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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

PAPA JOÃO PAULO II - ATO DE CONSAGRAÇÃO À SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA

CIDADE DO VATICANO, 8 OUT 2000

Segue o texto integral do Ato de Consagração a Santíssima Virgem Maria, lido pelo papa João Paulo II e por todos os 1500 bispos presentes ao final da missa na praça de São Pedro por ocasião do Jubileu dos Bispos.

1. "Mulher, eis aí o teu filho"(Jo 19,26). Enquanto nos aproximamos do final deste Ano Jubilar, em que tu, Mãe, nos ofereceu de novo a Jesus, o fruto bendito de teu puríssimo ventre, o Verbo feito carne, o Redentor do mundo, ressoa com especial doçura para nós esta palavra tua que nos conduz até a ti, ao se fazer Mãe nossa: "Mulher, eis aí o teu filho" Ao encomendar-te ao apóstolo João, e com ele os filhos da Igreja, mas ainda a todos os homens, Cristo não atenuava, mas confirmava, seu papel exclusivo como Salvador do mundo. Tu eras esplendor que não faz sombras à luz de Cristo, porque vives Nele e para Ele. Tudo em ti é "fiat". Tu és a Imaculada, és transparência e plenitude de graça. Aqui estamos, pois, teus filhos, reunidos em torno a ti às portas do novo milênio. Hoje a Igreja com a voz do Sucessor de Pedro, a que se unem tantos Pastores provenientes de todas as partes do mundo, busca amparo debaixo de tua materna proteção, e implora confiante tua intercessão diante dos desafios ocultos do futuro.

2. São muitos os que, neste ano de graça, tem vivido e estão vivendo a alegria transbordante da misericórdia que o Pai nos tem dado em Cristo. Nas Igrejas particulares espalhadas pelo mundo e, ainda mais, neste centro do cristianismo, muitas classes de pessoas tem acolhido este dom. Aqui tem vibrado o entusiasmo dos jovens, aqui tem sido elevado a súplica dos enfermos. Por aqui tem passado sacerdotes e religiosos, artistas, homens do trabalho e da ciência, crianças e adultos e todos eles têm reconhecido em teu amado Filho o Verbo de Deus, encarnado em teu seio. Faça Mãe, com tua intercessão, que os frutos deste Ano não se dissipem, e que as sementes de graças se desenvolvam até alcançar plenamente a santidade, a que todos estamos chamados.

3. Hoje queremos confiar-te o futuro que nos espera, rogando que nos acompanhes em nosso caminho. Somos homens e mulheres de uma época extraordinária, tão apaixonante como rica de contradições. A humanidade possui hoje instrumentos de potência inaudita. Pode fazer deste mundo um jardim ou reduzi-lo a um monte de escombros. Conseguiu uma extraordinária
capacidade de intervir nas fontes mesmas da vida. Pode usá-las para o bem, dentro dos limites da lei moral, ou ceder ao orgulho míope de uma ciência que não aceita limites, chegando inclusive a pisotear o respeito devido a cada ser humano. Hoje como nunca no passado, a humanidade está em uma encruzilhada. E, uma vez mais, a salvação está só e inteiramente ó Virgem Santa, em teu Filho Jesus.

4. Por isto, Mãe, como o apóstolo João, queremos acolher-te em nossa casa (cf. Jo 19,27), para aprender de ti a ser como teu Filho. "Mulher, eis aqui o teu filho!" Estamos aqui, diante de ti, para confiar a teus cuidados maternos a nós mesmos, a Igreja e ao mundo inteiro. Roga por nós a teu querido Filho, para que nos dê com abundância o Espírito Santo, o Espírito de Verdade que é fonte de vida. Acolhe-o por nós e conosco, como na primeira comunidade de Jerusalém, reunida em torno de ti no dia de Pentecostes (cf. At 1, 14). Que o Espírito abra os corações à justiça e ao amor, guie as pessoas e as nações a uma compreensão recíproca e a um firme desejo de paz. Te encomendamos a todos os homens, começando pelos mais fracos: às crianças que ainda não viram a luz e aos que tem nascido em meio à pobreza e do sofrimento; aos jovens em busca de sentido, as pessoas que não têm trabalho e as que padecem fome e doenças. Te encomendamos as famílias destruídas, os ancião que carecem de assistência e quantos estão sós e sem esperanças.

