão ao nosso redor e por vezes sufocam os nossos ideais cristãos.
Mas com esse texto quero levar até você, meu companheiro de luta, uma proposta bastante interessante que o Mons. Jonas nos faz: encher esse mundo de ocasiões de santidade. Isso mesmo, ocasiões de santidade.
Faz parte da nossa missão de sentinelas fugir (e ajudar os outros a fugirem também) das ocasiões de pecado. Mas… e aí? Pra onde fugir? Pra ocasiões de santidade, ora. E que ocasiões são essas? Além dos nossos indispensáveis Grupos de Oração, são shows religiosos, conversas informais santas com os amigos na sua calçada, luaus, cinema com os amigos para ver um filme edificante… opções não faltam, vai do que a sua santidade mandar. Aposte em atividades que te façam desenvolver a vivência fraterna
Momentos como esses são importantes para você que está seguindo os passos de Deus, que quer ser santo de calça jeans. É muito bom encontrar com amigos que estão na mesma luta que nós, a caminhada fica menos cansativa, e a gente já consegue enxergar os benefícios aqui na Terra.
Mas atenção! Cuidado pra não se fechar ao mundo ao seu redor. Nós somos do céu, mas estamos no mundo. De nada adiantaria fazermos um clubinho fechado somente para aqueles que “são santos” (afinal, ainda não o somos, estamos na caminhada). Temos uma missão, lembra? Semear a cultura de Pentecostes, levar a Boa Nova àqueles que ainda não ouviram-na.
Então faça dessas suas ocasiões de santidade, ocasiões de santidade também para aqueles que ainda não conseguiram abandonar as ocasiões de pecado. Pra muitos abandonar só por abandonar não é fator muito impactante, muitos precisam conhecer uma realidade diferente daquelas nas quais eles estão. Ocasiões onde o amor de Deus possa ser sentido, um amor de verdade.
E uma dica, não há nada que te obrigue a falar apenas de Deus nas suas ocasiões de santidade, para isso já tem o Grupo de Oração, a Santa Missa e as suas orações. Tais ocasiões são bastante proveitosas se tivermos em mente que “vale tudo, só não vale desobedecer a Deus”, você vai ver que opções são muitas e vai chegar a conclusão de que aquelas ocasiões de pecado só ocorriam pelo fato de você ainda não conhecer a graça de viver em Deus.
E aproveite pra comentar por aqui o que você pensa em fazer pra abandonar as ocasiões de pecado e dizer sim às ocasiões de santidade.

Paz e fogo!
por Isaak Felipe

Publicado no domingo, dia 08/01/2012 no Blog:
http://rccacari.blogspot.com.br/2012/01/procureis-ocasioes-de-santidade.html

UM POUCO DA HISTÓRIA DO NOSSO MOVIMENTO


Uma mensagem de Agnes e Ivan Silvério para todos os membros de CNSE - Comunidades Nossa Senhora da Esperança em Cantinho Pe.Caffarel (não oficial)!
Formação
Recebemos alguns pedidos para falarmos um pouco da história do nosso Movimento que ainda não teria sido percebida por todos. Assim seguem algumas informações que julgamos importantes:
1 – Como surgiu:
Foi uma iniciativa da Da. Nancy Cajado Moncau, ocorrida em Fevereiro de 2003, a época com 93 anos de idade. Baseou-se na experiência do Pe. Caffarel que, ao longo da II guerra mundial, atendeu um pedido das jovens viúvas francesas (equipistas), cujos maridos haviam falecido em campos de batalha, iniciando com elas um trabalho de apoio no campo espiritual e religioso.
O grande mérito da Da. Nancy foi intuir que deveria adotar no Brasil a mesma linha metodológica das Equipes de Nossa Senhora e acolher, além de quem vive o estado de vida da viuvez, também as pessoas sós, entendo-se como tal as Solteiras (já com certa idade) e também as Separadas ou Divorciadas que continuam sós.
2 – Objetivos
Após ser formada a Equipe de Trabalho aos poucos foi-se esboçando a proposta de um Movimento ainda sem nome, mas que tinha como pano de fundo a entre-ajuda fraterna, para mostrar que Deus, Pai amoroso, jamais iria desamparar ninguém, independente do seu estado de vida. Assim, a preocupação era que, em Grupos, novos caminhos e novas maneiras de viver fossem descobertas nos planos espiritual e religioso. Outra preocupação era mostrar que a solidão e a vida distante de Deus não tinha nenhum sentido. Já em “comunidade” ou pequenos grupos, uma (um) seria o instrumento da outra (outro) para fazer da provação não uma resignação, mas uma prova de confiança e amor na infinita bondade do Criador.
3 – Compromissos
Tratando-se de um novo Movimento da Igreja, para que se firmasse e se consolidasse, era indispensável que tivesse em sua proposta básica alguns compromissos que deveriam ser incorporados por quem dele viesse a fazer parte. Por compromissos, no plano estritamente religioso, subentende-se a aceitação amorosa, sincera e leal daquilo que é proposto, não como obrigação e sim como demonstração de confiança e espírito de pertença. Sem o chamado “compromisso” ou Regra, nosso Movimento teria vida curta. Dessa forma, foram definidos como “compromissos” o seguinte:
a)                  Esforço de Oração (prática diária): Leitura Bíblica; Meditação ou Oração Interior e Regra de Vida.
b)                  Reunião Mensal: Momento de acolher o amor de Deus, partilhar a vida e testemunhar os ganhos que vão sendo paulatinamente adquiridos.
c)                   Vida do Grupo ou da Comunidade: Não se forma uma pequena ecclésia ou Comunidade, apenas com uma reunião mensal. Dai ser importante que todas/os percebam que terminada a reunião formal, vem a vida do Grupo, ou seja, aquilo que une, ajuda, alegra, dá vida, como os encontros para um chá da tarde, passeios, reza do terço (seguido de um cafezinho) e tudo mais que o próprio grupo possa julgar interessante. A Vida do Grupo, como se percebe, precisa ser valorizada e incentivada.

