(As pessoas que não rezam, ou que rezam pouco, são como esse anêmicos aos quais os médicos dizem: “Você está sem defesas, na primeira epidemia vice será atacado.”)
A grave doença que faz estragos na cristandade começa a contagiar nosso Movimento.
O tempo que, durante as diversas reuniões, deveria ser dedicado a rezar juntos, a descobrir as “mirabilia Dei” (de que nos fala a liturgia dos dias de Pentecostes), em meditar as “insondáveis riquezas de Cristo”, em ajudar-nos mutuamente para melhor servir a nosso Deus, em uma palavra, a viver um cristianismo mais autêntico, mais gozoso e alegre, este tempo é frequentemente desperdiçado pondo mil coisas em julgamento: a autoridade do Papa, as regras da moral conjugal, o celibato dos Sacerdotes, a presença real, a ressurreição de Cristo, a virgindade de Maria, etc., etc., etc., e a Carta Fundacional das Equipes, e as obrigações do Movimento e as orientações do Centro Diretor.
Sim, trata-se verdadeiramente de uma enfermidade, uma doença da fé que, por outro lado, com frequência não deixa o psiquismo incólume: um médico do movimento, membro de uma equipe de Setor, me dizia que estava espantado pela multiplicação de desordens psíquicas e depressões nervosas tanto entre casais cristãos como entre os outros. E não e o único. Os membros de um congresso médico discutiam intensamente sobre o que lhes parecia ser um grave sintoma que fazia temer o pior para “o equilíbrio individual e o equilíbrio social: o aumento do índice de agressividade” entre os nossos contemporâneos.
O que chamo de “enfermidade da fé” não é a única explicação destas desordens psíquicas. O enorme excesso de trabalho profissional, o erotismo do ambiente, o “descontrole sexual”, a ansiedade provocada pelas leituras da imprensa, etc., e, com frequência entre os melhores, uma abnegação que os conduz a uma excessiva fadiga ao serviço das tarefas da Igreja e da cidade são outras tantas causas das desordens que assinalamos. Mas eu creio que a anemia da fé é, de longe, a causa principal ou pelo menos a explicação de sua falta de resistência às agressões procedentes do exterior.
Esta anemia da fé e seus efeitos sobre o equilíbrio individual e a vitalidade dos movimentos cristãos, tem uma explicação: o abandono muito generalizado da oração. Quarenta anos de ministério sacerdotal, de direção espiritual não me deixam a menor dúvida: as pessoas que não rezam ou rezam pouco são como esses anêmicos aos quais os médicos dizem: “Você está sem defesas; na primeira epidemia Você será atacado.”
E se seu Movimento começa a se contagiar, deve-se isso a que muitos membros não rezam: as sondagens revelam que uns 48% dos quadros não permanecem fiéis aos 10 minutos de oração cotidiana e que poucos são os membros que, depois de terem sido responsáveis, conservam o hábito da oração. Será que nossas equipes deixaram de ser escolas de oração? Porém, este é um aspecto essencial de sua razão de ser. Quando rememoro as lembranças das primeiras equipes, volto a encontrar esta necessidade, essa alegria de rezarem juntos que animava os casais. É verdade que, então, tínhamos guerra, privações, ameaças, medo, prisões e deportações... E agora a vida está fácil, ou em outras palavras, ou em outras palavras, a vida apresenta dificuldades da vida fácil.
Se as Equipes de Nossa Senhora não fossem “escolas de oração”, não tardariam em se esgotar e claudicar.
Paradoxal! No momento em que tantos cristãos já não escutam a Cristo que são convidados à oração, à vigilância na oração, à oração atuante, alguns médicos, psicólogos, frequentemente agnósticos, dão o sinal de alarme. Esta semana, caíram em minhas mãos dois artigos que aparecem na imprensa. Dois médicos célebres declaram que as sociedades declinam infalivelmente à degeneração quando desaparece a prática da oração pessoal (do tipo meditação ou prece), qu a influência da oração sobre o organismo humano pode ser medida e demonstrada, assim como a secreção das glândulas: graças a ela o psiquismo adquire controle, unidade, equilíbrio, desenvolvimento. Eles afirmam que a oração é um fator essencial da maturação da personalidade. E, apesar disso, muitos são os discípulos de Cristo que “questionam” a necessidade da oração. Dizia-me, antes de ontem, um dirigente de um movimento católico: “Quando alguém tem responsabilidades como as minhas, onde arranjar tempo para rezar?”.
Outro paradoxo: enquanto nas comunidades e assembleias cristãs se esquece o ensino da ciência e da arte da oração e o mesmo ocorre em mais de um convento, nossas cidades populosas se vêem invadidas por <>, monges budistas que abrem escolas de meditação, obtém enorme sucesso. Vemos como acodem ali cristãos, leigos, sacerdotes e religiosas, que vão buscar o que já não encontram na comunidade cristã.
Compreenderão todos os membros do Movimento (existem os que compreendem admiravelmente) que antes de tudo, é necessário aprender a rezar, que uma Equipe de Nossa Senhora deve ser em primeiro lugar uma escola de oração, que é anormal para um cristão evoluído não dedicar, a menos que tenha algum impedimento grave, um tempo apreciável para a oração cotidiana, que os pais deveriam ser os primeiros mestres a ensinar seus filhos a rezar, que o apostolado consiste em ensinar a arte de respirar, quero dizer de rezar a todos estes asfixiados que nos rodeiam?
Estarão as equipes de Nossa Senhora à altura da situação, nesta Igreja pó- conciliar, que vê como se afundam tantas Instituições antigas e surgem, apesar de modestamente, iniciativas ricas em vitalidade espiritual?
Fonte: Livro “CENTELHAS DE SUA MENSAGEM” – Pe. Caffarel
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