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quinta-feira, 30 de maio de 2013

DOM ALANO MARIA PENA - CABO FRIO, RJ - MISSA CAMPAL COM A CRUZ E O ÍCONE DA JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE RIO 2013






 HOMILIA DE DOM ALANO MARIA PENA (ARCEBISPO EMÉRITO DA ARQUIDIOCESE DE NITERÓI - RJ)
-                    O Papa Francisco vai abraçar com seus olhos a juventude de todo o mundo, reunida no Rio de Janeiro para semear, para fortalecer, para reascender a chama dessa certeza!
-                    Juventude! Cristo te convoca. Juventude! O céu te chama. Juventude! Cristo quer arregimentar seu coração no exército Dele para vencer o mal. O mal está derrotado!
-                    A gente sabe que a mídia moderna procura de todo lado nos esmagar com a certeza de que o Mal venceu, está vencendo e vai vencer.
-                    Pode falar o que quiser porque não está. Está morto! Está definitivamente derrotado! Nunca vencerá um coração cheio de esperança porque Jesus é a vitória pra nossa vida!
-                    Ele quer tomar conta do coração de vocês, meus jovens! De vocês, famílias Cristãs Católicas para que em cada coração haja um santuário mantendo viva a esperança que brilha nos olhos, para um colega drogado, para um amigo derrotado, para um parente que já perdeu a razão de viver, levar ali a chama, a força de uma esperança!
-                    Levanta! Porque Jesus ama você, rapaz. Vamos com Ele! Vamos com Ele!
-                    Essa vertical maravilhosa de cada manhã, o Espírito Santo nos leva a buscar, subindo, subindo, assim como o avião decola do aeroporto e sobe para o alto!
-                    É assim que o Espírito Santo quer fazer: Cada manhã nosso coração, nossa alma, nossa mente, decolar desse nível terreno e subir para Jesus Cristo, para lá nas alturas, então, derramar com Ele tanta coisa importante que o mundo está precisando! 
-                    Nossa juventude é convocada. A família amorosa da Trindade Santíssima convoca nossa juventude a mergulhar fundo, sem medo! Jesus não quer saber de medo no coração de ninguém. As exigências Dele são libertadoras, são maravilhosas!
-                    Tanta gente que inventa minhoca por aí para dizer que Religião tira a liberdade, impede você de viver uma vida gostosa, tudo isso é um palavreado vazio, que leva ao nada.
-                    A verdadeira alegria de abrir os olhos cada manhã, a verdadeira alegria de celebrar a vida nos momentos fortes da juventude, das famílias, nas datas bonitas, nos eventos com alegria, a música que nos envolve para que o coração se abra para o alto e não para baixo, e não pro chão, e não pro nada, e não pro vazio.
-                    A própria maneira de celebrar a vida, de cantar a vida entre nós deve ser uma maneira que reerga, que levante, que entusiasme, porque Jesus Cristo é a nossa luz!
-                    Então, Ele está nos convocando agora para que nós abracemos com Ele esse itinerário que a partir de hoje vai, ainda, percorrendo com os símbolos da Cruz e da Virgem Maria, nossa Mãe, as Paróquias da Região para passar depois a outra Diocese, e finalmente, chegar ao Rio de Janeiro onde vamos encontrar todos com o Papa Francisco para adorar, para celebrar, para gritar a partir do Rio de Janeiro pro mundo inteiro, que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai, amém!
-                    Vamos vivenciar isso com muita fé e os nossos jovens se lembrem sempre, e que cultivem sempre no coração aquela certeza profunda e inabalável que: “Um jovem sem Cristo... ele é SINISTRO, mas um jovem com Cristo... ele é muito MANEIRO!”
-                    E é por aí que nós temos que caminhar para levar essa certeza para a nossa juventude. Olhos iluminados, olhos proclamando diante desse Senhor Jesus, “todo joelho se dobra, no céu, na terra e nos infernos, e toda a língua proclame “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai, amém!

sábado, 25 de maio de 2013

ALPENDRES, VARANDAS E LAREIRAS (Padre Zezeinho) - Por Lenisse Flores e Clédio

COMO DEVEMOS FAZER O SINAL DA CRUZ?

quinta-feira, 16 de maio de 2013

XI ENCONTRO INTERNACIONAL DAS ENS - BRASÍLIA/DF - CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA E ENVIO (+ GIOVANNI D'ANIELLO - NÚNCIO APOSTÓLICO)

Brasília, 26/07/2012 às 10:00 horas.

Caros amigos das Equipes de Nossa Senhora.

Antes de me dirigir a vocês, desejo exprimir a minha profunda gratidão ao Senhor por este encontro e por esta celebração que Ele, na sua infinita bondade, me concede viver.

Foi graças a alguns dos Representantes de vocês, vindos à Nunciatura há algumas semanas para me convidar, que conheci o movimento de vocês, nascido da iniciativa de alguns casais que, acompanhados pelo Pe. Henri Caffarel, no longínquo 1939 decidiram se encontrar mensalmente para redescobrir, juntos, o sentido do matrimônio e as riquezas deste sacramento.

Vocês estão aqui, hoje, na conclusão do Encontro Internacional para agradecer ao Senhor pelos dons recebidos e dispostos a segui-Lo incondicionalmente, para colaborar, sob a proteção da Virgem Maria, na construção de Seu Reino de amor.

Que feliz coincidência que esta celebração se dá no dia em que a Igreja venera os Santos Joaquim e Ana, esposos hebreus exemplares que viveram o tempo crucial em que a humanidade, através do nascimento de Cristo, estava para receber a resposta esperada durante todo o Antigo Testamento. Eles foram escolhidos por Deus para gerar Maria que, por sua vez, geraria o Filho de Deus.

Os versículos que precedem a parábola de Jesus no evangelho de hoje, falam de um doutor da lei que “se levantou para pôr Jesus à prova: Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?”(Lc 10,25). É evidente que o pedido do doutor da lei era somente uma desculpa para poder entabular uma conversa com o Senhor, mas, sobretudo um convite para que Ele se pronunciasse por uma ou outra escola de pensamento daquela época.

Jesus intui as intenções do seu interlocutor e, com habilidade, mas sem humilhá-lo, salta todas as questões teóricas e o convida a olhar ao seu redor para encontrar no necessitado, qualquer um que ele seja e em qualquer lugar que se encontre, uma pessoa a ser amada e ajudada.

Naquela época, os doutores da lei estavam preocupados unicamente em delimitar o campo do “dever” e de preservar-se de todo risco de “inobservância da lei”.

Ao contar a parábola do “Bom Samaritano”, o Senhor, como frequentemente acontecia, perturba o pensamento do seu interlocutor, redimensiona as suas pretensões e as orienta em outra direção, para um mundo novo, levando-o a admitir uma coisa inadmissível: o samaritano, aquele que era considerado herético, maldito, diferente, é bom.