4 – Retiro Anual ou Dia de Reflexão
Embora realizado apenas uma vez ao ano, a riqueza e os ganhos espirituais de participar de um Retiro ou Dia de Reflexão são inenarráveis. Quem deixa de participar, não avalia o que deixou passar ao largo. Outra coisa que precisa ser percebida é que esses eventos são exclusivos para quem vive o estado de vida da viúves ou de pessoa só.  Portanto, é bem diferente do que participar de um Retiro da Paróquia ou daqueles próprios para casais.
Observação: pedimos aos leitores desse Informativo que enviem sua opinião, sugestões, críticas – etc. para nos ajudar a melhorá-lo cada vez mais. Nosso objetivo é mostrar a caminhada do Movimento, publicar testemunhos, eventos realizados, passar informações, manter a unidade e por fim mostrar que estamos unidos e nos espalhando pelo Brasil afora.

Tereza P.Shoshima e o Casal Cleide e Valentim Giansante

Visite CNSE - Comunidades Nossa Senhora da Esperança em:
http://amigos-ens.ning.com/groups/group/show?id=3437977%3AGroup%3A20350&xg_source=msg_mes_group
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segunda-feira, 26 de março de 2012

A DEPRESSÃO

Dom Murilo Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia / Primaz do Brasil
Cada época da História tem características próprias, que a identificam. Seria a depressão uma das características de nossa época? Afinal, em nossos tempos é significativo o número de pessoas que vivem naquela situação que o dicionário Aurélio define como “distúrbio mental caracterizado por adinamia [estado de prostração física e/ou moral; falta de forças], desânimo, sensação de cansaço, e cujo quadro muitas vezes inclui, também, ansiedade, em grau maior ou menor”. Para os laboratórios e as farmácias, a depressão é uma das principais fontes de lucro.
Segundo alguns estudiosos, há dois grandes tipos de depressão: aquela que pode ser padecida por uma pessoa, sem que ela tenha enfrentado algum grande problema, e a que tem origem na perda de um bem, na ameaça de um mal ou na incapacidade de assumir a realidade que a envolve. Nos dois casos, o que caracteriza seu estado é a tristeza. A pessoa fica triste pela consciência de ser privada de um bem ou pelo medo de perdê-lo.
Em nossos dias, uma das causas da depressão é o medo. Muitos se sentem inseguros, por causa das exigências no mundo do trabalho (medo de perder o emprego), na família (as brigas dos pais fazem nascer no coração dos filhos perguntas do tipo: “Será que eles vão se separar? O que acontecerá comigo?”), na sociedade (leia-se: problemas econômicos), diante do futuro (“O que me espera?”, “Como será minha velhice?”) etc. A insegurança faz nascer a angústia; essa pode fazer nascer obsessões, fobias, depressão...
Nas últimas décadas, psiquiatras têm percebido que por baixo da depressão há, muitas vezes, a falta de um sentido para a vida. Curioso, faz quase dezesseis séculos, alguém já havia observado: “Criaste-nos para ti, Senhor, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti” (Santo Agostinho). O bispo de Hipona havia percebido que o homem é um ser transcendente,  isto é, sente necessidade de relacionar-se com Deus e com os outros, e quando essa dimensão é ignorada, ele não se realiza como ser humano.
Para Freud, muitas neuroses teriam como causa a repressão sexual. A cura se obteria pela liberação dos instintos. Vivesse em nossos dias, o pai da psicanálise constataria que, apesar da liberdade sexual de nossa época, os transtornos psíquicos só aumentaram. Freud fez descobertas importantes no campo da psiquiatria, mas errou ao assumir como absolutas algumas dessas descobertas, reduzindo o homem a um conjunto de instintos.
Depois de Freud veio Alfred Adler, para quem os complexos humanos têm sua origem no desejo de poder. Não conseguindo o que quer, a pessoa sente-se inferiorizada, triste. Mais uma vez, estamos diante de uma visão parcial da realidade. Parcial, também, foi a resposta de Jung: julgava que a tendência fundamental do ser humano é a vontade de autorrealização.
Posteriormente, Viktor Frankl estudou as intuições de seus predecessores e deu sua própria explicação: o ser humano não é só dominado pelo instinto do prazer, nem pela vontade de dominar. É um ser livre e responsável, condicionado, mas nunca determinado: age buscando encontrar um sentido para a própria vida.
Pode-se errar na busca de um sentido para a vida. Dou um exemplo extremo: há pessoas que amarram uma bomba em si próprias e a ativam quando estão no meio de uma multidão de pessoas inocentes. Antes de fazerem isso, gravam um depoimento, gloriando-se de seu ato. Morrem, e matam inocentes, considerando-se heróis.
Alguém já disse que a porta da felicidade se abre para fora, e quem procura abri-la para dentro acaba por fechá-la hermeticamente. Criados para Deus e para os outros, não nos realizamos no egoísmo, na busca do poder e na satisfação dos instintos. Segundo a fé cristã, só nos realizamos no dom de nós mesmos. Ou, dito isso na linguagem do Salmista: “...tende confiança no Senhor. Muitos dizem: ‘Quem nos fará provar o bem?’ Levanta sobre nós, Senhor, a lua da tua face. Deste mais alegria ao meu coração do que àqueles que têm muito trigo e vinho. Em paz, logo que me deito, adormeço, pois só tu,Senhor, me fazes descansar com segurança” (Sl 4,6-9).
http://catequizandoadultos.blogspot.com.br/2012/03/depressao.html