. Ó Mãe, que conhece os sofrimentos e as esperanças da Igreja e do mundo, ajuda os teus filhos nas provas cotidianas que a vida reserva a cada um e, faça que, pelo esforço de todos, as trevas não prevaleçam sobre a luz. A ti, aurora da salvação, confiamos nosso caminho no novo Milênio, para que sob tua guia todos os homens descubram a Cristo, luz do mundo e único Salvador, que reina com o Pai e o Espírito Santo por todos os séculos dos séculos. 
Amém.
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Fonte: Vaticano
Santa Sé
Papa João Paulo II
Home Page: http://www.vatican.va

A PALAVRA DO PAPA FRANCISCO - EM MEMÓRIA DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
 NO DIA DA MEMÓRIA DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA
Igreja do Santíssimo Nome de Jesus, Roma
Quarta-feira, 31 de Julho de 2013

Nesta Eucaristia, na qual celebramos o nosso Pai Inácio de Loyola, à luz das leituras que ouvimos, gostaria de propor três pensamentos simples, orientados por três expressões: pôr Cristo e a Igreja no centro; deixar-se conquistar por Ele para servir; sentir vergonha pelos nossos limites e pecados, para sermos humildes diante dele e dos irmãos.
1. O nosso brasão, de nós jesuítas, é um monograma, o acrónimo de Iesus Hominum Salvator (IHS). Cada um de vós poderá dizer-me: sabemo-lo muito bem! Mas este brasão recorda-nos continuamente uma realidade que nunca podemos esquecer: a centralidade de Cristo para cada um de nós e para a Companhia inteira, que santo Inácio quis chamar precisamente «de Jesus», para indicar o ponto de referência. De resto, também no início dos Exercícios Espirituais ele nos põe diante de nosso Senhor Jesus Cristo, do nosso Criador e Salvador (cf. EE, 6). E isto leva-nos, a nós jesuítas, e a toda a Companhia, a sermos «descentrados», a termos à nossa frente «Cristo sempre maior», o Deus semper maior, o intimior intimo meo, que nos conduz continuamente para fora de nós mesmos, que nos leva a uma certa kenosis, a «sair do próprio amor, desejo e interesse» (EE, 189). Não é dada por certa a pergunta dirigida a nós, a todos nós: é Cristo o centro da minha vida? Ponho verdadeiramente Cristo no centro da minha vida? Porque há sempre a tentação de pensar que nós estamos no centro. E quando um jesuíta se põe a si mesmo no centro, e não Cristo, erra. Na primeira leitura, Moisés repete com insistência ao povo que ame o Senhor, que percorra os seus caminhos, «porque Ele é a tua vida» (cf. Dt 30, 16.20). Cristo é a nossa vida! À centralidade de Cristo corresponde também a centralidade da Igreja: são dois focos que não se podem separar: não posso seguir Cristo, a não ser na Igreja e com a Igreja. E também neste caso nós, jesuítas, e toda a Companhia não estamos no centro, estamos por assim dizer «deslocados», estamos ao serviço de Cristo e da Igreja, Esposa de Cristo nosso Senhor, que é a nossa Santa Mãe Igreja Hierárquica (cf. EE, 353). Devemos ser homens radicados e fundados na Igreja: assim nos quer Jesus. Não pode haver caminhos paralelos nem isolados. Sim, caminhos de investigação, caminhos criativos, sim, isto é importante: ir rumo às periferias, às numerosas periferias. Por isso a criatividade é necessária, mas sempre em comunidade, na Igreja, com esta pertença que nos infunde a coragem para ir em frente. Servir Cristo é amar esta Igreja concreta, e servi-la com generosidade e espírito de obediência.
2. Qual é o caminho para viver esta centralidade dupla? Olhemos para a experiência de são Paulo, que é também a experiência de santo Inácio. Na segunda leitura, que há pouco ouvimos, o apóstolo escreve: esforço-me por correr rumo à perfeição de Cristo, «porque também eu fui conquistado por Jesus Cristo» (Fl3, 12). Para Paulo isto aconteceu no caminho de Damasco, para Inácio na sua casa em Loyola, mas o ponto fundamental é comum: deixar-se conquistar por Cristo. Procuro Jesus, sirvo Jesus, porque Ele me procurou primeiro, porque fui conquistado por Ele: e este é o âmago da nossa experiência. Mas Ele é o primeiro, sempre. Em espanhol existe uma palavra que é muito gráfica e explica bem isto: Ele «antecede-nos», «El nos primerea». É sempre o primeiro. Quando nós chegamos, Ele já chegou a espera por nós. E aqui gostaria de evocar a meditação sobre o