Na realidade, na parábola do samaritano, Jesus parece mais profundamente revelar não imediatamente a verdade do homem, mas a própria verdade de Filho de Deus.

O seu modo de proceder não tem nenhum fundamento lógico fora do fato bem concreto e preciso: Deus amou o mundo, até doar o seu próprio Filho.

Portanto, somente no amor que Deus nos mostrou se encontra o porquê do comportamento exigido ao discípulo fiel. É Deus, de fato, o bom samaritano: é Ele que desceu e nos recolheu na estrada onde estávamos para morrer. Ele se inclinou sobre a humanidade para recolhê-la e erguê-la, como uma ovelha perdida, como um filho pródigo. Somente Deus o fez: doando-nos o Seu Filho.

Este Evangelho do Deus de Jesus, o Deus-próximo, completa a palavra da lei antiga: próxima, muito próxima está a palavra do mandamento de Deus, porque ela vem a nós no gesto de Deus que se faz próximo a nós, que nos reanima tendo nos encontrado meio mortos pelo egoísmo e nos doa, em Jesus crucificado e ressuscitado, um coração novo, com a lei escrita pelo Espírito sobre ele.

Somente quando teremos nos deixado envolver até nossa verdade mais profunda neste encontro aventuroso com o rosto do estrangeiro, do gratuito, que se revela como amor, somente então se tornará compreensível e verdadeiro para nós o mandamento “vai e faze também tu o mesmo”. E o ir não será uma nova obra da lei, mas será amor no sentido cristão, isto é, amor-gratidão, amor-anúncio, amor como daquele endemoniado liberto por Jesus, que o ouviu dizer: “Vai para a tua casa e conta a todos aquilo que Deus fez por ti” (Lc 8,39), uma vez que quem conheceu o Deus-próximo, reconheça um irmão em cada homem.

Esta mensagem, confiada há mais de dois mil anos à Igreja nascente, o Senhor a confia também a vocês hoje, meus caros amigos: “Vão e façam vocês também a mesma coisa”.

Saibam sempre testemunhar com coragem aquele amor que o Senhor tem para nós e que o levou a sacrificar a Sua vida por nós.

Recordo-lhes aqui as palavras de São João da Cruz: “Onde não há amor, coloquem amor e encontrarão amor”.

Saibam também vocês, como pedia o Santo Padre Bento XVI às famílias reunidas em Milão no dia 3 de junho passado, “construir comunidades eclesiais que sejam sempre mais famílias capazes de evangelizar não somente com as palavras, mas com a irradiação, com a força do amor divino” a vida de uma comunidade destinada a ser célula da sociedade (Homilia do Santo Padre na Missa para o VII Encontro Internacional das Famílias, Milão, 3.6.12).

Caros amigos, recebam com gratidão a graça que o Senhor lhes dá hoje nesta Eucaristia, tendo sempre como modelo a Família de Nazaré que, como as de vocês, experimentou dificuldades e alegrias, mas sempre ficou fiel à vontade de Deus. Possa o Senhor conceder que as famílias de vocês sejam sempre mais “igrejas domésticas”, capazes de construir uma sociedade sempre mais fundada sobre o amor e da qual, como dizia o Bem-aventurado João Paulo II “se irradia sobre a sociedade um fluxo de amor benéfico e regenerador” (Bem-aventurado João Paulo II, Jubileu das Famílias, 15.10.2000).

Estamos bem conscientes do momento de grandes dificuldades que atravessa hoje a família, num mundo que parece sempre mais materialista e menos orientado para o espiritual, às vezes na ausência de uma ordem moral que implica verdade e justiça. Impelida sempre mais por variadas formas de convivência, inflamada por uma cultura da morte mais que da vida, na ausência de valores humanos e espirituais, a família de hoje parece se desagregar sempre mais, faltando assim com a sua missão de ser “célula da sociedade”.

Diante deste cenário, cabe a vocês, famílias cristãs, levar ao mundo o exemplo da família de Nazaré, para que ele seja conhecido diante desta, amado e imitado, para que cada nova família, segundo o plano de Deus e ensinamento da Igreja, seja a célula primária e vital da sociedade, a primeira escola das virtudes sociais, bem como o próprio fundamento da sociedade.

Para ter sucesso na sua nobre missão, tenham sempre Cristo no centro de suas vidas e, como recordava às famílias o papa Bento XVI: “privilegiem sempre a lógica do ser mais que aquela do ter”, educando-se quotidianamente a crer no amor autêntico, aquele que vem de Deus e que nos une a Ele e que “nos transforma em um Nós que supera as nossas divisões e faz nos tornar uma só coisa, até que, no final, Deus seja ‘tudo em todos” (1Cor 15,28)” ( Enc. Deus Caritas est, 18).

Ao louvar a Deus pelos frutos dados pelo movimento de vocês no mundo inteiro, ao agradecer-lhes pelo empenho constante de vocês ao testemunhar a grandeza e a bondade do amor humano, do matrimônio e da família, ao exprimir reconhecimento aos seus conselheiros espirituais, desejo assegurar-lhes a minha lembrança constante na oração, e de coração imploro à Virgem Maria lhes acompanhar na importante missão de vocês.

Que Deus lhes abençoe.

+ Giovanni d’Aniello
Núncio Apostólico

XI ENCONTRO INTERNACIONAL DAS ENS - BRASÍLIA/DF - PALAVRAS DE DESPEDIDA (CARLO E MARIA CARLA VOLPINI)

Brasília, 26/07/2012 às 9:30 horas.

