O decreto Perfectae
Caritatis, promulgado pelo Papa Paulo VI em 1965, no Sagrado Concílio
Vaticano II, propõe-se a tratar da disciplina e vida de famílias e Ordens
religiosas, bem como, de homens e mulheres leigos, confirmados na
vocação e em plena comunhão de fé, que possuem
o carisma e a função de
libertar a secularidade do mundo, mediante o anúncio de Jesus Cristo, exortando-os a adaptarem as suas vidas às
exigências modernas, renovando a vida religiosa sob o impulso do Espírito Santo
e a orientação da Igreja, com o princípio de que o seguimento de Cristo
proposto no Evangelho é a Regra de Vida suprema de todo Instituto, Ordem ou
família religiosa.
A Regra de Vida é um instituto importante desde o
início da vida da Igreja ao ponto de dizer que toda Ordem
ou Congregação Religiosa, forçosamente, precisa escolher uma Regra de Vida. No Ocidente, a grande Regra monástica
é a de São Bento, que data do século VI e se assenta nos dois grandes pilares
da vida beneditina: Ora et
Labora (reza e trabalha). Mais
tarde, no século XIII, quando o Papa exige de Francisco de Assis uma regra para
fundar a sua Ordem Religiosa, ele diz ao Papa que o Evangelho há de ser a sua
Regra, o que lhe é negado e então Francisco redige-a, apresenta-a
ao Papa que a acha muito severa, mas, que acaba por promulgá-la. E São Domingos, que já vivia a Regra de
Santo Agostinho resolve adotá-la para os seus frades, sendo esta a mais famosa das Regras de Ordens Religiosas, tendo
como princípios fundamentais a pobreza, castidade, obediência, desapego do
mundo, repartição do trabalho, dever mútuo de superiores e irmãos, caridade
fraterna, oração, abstinência comum e proporcional à força do indivíduo,
cuidado dos doentes, silêncio, leitura e a vida em fraternidade.
Nota-se que Regra de Vida é uma
exigência de Cristo para quem deseja libertar-se de todas as prisões que oprimem e destroem a pessoa humana,
almejam a salvação e se dispõem a serem fermento na massa, sal e luz do mundo.
Com igual exigência a Regra de Vida precisa estar presente na vocação laical ao
estado de vida matrimonial, quando somos chamados a ser pai, a ser mãe, a gerar
vida, a constituir família. A família que é chamada a constituir a Igreja
doméstica.
E o Movimento das Equipes de Nossa
Senhora fundado pelo Padre Henri Caffarel não poderia ficar indiferente ao
esforço presente na Regra de Vida, e desde o princípio a instituiu entre os
seus tesouros, denominados pontos concretos de esforço, que nos são oferecidos
para crescimento da espiritualidade conjugal e auxílio na caminhada rumo à
santidade. A Regra de Vida, que significa para nós um esforço, que pode ser
individual ou do casal, visando a uma mudança hábitos, atitudes, gestos,
palavras ou até pensamentos que estabeleçam barreiras à boa convivência na vida
matrimonial, com os filhos, a família ou na vida social, assim como àqueles que
sejam entraves para a nossa vida de oração, de amor e doação a Deus e ao
próximo. As melhores Regras de Vida normalmente resultam do reconhecimento de
nossas faltas, de atos de arrependimento e humildade, e devem sempre ser
estabelecidas a partir de um sério exame de consciência, para que possamos
perceber as ações ou omissões que nos afastam de Jesus Cristo e nos impedem de
entrar em comunhão com o mistério que a Igreja representa.
A Regra de Vida nos induz a uma melhoria da
disciplina cristã, começando por dar pequenos passos de cada vez, por exemplo,
com o casal equipista assumindo o compromisso de realização de algum dos pontos
concretos de esforço que lhes cause mais dificuldades. Santo Agostinho ao
elaborar a sua Regra de Vida, a concluiu com essa linda oração: “Conceda o Senhor que observeis tudo isto com agrado, como amantes da
beleza espiritual, exalando em vosso comportamento o bom odor de Cristo, não
como servos sob o peso da lei, mas como homens livres sob a força da graça.
Mas, para que possais ver-vos neste pequeno livro como num espelho e nada se
deixe de cumprir, por esquecimento, leia-se uma vez por semana. E se vedes que
cumpris todas as prescrições aqui apresentadas, dai graças a Deus, distribuidor
de todos os bens; se, porém, algum de vós reparar haver falhado em alguma
coisa, lamente o passado, precavenha-se para o futuro, rogando a Deus lhe
perdoe a sua falta e não o deixe cair na tentação. Amém.”
Deborah
e Rubens José
Equipe
do Enfoques
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