Reino, na Segunda Semana. Cristo nosso Senhor, Rei eterno, chama cada um de nós, dizendo-nos: «Quem quiser vir comigo deve trabalhar comigo para que, seguindo-me no sofrimento, me siga também na glória» (EE, 95): ser conquistado por Cristo para oferecer a este Rei toda a nossa pessoa e todo o nosso cansaço (cf. EE, 96); dizer ao Senhor que queremos fazer tudo para o seu maior serviço e louvor, imitá-lo suportando também as injúrias, o desprezo e a pobreza (cf. EE, 98). Mas neste momento penso no nosso irmão na Síria. Deixar-se conquistar por Cristo significa estar sempre orientado para aquilo que está à minha frente, rumo à meta de Cristo (cf. Fl  3, 14), interrogando-se com verdade e sinceridade: que fiz por Cristo? Que faço por Cristo? Que devo fazer por Cristo? (cf. EE, 53).
3. E agora o último ponto. No Evangelho, Jesus diz-nos: «Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a sua vida por amor a mim, salvá-la-á», «Se alguém se envergonhar de mim...» (Lc 9, 24-26). E assim por diante. A vergonha do jesuíta. O convite de Jesus é que nunca nos envergonhemos dele, mas que o sigamos sempre com dedicação total, confiando nele e confiando-se a Ele. Mas olhando para Jesus, como santo Inácio nos ensina na Primeira Semana, sobretudo contemplando Cristo Crucificado, nós experimentamos aquele sentimento tão humano e tão nobre que é a vergonha de não estarmos à altura; consideremos a sabedoria de Cristo e a nossa ignorância; a sua omnipotência e a nossa fragilidade; a sua justiça e a nossa iniquidade; a sua bondade e a nossa maldade (cf. EE, 59). Pedir a graça da vergonha; a vergonha que deriva do contínuo diálogo de misericórdia com Ele; a vergonha que nos faz corar diante de Jesus Cristo; a vergonha que nos põe em sintonia com o Coração de Cristo que se fez pecado por mim; a vergonha que põe em harmonia o nosso coração nas lágrimas e nos acompanha na sequela diária do «meu Senhor». E isto leva-nos sempre, como indivíduos e como Companhia, à humildade, a viver esta grande virtude. A humildade que nos torna cada dia conscientes de que não somos nós que construímos o Reino de Deus, mas é sempre a graça do Senhor que age em nós; a humildade que nos impele a dedicar-nos inteiramente não ao serviço de nós mesmos ou das nossas ideias, mas ao serviço de Cristo e da Igreja, come vasos de barro, frágeis, inadequados e insuficientes, mas nos quais há um tesouro imenso que trazemos e comunicamos o (cf.2 Cor 4, 7). Sempre gostei de pensar no ocaso do jesuíta, em quando termina a vida de um jesuíta, quando declina. E penso sempre em dois ícones deste declínio do jesuíta: um clássico, o de são Francisco Xavier, olhando para a China. A arte pintou muitas vezes este declínio, este ocaso de Xavier. Também a literatura, naquela bonita obra de Pemán. No final, sem nada, mas diante do Senhor; faz-me bem pensar nisto. O outro declínio, o outro ícone que vem à minha mente como exemplo, é o do Padre Arrupe no último diálogo no campo dos refugiados; quando nos disse — o que ele mesmo dizia — «digo isto como se fosse o meu canto do cisne: orai!». A oração, a união com Jesus. E depois de ter dito isto, apanhou o avião, chegou a Roma com um derrame cerebral, que deu início àquele declínio tão prolongado e tão exemplar. Dois declínios, dois ícones que a todos nós fará bem admirar e voltar a meditar sobre eles. E pedir a graça de que o nosso declínio seja o deles.
Prezados irmãos, dirijamo-nos a Nossa Senhora, Àquela que trouxe Cristo no seu ventre e que acompanhou os primeiros passos da Igreja, para que nos ajude a pôr sempre Cristo e a sua Igreja no centro da nossa vida e do nosso ministério; Àquela que foi a primeira e mais perfeita discípula do seu Filho, para que nos ajude a deixar-nos conquistar por Cristo para o seguir e servir em todas as situações; Àquela que respondeu com a humildade mais profunda ao anúncio do Anjo: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38); para que nos faça experimentar a vergonha pela nossa insuficiência diante do tesouro que nos foi confiado, para viver a humildade perante Deus. Acompanhe o nosso caminho a intercessão paterna de santo Inácio e de todos os santos jesuítas, que continuam a ensinar-nos a fazer tudo, com humildade, ad maiorem Dei gloriam.