Chegámos ao fim do nosso magnífico encontro, e também nós chegámos à meta final destes
maravilhosos 6 anos de serviço na responsabilidade do Movimento.
É tempo de despedidas e tempo de balanços.
Gostaríamos de passar este momento despercebidos e em silêncio, de sair em bico de pés e, ao mesmo tempo, gostaríamos de abraçar com força um a um todos aqueles que, ao longo destes anos, encontrámos, escutámos, olhámos, todos aqueles com quem caminhámos, com quem realizámos um pequeno projecto ou com quem apenas rezámos.
Temos de fazer esta última conferência para recordar, agradecer, saudar, passar o testemunho ao novo casal responsável. Depois de tantas palavras lidas, ditas, ouvidas durante estes anos, ocorrenos apenas uma, “Magnificat”, e talvez só agora compreendamos o sentido profundo desta breve palavra que, desde há quarenta anos, acompanha os nossos dias, recitada individualmente, em casal, em equipa, com dezenas e centenas de outras pessoas nas reuniões de equipa em que participámos nos vários países do mundo ou nos vários encontros do Movimento em que participámos durante estes anos. É em plenitude e em verdade que hoje, ao fim deste nosso serviço, dizemos: a nossa alma glorifica o Senhor porque o Todo-poderoso fez em nós maravilhas.
Seria fácil dar-Lhe graças por tudo o que recebemos, poderíamos fazer uma lista dos muitos dons, como numa lista de casamento. Mas o nosso magnificat de hoje é principalmente por tudo o que de inesperado, de inédito e de imprevisível recebemos neste espaço e tempo de vida. Aconteceu-nos o mesmo que nas bodas de Caná: fomos convidados para uma festa, o serviço de responsáveis internacionais, e, para essa festa, preparámo-nos, vestimo-nos, fizemos programas e depois, dia após dia, quantas coisas inéditas e inesperadas! A nossa alma glorifica o Senhor porque fez em nós maravilhas, fazendo-se Palavra nas vossas palavras, Gesto nos vossos gestos, Rosto nos vossos rostos.
Contudo, antes de nos despedirmos, há um tempo a viver, o tempo da memória destes anos, porque “sem memória todo o projecto é utopia, sem projecto a memória torna-se apenas saudade, sem consciência efectiva, memória e projecto seriam apenas evasão”1. É só no conjunto das três palavras — memória, projecto, consciência — que o pensamento se pode tornar rico em discernimento e juízo, capaz de fazer nascer orientações novas.
A nossa memória deste serviço começa na grande emoção vivida em Lourdes no dia do início da nossa responsabilidade; desse dia queremos recordar algumas palavras que dissemos, porque foi a partir dali que começou o nosso caminho.
“A primeira obrigação da responsabilidade que vamos assumir é servir o Movimento nas pessoas dos muitos que fazem parte dele, tecendo uma rede de relações feitas de palavras e de olhares que nos permitam ser fecundos no caminho de amor que o Senhor quer para a nossa salvação e segundo as orientações que o Pe. Caffarel nos indicou como lemes da nossa vivência da fé e da vocação conjugal. Acreditamos que a relação é hoje, mais do que em qualquer outro tempo, a possibilidade mais significativa que nos é dada para tornar viva a nossa fé. A relação trinitária é o fundamento da fé, a relação entre Deus e os homens está na base do caminho de salvação, a relação entre um homem e uma mulher é o princípio e o fim do seu amor. Mas nenhum de nós pode dizer que vive plenamente o significado profundo da relação, seja do amor seja da fé, se se limitar a vivê-la como uma relação individual, no plano humano, entre si e o seu cônjuge e,
no plano teologal, entre si e Deus. A relação a que cada um de nós é chamado é, de facto, a da comunidade humana e eclesial”.
Estas foram as palavras que proferimos em Lourdes em 2006 e que hoje voltamos a trazer ao nosso coração e ao vosso para reafirmar que foi com base nesta palavra “relação” que procurámos Bruno Forte , arcebispo de Chieti-Vasto – Itália, teólogo italiano. “La teologia come compagnia, memoria e profezia”, Paoline, Milão, 1987.

2 - Viver o nosso serviço, para tecer essa rede de relações e laços de amizade e de fraternidade de um
extremo ao outro do mundo, onde a realidade das ENS está presente.

Certamente não conseguimos chegar a todos, mas cada equipa e cada equipista foi uma realidade viva nos nossos pensamentos e nos nossos corações, atentos, na medida do possível, às necessidade e às exigências de todos, disponíveis para voar de um extremo ao outro do mundo para fazer sentir o mais possível que o Movimento é uma realidade viva e vital e que a Equipa Responsável Internacional tem como primeira obrigação animar a vida espiritual e cuidar das muitas situações que têm origem nas diversas culturas e realidades sociais, embora na unidade do carisma e da metodologia que nos une.
A própria ERI tornou-se uma realidade itinerante, e nem sempre desenvolveu o seu trabalho em Paris, sede histórica e oficial do Movimento, mas também em outros países, a começar pelos mais distantes e mais pequenos em número de equipas: em Córdoba na Argentina, em Beirute no Líbano, no Quebeque no Canadá. Os Colégios, como é hábito consolidado há muitos anos, levaram-nos a casa das várias Supra-Regiões do mundo: Durham, Fátima, Roma, Madrid, Bogotá, Brasília; e, finalmente, as nossas viagens pessoais para corresponder ao convite de uma ou outra Região ou Supra-Região: Polónia, França, Florianópolis no Brasil, Bélgica, Bristol em Inglaterra, Albânia, Edmonton no norte do Canadá, Ilha da Madeira, Angola. Tudo isto se tornou um património inestimável de conhecimentos recíprocos, de relações, de vida não só a nível pessoal mas como riqueza de todo o Movimento que pôde viver a internacionalidade como uma realidade concreta e não como uma palavra a acrescentar aos documentos oficiais.
Em todos os países, grandes ou pequenos, fomos acolhidos como se acolhe um amigo que se espera com alegria e com o qual se sabe poder partilhar a profundidade dos valores da fé e dos ideais de vida. Procurámos construir pontes com os tijolos da amizade, da oração, da escuta mútua, da partilha das nossas vidas. Nestas pontes que unem todas as equipas do mundo temos de continuar a caminhar com segurança e com paixão, tendo como mapa as palavras que constituem as novas orientações que nascem deste XI Encontro:
“Ousar o Evangelho”: Casais habitados pelo amor de Cristo, vivamos cada dia nos caminhos do mundo cuidando do homem”.
Habitados pelo amor de Cristo, que significa isso? Em que pensámos, na ERI, quando escrevemos esta frase tão importante? Nas palavras que alguns padres nos dirigiram, a nós casais das ENS em particular, como as do bispo Russotto em Lourdes: “Deus semeou em vós a vocação do amor; vós sois o reflexo da beleza do amor de Cristo no mundo e pelo mundo. Sois o Evangelho do amor nupcial que Deus narra na história. Como a Virgem Maria, sois o tabernáculo de carne em que Jesus gosta de habitar, de repousar, de se revelar. Sois o beijo de Deus na história”.
Ou como as de Mons. Renzo Bonetti em Roma: “Ensinaram-nos a contemplar Deus nas estrelas, na variedade das flores, na beleza de um lugar, na frescura de uma nascente; ensinaram-nos a admirar a infinitude de Deus no oceano, no mar, na majestade das montanhas… Experimentem perguntar às montanhas como é que Deus vive. Se em todas essas montanhas houvesse um único casal, homem e mulher, esse casal diria mais sobre Deus do que todas as montanhas juntas, porque Deus é amor. As montanhas não me dizem que Deus é amor, o céu estrelado não me diz que Deus é amor, a beleza das flores não me diz que Deus é amor. Vislumbro o Deus que é amor na beleza de um beijo entre um homem e uma mulher — esta é a imagem mais bela porque me revela o Deus amor. Quem me faz compreender quem é Deus é realmente o homem e a mulher, a sua relação.
Deus manifesta-se no casal humano, mas o casal humano pode, ou melhor, é chamado a ‘dizer’ Deus e diz Deus da maneira mais assimilável e mais credível para o mundo contemporâneo.
Podeis dizer Deus sem lhe pronunciar o nome. Podeis ser a sua presença de amor sem lhe celebrar os ritos. É este o dizer-se de Deus. Sereis a rocha que, tocada pela varinha do Espírito Santo, do sacramento, pode fazer jorrar nascentes de água viva para o nosso mundo sedento”.
2 Mons. Mario Russotto, bispo, Lourdes 17 Setembro 2006.
3 Bonetti Renzo, ex-responsável do Ufficio famiglia Roma, Roma 19 Janeiro 2003 às ENS.

3 - E, depois, a segunda orientação: “vivamos cada dia nos caminhos do mundo”. 

Nos caminhos do mundo… e em que outro lugar poderemos e deveremos viver, nós que todos os dias
trabalhamos nos lugares mais variados, fábricas, escolas, mercados, escritórios, hospitais, campos?
Em que outro lugar poderemos e deveremos viver nós que, como pais, frequentamos as escolas e os lugares que os nossos filhos frequentam, os agradáveis quando os nossos filhos vivem o seu crescimento com serenidade, os da transgressão e da marginalização quando os nossos filhos enveredam por caminhos errados? Em que outro lugar poderemos e deveremos viver, nós que, adultos, somos chamados a  acompanhar na sua velhice os nossos pais idosos e com eles atravessamos os lugares do cansaço, da solidão, da doença?
Mas nos caminhos do mundo não estão só os nossos filhos, os nossos pais, os nossos amigos. Nos caminhos que o homem percorre, como recordava D. Tonino Bello4, estão também homens e mulheres imersos na solidão e no abandono, aqueles que já nem sequer sabem chorar, que ficam mudos na sua dor ou que, pelo contrário, lançam pedras como se fossem lágrimas; nos caminhos do homem estão também todos aqueles homens e aquelas mulheres que ficaram encerrados em situações de degradação social e cultural, aqueles a quem é negado o pão de cada dia, o trabalho, o direito a viver o calor de uma casa e de uma família, aqueles a quem parecem ser negados os direitos fundamentais da pessoa.
Viver nos caminhos do mundo: queremos dizer procurar e encontrar a força para destruir todos os túmulos em que a prepotência, a injustiça, o pecado, a riqueza, o egoísmo, a doença, a solidão, a traição, a miséria, a indiferença… fecharam tantos dos nossos irmãos.
Viver nos caminhos do mundo é levar por diante no mundo e dentro de nós a ressurreição de Cristo, isto é, dar mensagens de esperança a cada homem que vem ao nosso encontro, ser para esse homem o sinal de esperança que Cristo seria para ele.
Viver nos caminhos do mundo porque, como ainda o bispo Tonino Bello nos convidava a reflectir, “jogamos a nossa credibilidade de cristãos não com base nas genuflexões que fazemos na igreja mas com base na atenção que sabemos pôr no corpo e no sangue de todos aqueles que não encontram um lugar de 
 acolhimento e de libertação”.
Não devemos fazer cruzadas, temos todos os meios para revolucionar o mundo pela parte que nos diz respeito: dialogar com os homens, escutá-los, acolher a Palavra de Deus e torná-la viva pela nossa acção, estar dispostos a partilhar, a verificar as nossas escolhas e as nossas acções, a dar a nós mesmos boas normas para a nossa conversão. Não são porventura estas as regras a que o Movimento nos chama através do dever de se sentar, do pôr em comum, da partilha, da regra de vida e da oração?
E, finalmente, cuidando do homem. De que homem? Certamente, se dizemos homem pensamos na pessoa que vem ao nosso encontro, no amigo, no familiar e até no vizinho com quem cruzamos o olhar e fazemos uma parte do caminho. Mas este alguém a que somos chamados a responder não é só o vizinho ou a pessoa que pertence ao círculo dos conhecidos ou ao grupo a que pertencemos — seja este religioso, paroquial, social ou político — mas toda a humanidade de que nos devemos responsavelmente encarregar, numa consciente situação de interdependência da família humana. “O outro, na realidade global do nosso mundo, já não é só o ‘tu’ com quem podemos estabelecer uma relação directa; é também aquele que talvez nunca venhamos a conhecer, apesar de ter um rosto e um nome preciso, mas de quem devemos cuidar porque faz parte da família humana”.
A realidade de hoje é muito difícil de viver, e a fé talvez ainda mais; o risco que todos corremos face às dificuldades objectivas do presente é o de nos fecharmos num estéril individualismo temperado de sentimentos nostálgicos voltados para o passado, mas temos de ter consciência de que, se faltar a promessa do futuro, virá também a faltar o desejo do presente.
4 Don Tonino Bello, bispo, Alla finestra la speranza, ed. San Paolo 1988.
5 Don Tonino Bello, op. cit.
6 Cf. Ricœur P., Sé come un altro, Jaca Book, Milão, 1993.
 
4 - Dentro de poucos meses ocorrerá o 50º aniversário do Concílio Vaticano II, um concílio que derrubou muros e abriu portas ao infinito mas que ainda talvez espere ser realizado em pleno. 

João XXIII abria-o solenemente a 11 de Outubro de 1962 com o célebre discurso “Gaudet mater Ecclesia” (Alegra-se a Santa Mãe Igreja). A 50 anos daquele dia podemos também nós ainda hoje alegrar-nos Ousando o Evangelho que é a mais bela notícia alguma vez levada ao homem.
Daquele Concílio nasceram três aquisições teológicas fundamentais, como sublinha o Pe. Bartolomeo Sorge, que muitos conhecem das muitas vezes que falou às ENS e que nos acompanha no caminho espiritual desde que éramos pouco mais do que adolescentes:
 a eclesiologia de comunhão que, ao definir a Igreja como povo de Deus a caminho na história, pôs a instituição na dependência da comunhão valorizando o papel dos leigos na Igreja;
 a teologia das realidades terrenas, com que a Igreja fechou o tempo da cristandade e abraçou o tempo evangélico da laicidade, abandonando o clericalismo e declarando que a responsabilidade de conservar e de transmitir o “depositum fidei” exige que se apreenda a dimensão histórica da salvação, tarefa específica dos leigos;
 a teologia bíblica que declarou a Bíblia “livro aberto” a todos, até então “livro selado”, reservado a poucos. Daqui derivou um retomar da espiritualidade bíblica e um renovamento da oração pessoal comunitária.
Temos o suficiente para sentirmos que é necessário mais do que nunca “Ousar o Evangelho”!
“Este é um tempo em que tudo se fecha — disse há poucos dias o cardeal Sepe em Nápoles — Por isso, enquanto tudo se fecha, a Igreja tem de abrir: abrir todos os dias uma nova porta, seja de uma igreja, de um centro de escuta ou de uma casa que acolhe. Sobretudo tem de abrir as portas do coração. Só assim será possível vencer até batalhas impossíveis”.
Para abrir as portas temos de ser capazes de nos pormos em movimento e, por outro lado, a própria vida é movimento, o amor é movimento, a relação com os outros é movimento, até a fé é movimento, movimento para Deus. Se escolhermos a estagnação não escolhemos a vida, não escolhemos o amor, não escolhemos a relação com o outro, não escolhemos Deus.
Para abrir as portas precisamos de confiança, de entusiasmo e de paixão. Confiança na Palavra de Deus, que prometeu caminhar connosco até ao fim dos tempos, entusiasmo recordando a raiz etimológica desta magnífica palavra que significa “cheio de Deus, com Deus dentro de si”, e paixão, outra magnífica palavra de que temos de nos apropriar no significado mais belo que é justamente o da língua brasileira, apaixonado, ou seja, enamorado, enamorado pelo homem, enamorado por Deus.
Confiança, entusiasmo e paixão para “Ousar o Evangelho”, realidade sempre presente e sempre viva.
Vocês estão aqui diante de nós e convosco, juntamente convosco, estão todos os equipistas do mundo, todos aqueles que nestes anos encontrámos, aqueles que conhecemos por um dia ou por uma hora. Convosco, e graças a vocês, crescemos: a nossa humanidade tornou-se mais doce porque respirou das vossas respirações, as nossas mentes viram horizontes mais amplos porque se alimentaram dos vossos pensamentos, a nossa fé tornou-se mais adulta porque se encheu do vosso caminho de fé partilhado connosco. Neste momento dissipa-se a dimensão do serviço, o nosso e o vosso, não só porque acaba para nós e para alguns de vocês, enquanto começa para outros, mas porque o que sentimos dentro de nós é apenas uma grande e intensa emoção por aquilo que recebemos nestes anos. Gostaríamos de abraçar cada um de vocês para vos fazer sentir no calor do  7 B. Sorge, La Traversata – La Chiesa dal Concilio Vaticano II ad oggi, Mondadori 2010.
8 Cardeal Crescenzio Sepe, Chiesa di tutti e particolarmente dei poveri, Nápoles, 16 Junho 2012.
 