A PALAVRA DO PAPA FRANCISCO - VISITA PASTORAL A ASSIS

SANTA MISSA
HOMILIA DO SANTO PADRE
Praça São Francisco de Assis
Sexta-feira, 4 de Outubro de 2013
 
«Bendigo-Te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos» (Mt 11, 25).
A todos, paz e bem! Com esta saudação franciscana, agradeço-vos por terdes vindo a esta Praça, cheia de história e fé. Para rezarmos juntos.
Como tantos outros peregrinos, também eu vim hoje, para bendizer o Pai por tudo o que quis revelar a um destes «pequeninos» de que nos fala o Evangelho: Francisco, filho de um comerciante rico de Assis. O encontro com Jesus levou-o a despojar-se de uma vida cómoda e despreocupada, para desposar a «Senhora Pobreza» e viver como verdadeiro filho do Pai que está nos céus. Esta escolha, feita por São Francisco, constituía uma maneira radical de imitar a Cristo, de se revestir d’Aquele que, sendo rico, Se fez pobre para nos enriquecer por meio da sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9). Em toda a vida de Francisco, o amor pelos pobres e a imitação de Cristo pobre são dois elementos indivisivelmente unidos, as duas faces de uma mesma medalha.
De que nos dá hoje testemunho São Francisco? Que nos diz ele, não com as palavras – isso é fácil –, mas com a vida?
1. A primeira coisa que nos diz, a realidade fundamental de que nos dá testemunho é esta: ser cristão é uma relação vital com a Pessoa de Jesus, é revestir-se d’Ele, é assimilação a Ele.
De onde começa o caminho de Francisco para Cristo? Começa do olhar de Jesus na cruz. Deixar-se olhar por Ele no momento em que dá a vida por nós e nos atrai para Ele. Francisco fez esta experiência, de um modo particular, na pequena igreja de São Damião, rezando diante do crucifixo, que poderei também eu venerar hoje. Naquele crucifixo, Jesus não se apresenta morto, mas vivo! O sangue escorre das feridas das mãos, dos pés e do peito, mas aquele sangue exprime vida. Jesus não tem os olhos fechados, mas abertos, bem abertos: um olhar que fala ao coração. E o Crucifixo não nos fala de derrota, de fracasso; paradoxalmente fala-nos de uma morte que é vida, que gera vida, porque nos fala de amor, porque é o Amor de Deus encarnado, e o Amor não morre, antes derrota o mal e a morte. Quem se deixa olhar por Jesus crucificado fica recriado, torna-se uma «nova criatura». E daqui tudo começa: é a experiência da Graça que transforma, de sermos amados sem mérito algum, até sendo pecadores. Por isso, Francisco pode dizer como São Paulo: «Quanto a mim, de nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo» (Gal 6, 14).
Voltamo-nos para ti, Francisco, e te pedimos: ensina-nos a permanecer diante do Crucifixo, a deixar-nos olhar por Ele, a deixar-nos perdoar, recriar pelo seu amor.
2. No Evangelho, ouvimos estas palavras: «Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu hei-de aliviar-vos. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11, 28-29).
Esta é a segunda coisa de que Francisco nos dá testemunho: quem segue a Cristo, recebe a verdadeira paz, a paz que só Ele, e não o mundo, nos pode dar. Na ideia de muitos, São Francisco aparece associado com a paz; e está certo, mas poucos vão em profundidade. Qual é a paz que Francisco acolheu e viveu, e nos transmite? A paz de Cristo, que passou através do maior amor, o da Cruz. É a paz que Jesus Ressuscitado deu aos discípulos, quando apareceu no meio deles (cf. Jo 20, 19.20).