5 - abraço a nossa emoção e para podermos dizer todos juntos, com plena autenticidade de sentimentos
e com plena consciência de fé: “A nossa alma glorifica o Senhor porque fez em nós maravilhas!”.

XI ENCONTRO INTERNACIONAL DAS ENS - BRASÍLIA/DF - CASAIS: IMERSOS DO AMOR DE CRISTO PARTI PARA O MUNDO PARA TOMAR CONTA DOS HOMENS (TÓ E JOSÉ MOURA SOARES)


 Brasília, DF, 26/07/2012 às 9:00 horas.

Introdução

Nesta hora de profunda emoção da nossa vida, sentimento que queremos partilhar convosco, damos graças a Deus, por intercessão de Nossa Senhora da Aparecida, por tudo o que temos recebido e por todas as ocasiões que o Senhor se serviu para nos mostrar que temos o nosso nome escrito no Céu.
O facto de estarmos hoje aqui para começarmos um caminho à frente desta grande comunidade de « um povo de todos os povos » é algo de muito profundo, que nos fez olhar para trás, tentando lembrar como foi o início da nossa História, depois analisar o percurso percorrido, e finalmente discernir que meta propomos ao nosso itinerário, nesta hora do entardecer das nossas vidas.
Em tudo isto, só encontramos uma resposta… Cristo !
Cristo, nossa Esperança e nosso fim...
É uma realidade que toca o fundamento do nosso ser !
Quando nos é confiada uma Missão, somos chamados a pôr tudo nela o que temos e o que somos, o nosso passado e o nosso presente.
Somos um casal normalíssimo, sem capacidades especiais, um homem e uma mulher que se uniu através de um grande e profundo amor, selado há quase 50 anos pelo Sacramento do Matrimónio, sacramento que fez estabelecer entre nós e Jesus uma relação estimulante, intima, por vezes misteriosa, mas absolutamente clara.
Recebendo a força do Espírito Santo, que tem renovado as nossas energias e nos fez crescer espiritualmente, decidimos então abandonarmo-nos livremente à sua Confiança e com ousadia expormo-nos como somos, com as nossas limitações, mas igualmente com tudo aquilo que Deus pode fazer em nós e
através de nós.
 
Casais: imersos do Amor de Cristo

Sabemos que a Misericórdia do Senhor será maior que a sua severidade, o que nos leva a afirmar que o nosso Movimento nos convida a todos a viver um período das nossas vidas ao ritmo da História da Salvação !
A todos nós, a quem Deus permitiu pertencer às ENS e neste caso concreto participar mais uma vez num Encontro Internacional, somos impelidos a afirmar: « É agora o tempo favorável, é agora o tempo da Salvação » Acreditamos que nestes dias a Palavra rasgou nos nossos corações novos horizontes de esperança, mostrou-nos o caminho e provocou em cada um uma mudança de vida.
O Senhor falou com cada um e com cada casal, mostrou-nos que o amor do Pai é de tal maneira grande que modifica a vida, de quem se deixa encantar por este amor.
Renovemos então a aliança e tornemo-nos NUM SÓ.
Decerto, ELE deixou claro que não precisamos de sair da realidade em que cada um de nós está inserido!
Precisamos apenas de amar, amar com mais ternura e com ousadia.
Só amando o mundo onde vivemos, podemos captar os Sinais de Deus e como Bento XVI diz « onde há Deus, há Futuro ».
O caminho que encetamos pressupõe decisão e determinação, interrompendo aquela atitude vaga de quem, desejando fazê-lo, deixa sempre para um amanhã indeciso, a ousadia de romper com uma vida que grita por mudança.
Então, em que consiste « Este Tempo Favorável ? »
Não será esta predisposição de Misericórdia que o SENHOR semeou em cada um e em cada casal, chamando-nos à conversão que nos acompanhará na vida e na história, que nos leva à descoberta deste Tempo Favorável ?
Ninguém se converte verdadeiramente a Deus, se não aceitar os homens como irmãos!
Quando o homem acolhe totalmente a Palavra e se deixa transformar por Ela, o Homem e Deus identificam-se de tal forma que o mistério da encarnação atinge a plenitude.
Que ousadia a de Deus de se deixar encarnar no mundo pelo Seu filho, através da radicalidade do Sim de Maria, para viver numa família simples e humilde !
Que ousadia a de Deus pedir ao Seu filho a troca da Sua vida pela dos homens que não conhecia !
Que ousadia a de Cristo ao convidar-nos a ter uma vida em casal com o selo do sacramento do matrimónio. Ao irmos mais além, a ponto de podermos atingir a santidade, faz-nos seus colaboradores na Salvação do Mundo.

Parti para o mundo

Estamos no mundo, e é precisamente este mundo que, também com ousadia, nos pede que sejamos testemunhas credíveis da Boa Nova.
As ENS não servem para nos defender do mundo, mas para com Cristo irmos ao encontro do mundo, anunciando o Evangelho.
Sair de nós próprios, para conhecer a realidade do outro, ajudar a derrubar muros que separam, abrir portas fechadas que nos isolam, responder a quem nos chama, são as ousadias que o mundo lança no Caminho de cada um.
Sofrer com aqueles que têm o amor magoado, que não dá nas vistas, vivido no silêncio e na vergonha de quem sente o desmoronar de uma relação, envolvendo-nos em situações que clamam justiça, são também ousadias que temos que enfrentar.
Falar de tudo isto é reconhecer imediatamente que o Movimento tem algo a aprender do tempo. É reconhecer que os momentos fortes que se vivem têm um eco na vida das ENS, quanto mais não seja pelos problemas que afetam os casais e que tem um profundo significado na história da vida da família.
Esta busca de sentido é para nós a maior expressão da complexidade da existência humana, diríamos mesmo do drama humano.
O que é a vida, o que é o amor, que sentido tem então o sofrimento ?
A que porta pode o homem bater para encontrar uma resposta ?
Os sinais que nos chegam, a nós, membros das ENS, são vários e diversos, inerentes a cada geração. Desde os mais idosos, os viúvos, os casais, os mais jovens que não conseguem sobreviver ao divórcio, todos parecem, por vezes, não acreditar que exista qualquer relação entre esperança e sentido de vida.
Não basta ler os “sinais dos tempos”, mas também saber descobrir nas conjeturas da História, que” chegou a hora!”...
O nosso Movimento não oferece soluções técnicas aos problemas do mundo. A melhor resposta é o testemunho de cada casal à luz do Evangelho. Se os problemas que surgem hoje são inerentes ao homem de hoje, com ousadia as ENS os devem aceitar como seus.
Procuremos então novas formas de difundir o Evangelho, em resposta às questões postas pelos novos tempos, formas que aliem o amor à santidade.
Somos chamados a PARTIR, a OUSAR, a AMAR.
Partamos sem medos!

O Caminho conduz-nos sempre à vida e à “Vida em Abundância “(Jo, 10)

As ENS não vivem isoladas no Mundo, porque a Luz não permanece sozinha. A fidelidade à missão a que o Senhor nos envia, qualifica-nos e pede-nos cada vez mais um amor apaixonado.
Tenhamos então a ousadia de partilhar com os outros o que é nosso. Será nessa partilha que marcaremos a nossa identidade. Dar sentido à proposta que anunciamos com um testemunho límpido das nossas vidas é acima de tudo o que nos é pedido.
Não temos o mundo que sonhamos!...
O ritmo das mudanças, sobretudo a nível científico e técnico, com repercussões em todas as áreas, mesmo na religiosa, é tão rápido que, em muito pouco tempo, o que é solução aparece como problema.
Prontos a aceitar e a compreender a exigência de todas as idades, encontrando a linguagem adaptada a cada uma, as ENS têm de ser eternamente jovens, porque são um Movimento que se sente capaz de
responder aos sinais dos tempos e viver no amanhã.
O Movimento tem de ser lugar de diálogo, de tolerância, onde se marque sem amargura nem ingenuidade as exigências que vivemos.
Por isso, aceitar a adesão dos jovens ao nosso Movimento é aceitar com ousadia o desafio que nos é feito. Anunciar profundamente a alegria e a esperança com que aceitamos a vida verdadeira e duradoura de quem segue Jesus.
Sejamos, então, cada um e cada casal construtores de um novo futuro, mais humano e mais justo. Atrevemo-nos mesmo a dizer, um futuro mais de acordo com o sonho que Deus tem para a humanidade, ao adotar um estilo de vida, onde o casal e a família sejam um espelho vivo do amor.
A união dos dois sacramentos – Ordem e Matrimónio – tem ajudado sempre o Movimento a abrir portas, a dar respostas claras no Caminho percorrido.
Perscrutar nos Caminhos da Humanidade a profecia que deve ser feita será um trabalho resultante do Amor e da intuição do Espirito na união destes dois Sacramentos.
Nos Tempos Conciliares, como dizia o Padre Congar: “ é o homem que tem de bater à porta da Igreja, pedindo-lhe que lhe abra o Evangelho, na página que ele precisa de ler neste momento. A sua própria realidade torna-o capaz de a escutar.”

Tomai conta dos Homens

Ter um coração que vê, que sente e que age, em consonância com o que vê e sente, não pode ser apenas sugestivo e interessante.
Tomar conta do outro é mais do que ser um simples guardião. Toma-se conta de alguém quando se ama e ama-se quando nos damos!
O Homem foi criado para Deus e por isso, precisa Dele!
Regressemos então à Fonte, sempre à fonte da Alegria, e descobriremos que a oração é a nossa força e o nosso suporte para podermos amar, apesar de todas as adversidades a que estamos sujeitos.
O sermos discípulos de Cristo faz-nos ter uma atenção privilegiada ao sofrimento humano. Vivamos um presente que nos leve mais do que denunciar situações, a envolvermo-nos nelas e contribuir para a sua resolução.
A simples passagem da mensagem não chega ao coração das pessoas, não toca a sua liberdade, não transforma a vida.
Quando há dicotomia entre as palavras e a vida, o homem decepciona-se e ninguém encontrará em tal evangelização o Pão que lhe matará a fome.
Aquilo que fascina é sobretudo o ENCONTRO!... O encontro requer tempo, tempo para nos consagrarmos primeiro que tudo a Deus. Ao ouvi-Lo no silêncio, no fundo de nós mesmos, encontraremos então forças e disponibilidade interior, que nos levarão ao encontro com os outros.
Por vezes, parece-nos que trabalhamos muito, mas amamos pouco, e quando os outros precisam de nós … estamos ocupados… não temos tempo.
A este propósito, lembramos aqui, aquele texto paradigmático e profético da Gaudium et Spes e que começa com estas palavras :
« As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. »
A decisão que nos foi pedida, a todos quantos aqui estão, é compreender de modo premente o significado da nossa opção de vida.
Para nós, Tó e Zé, viver com simplicidade e humildade o nosso grande amor tem sido a coisa mais difícil da nossa vida, porque requer o dom de nós próprios, ao aceitarmo-nos e ao amarmo-nos como somos.
É na capacidade de amar que o homem se assemelha mais a Deus!
Ousemos pois ser Santos, como nos dizia o nosso querido Padre Caffarel.