A paz franciscana não é um sentimento piegas. Por favor, este São Francisco não existe! E também não é uma espécie de harmonia panteísta com as energias do cosmos... Também isto não é franciscano! Também isto não é franciscano, mas uma ideia que alguns se formaram. A paz de São Francisco é a de Cristo, e encontra-a quem «toma sobre si» o seu «jugo», isto é, o seu mandamento: Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei (cf. Jo 13, 34; 15, 12). E este jugo não se pode levar com arrogância, presunção, orgulho, mas apenas se pode levar com mansidão e humildade de coração.
Voltamo-nos para ti, Francisco, e te pedimos: ensina-nos a ser «instrumentos da paz», da paz que tem a sua fonte em Deus, a paz que nos trouxe o Senhor Jesus.
3. Francisco começa assim o Cântico das Criaturas: «Altíssimo, omnipotente, bom Senhor, (...) louvado sejas (...) com todas as tuas criaturas» (FF, 1820). O amor por toda a criação, pela sua harmonia ! O Santo de Assis dá testemunho de respeito por tudo o que Deus criou e como Ele o criou, sem fazer experiências sobre a criação destruindo-a; mas ajudá-la a crescer, a ser mais bela e semelhante àquilo que Deus criou. E sobretudo São Francisco dá testemunho de respeito por tudo, dá testemunho de que o homem é chamado a salvaguardar o homem, de modo que o homem esteja no centro da criação, no lugar onde Deus – o Criador – o quis; e não instrumento dos ídolos que nós criamos! A harmonia e a paz! Francisco foi homem de harmonia e de paz. Daqui, desta Cidade da Paz, repito com a força e a mansidão do amor: respeitemos a criação, não sejamos instrumentos de destruição! Respeitemos todo o ser humano: cessem os conflitos armados que ensanguentam a terra, calem-se as armas e que, por toda a parte, o ódio dê lugar ao amor, a ofensa ao perdão e a discórdia à união. Ouçamos o grito dos que choram, sofrem e morrem por causa da violência, do terrorismo ou da guerra na Terra Santa, tão amada por São Francisco, na Síria, em todo o Médio Oriente, no mundo inteiro.
Voltamo-nos para ti, Francisco, e te pedimos: alcançai-nos de Deus o dom de haver, neste nosso mundo, harmonia, paz e respeito pela criação!
Não posso, enfim, esquecer que hoje a Itália celebra São Francisco como seu Padroeiro. E formulo os melhores votos para todos os italianos, na pessoa do Chefe do Governo, aqui presente. Disso mesmo é expressão também o gesto tradicional da oferta do azeite para a lâmpada votiva, que este ano compete precisamente à Região da Úmbria. Rezemos pela Nação Italiana, para que cada um trabalhe sempre pelo bem comum, olhando mais para o que une do que para o que divide.
Faço minha a oração de São Francisco por Assis, pela Itália, pelo mundo: «Peço-Vos, pois, ó Senhor Jesus Cristo, pai das misericórdias, que Vos digneis não olhar à nossa ingratidão, mas recordai-Vos da superabundante compaixão que sempre mostrastes [por esta cidade], para que seja sempre o lugar e a morada de quantos verdadeiramente Vos conhecem e glorificam o vosso bendito e gloriosíssimo nome pelos séculos dos séculos. Amen» (Espelho de perfeição, 124: FF, 1824).