Conclusão

Com o coração cheio de experiências vividas nestes dias e também já de boas recordações, queremos terminar dando-vos um abraço de amizade do tamanho do mundo.
No fim este Encontro Internacional, a nossa saudação não é de despedida que separa, mas de amizade que permanece e perdura.
A nossa saudação quer chegar ao coração de cada um, quer entrar e permanecer, não como uma simples troca de palavras, mas como uma recordação forte desta Graça presente, invisível é certo, mas operante, como diz Bento XVI “A Graça de ser tocado por Deus e tocado pelo seu Amor” ..
Sabemos ainda que contaremos com o apoio permanente e a ação esclarecida dos casais e conselheiro espiritual, que connosco farão parte da equipa responsável internacional, que irá orientar o Movimento até 2018.
À nossa família, aqui presente, que tem sido sempre o nosso porto seguro, pedimos-lhe que a oração que sempre nos tem unido seja cada vez mais forte e nos leve a todos a tomar conta uns dos outros, e de todos de quanto dela precisarem. Para nós, ela será sempre um poço de água refrescante, onde temos saciado a nossa sede.
Também à nossa equipa base e aos numerosos casais e conselheiros espirituais que trabalharam connosco nos diversos serviços que desempenhámos, a nível nacional e internacional, hoje aqui presentes, não esquecendo o nosso director espiritual, padre Mário Pais, que nos tem acompanhado duma forma especial.
Para todos, os nossos agradecimentos.
Uma palavra de admiração e apreço a todos os casais, muitos aqui presentes, que conduziram o nosso Movimento durante todos estes anos, que o fizeram crescer e o levaram a todo o mundo, dando-lhe este caracter de internacionalidade.
Quando olhamos em frente e vimos equipistas de todos os Continentes, que têm participado com entusiasmo e fervor neste encontro é que realizamos quanto caminho tem sido percorrido pelas ENS.
Ao Brasil, este país tão querido e que tão maravilhosamente nos acolheu e onde todos aprendemos a Amar mais e melhor, o nosso profundo e eterno agradecimento.
Pedimos-vos ainda que levem este abraço aos que não estão aqui presentes e lhes digam que vale a pena acreditar no Amor, porque o amor purifica e salva e é a força que nos empurra neste caminho de espiritualidade conjugal que nos levará à Santidade.
Iluminados pela luz deste Encontro, esperamos que o Movimento cresça cada vez mais em riquezas espirituais recebendo a força das vossas energias e a ousadia do vosso serviço.
A nossa ousadia está animada por um sereno otimismo que não é devido ao nosso temperamento, mas que nos vem antes da profunda certeza de que somos levados pela mão de Nossa Senhora Aparecida, até Cristo.
AS ENS permanecerão firmes na unidade e fidelidade ao seu Carisma, mas também estarão abertas ao mundo e aos sinais dos tempos, com um novo ardor, um novo vigor, um novo fôlego.
Queridos Equipistas e Conselheiros Espirituais:
Ousemos o Evangelho, com Fé, Esperança e Caridade, e seguindo as palavras de Cristo:
Vai e Faz o Mesmo

XI ENCONTRO INTERNACIONAL DAS ENS - BRASÍLIA/DF - "VAI E FAZ TU TAMBÉM O MESMO" (LUCAS 10,37) - (TIMOTHY RADCLIFFE)

Brasília, DF - 26/07/2012 às 8:30 horas.
 
Estes últimos dias foram cheios de palavras. Vocês tiveram de ouvir as minhas enfadonhas palavras e, espero, trocado palavras mais interessantes uns com os outros. Mas as últimas palavras convidam-nos a passar das palavras aos actos. «Vai e faz tu também o mesmo». Deixemos que a palavra se torne carne.

Em Nova York fez-se uma experiência. Pediu-se a um grupo de seminaristas que preparassem uma homilia sobre a parábola do Bom Samaritano para aprenderem a pregar. Eles preparam os seus textos num edifício e, a seguir, tiveram de descer a rua e ir para um estúdio, onde se faria a gravação em vídeo. Um actor vestiu-se de homem ferido caído no passeio coberto de sangue, pedindo ajuda. Oitenta por cento deles passaram por ele e nem sequer o viram. Estudaram a parábola e até compuseram belíssimas palavras sobre ela, mas foram capazes de passar pelo ferido e ignorá-lo.

Como muito bem disse o Cardeal Martini: «Embora as Equipas de Nossa Senhora não sejam um Movimento de acção, querem ser um Movimento de gente activa» (1). Que nos impede de agir? Talvez, diante do sofrimento do mundo, nos sintamos incompetentes. Que diferença pode fazer a minha insignificante pessoa? Mahatma Gandhi disse: «O que quer que façam será insignificante, mas é importante que o façam». Cada um de nós deverá fazer a sua pequena boa acção. Com a graça de Deus, ela pode mudar o mundo.

Pensem em Rosa Parks, uma americana negra que, em 1955, se recusou a ceder a um branco o seu lugar num autocarro. Um acto muito pequeno, decidido no momento, abanou o mundo e contribuiu para acabar com a segregação racial. Um dominicano irlandês, Herbert McCabe, andava em viagem na África do Sul no tempo do apartheid, quando os brancos ocupavam a parte da frente dos autocarros e os negros a parte de trás. Herbert deliberadamente foi sentar-se num banco na parte traseira, e foi interpelado pelo revisor. «O senhor não se pode sentar aqui». «Por que não?». «Porque é branco». Ele respondeu: «Não sou branco, sou irlandês».

Há quem acuse a hierarquia da Igreja. Se, ao menos, a Igreja fosse diferente, eu poderia fazer alguma coisa. Se a Igreja reconhecesse o papel dos leigos, poderíamos agir. Mas pensem em Sta. Catarina de Sena no séc. XIV. Ela encontrava-se diante de uma Igreja dividida em duas, com um Papa a viver no exílio em Avignon, e foi ter com o Papa e disse-lhe o que ele devia fazer! Disse a Raymond Capua, Mestre da Ordem dos Dominicanos que, com o fogo do amor divino, «seremos construtores em vez de inactivos e destruidores» (2). Muitas das pessoas que transformaram a Igreja, como S. Bento e S. Francisco, não eram ordenados. A transformação vem, geralmente, do povo de Deus.

Muitas vezes, a nossa tentação é não agir mas reagir. A minha mulher quer ver um filme na televisão e eu decido que quero ver o futebol. Não porque queira realmente vê-lo, mas só para ela saber que eu também tenho os meus desejos. Ou então agimos por medo, como o sacerdote e o levita, que não ousaram tocar o homem ferido.

Agir bem enraíza em deixar germinar nos nossos corações a Palavra que Deus pronunciou. Deus pronunciou uma palavra de graça e ela realizar-se-á. Deus diz em Isaías: «O mesmo sucede à palavra que sai da minha boca: não voltará para mim vazia, sem ter realizado a minha vontade e sem cumprir a sua missão» (Isaías 55,11).

A palavra de Deus não pode ser frustrada. O amor e a vida vencerão. Se estivermos atentos à palavra activa de Deus e a deixarmos trabalhar nos nossos corações, descobriremos o que nos é dado a fazer.

S. Tomás de Aquino, que, estou certo, todos vocês estudam todos os dias, disse uma coisa maravilhosa. Disse que agimos moralmente quando agimos «como seres inteligentes, dotados de vontade própria e como fonte das nossas acções». Devemos reivindicar a nossa liberdade para sermos fonte das nossas acções. Agimos bem quando agimos a partir do âmago do nosso próprio ser, porque é aí que Deus está, a fazer-nos fortes. Deus não quer que os seus filhos e as suas filhas sejam uns fracos!

Assim, a nossa missão neste mundo de relações desfeitas é ajudar as pessoas a tornarem-se actores, fonte das suas próprias acções. Muitas vezes, a tentação é pensar que somos vítimas. Até há competição para saber quem é a maior vítima. É fácil reivindicar que se é vítima dos fracassos do nosso parceiro, dos nossos pais, dos nossos genes. Jesus foi a verdadeira vítima inocente, mas era livre!

Jesus diz: «Vai e faz tu também o mesmo» e não «Vai e faz a mesma coisa». Não diz ao doutor da Lei o que ele tem de fazer. Ele é que tem de o descobrir. Será inesperado, mas, se deixarmos a Palavra de Deus germinar nos nossos corações, acabaremos por o descobrir. Que Deus nos dê a coragem de o fazer!


1) Encontro dos Responsáveis de Sector da Itália 1988.
2) Mary O’Driscol OP Catherine of Siena: Passion for Truth and Compassion for Humanity New York 1993, p. 48.

XI ENCONTRO INTERNACIONAL DAS ENS - BRASÍLIA, DF - HOMILIA DA FESTA DE SÃO TIAGO (+ MANOEL CLEMENTE, BISPO DO PORTO - PORTUGAL)

Brasília /DF, 25/07/2012 às 11:00 horas.




Irmãs e irmãos caríssimos, participantes no XI Encontro Internacional das Equipas de Nossa Senhora

Celebramos hoje com toda a Igreja a Festa do Apóstolo São Tiago, o que só pode reforçar a dimensão apostólica da vida eclesial e familiar, que tão convictamente viveis.

No trecho evangélico que escutámos, a mãe de Tiago e João pediu o que é costume pedir: o melhor lugar para os seus filhos, como habitualmente queremos para nós e para os nossos.

Podemos até verificar como essa pretensão está presente na generalidade dos projetos humanos, sociais e políticos também, na pequena ou grande escala do mundo de todos e de cada um.

Das competições desportivas às económicas e financeiras; dos concursos locais ou de grupo às grandes concorrências de nações e de blocos, sempre esse sentimento transparece e aflora: ficar à frente, ser o primeiro, ganhar o destaque, a fama, o poder e a glória.

É algo tão comum em indivíduos e grupos, como os conhecemos agora, que quase se poderia tomar como essencial à natureza humana… Digo quase, porque realmente há outros fatores que nos definem e devemos ter em conta, em melhor conta.

Refiro-me à nossa natureza “pessoal”: existimos a partir de outros – os nossos pais – e só nos realizamos plenamente com os outros, familiar e comunitariamente. Sozinhos, nem nos reconheceríamos a nós próprios, pois a imagem que podemos fazer de nós só reflexamente se alcança: os olhos dos outros são o nosso espelho, as vozes que temos ressoam em eco, a atenção que nos prestamos mutuamente é a atmosfera onde podemos respirar.

Por isso, a família em que nascemos e crescemos é o lugar essencial e insubstituível para a nossa existência coexistente, para a nossa vida e consciência, para o crescimento verdadeiro, que só em comunhão pode acontecer.

Isto mesmo sabeis vós, caríssimos casais e famílias das Equipas de Nossa Senhora. E isto mesmo aprendeis com Ela, Maria de Nazaré, Mãe de Cristo e Esposa de José.

Tudo na Sagrada Família é vida em comunhão, com Deus e entre si. Maria recebeu de Deus o Filho a quem transmitiu a humanidade de nós todos, formado no seu seio virginal; José acolheu o mistério imenso duma vida que, não sendo naturalmente sua, soube guardar e conduzir, como sinal humano da paternidade divina, no crescimento e no trabalho. Jesus foi submisso a Maria e a José, crescendo em sabedoria, estatura e graça, sob a natural tutela de sua mãe e do seu pai adotivo; aos quais não deixou de interpelar e fazer também crescer na fé, à medida em que foi manifestando a sua verdadeira condição de Filho de Deus encarnado (cf. Lc 2, 49-52).

Acolhimento mútuo, crescimento familiar, aprofundamento duma comunhão que, passando pelo coração e as atitudes de cada um, tem em Deus Amor a sua origem e também a finalidade a atingir, pela mediação familiar e humana em que se processa.

Na Diocese que atualmente sirvo – deixai-me partilhar convosco – dedicámos o presente ano pastoral à Família e à Juventude, com o seguinte lema: “Viver em comunhão, formar para a comunhão”. Nas várias atividades e reflexões entretanto feitas, o que mais sobressaiu foi isso mesmo: a família, cada família, é o lugar inquestionável e positivo onde esposos e filhos, avós e até outros parentes, têm ocasião permanente para conviver e crescer, em mútua atenção e correspondência concreta, uns a partir dos outros, uns para os outros, todos com todos: e isto mesmo nas mais diversas circunstâncias e vicissitudes da existência humana, assim transformadas em escola comum da caridade divina – a única que não acabará jamais.

Com cerca de trinta anos de idade, Jesus deixou a sua casa e família de Nazaré, para dar início à grande família dos filhos de Deus, que há dois milénios vai crescendo no mundo. A família a que pertencem todas as famílias aqui reunidas, pela graça batismal e matrimonial que de Cristo recebem. A família a que pertencemos todos nós.

Entretanto, podemos considerar que os dinamismos pessoais em que Jesus crescera na sua própria família humana - infinitamente preenchidos pela sua realidade eterna de Filho de Deus no amor do Espírito -, se alargaram depois aos que chamou, para iniciar na terra aquele Reino que finalmente acontecia.

Durante a “vida pública” que se seguiu, de Nazaré a Jerusalém, do batismo por João à morte que sofreu por nós, em tudo Jesus expandiu o amor divino que humanamente se traduzira na Sagrada Família, de Belém ao Egito e a Nazaré da Galileia.

Daqui também que a “escola dos discípulos”, que Ele constituiu, fosse pedagogia ativa dos verdadeiros sentimentos e da comunhão concreta em que eles haviam de renascer, uns com os ou outros e todos para todos. Assim no Evangelho que escutámos, evocando São Tiago, o seu irmão e os discípulos em geral.

O que a “mãe dos filhos de Zebedeu” pediu foi, como vimos, muito natural e corrente: que Tiago e João ficassem ao lado de Jesus e primeiro que os outros… O que Jesus lhe indicou foi muito diverso e inovador: que “bebessem do cálice” que ele ia beber, partilhando os seus sentimentos de vida totalmente entregue, dando-a por todos e realizando-se desse modo. Um destino verdadeiramente pascal, em que a vida se ganha quando se oferece e só assim resulta e perdura.

Caríssimos casais e amigos das Equipas de Nossa Senhora: o sacramento que celebrastes no Matrimónio que sois proporciona-vos sempre e para sempre a mesma graça, atual e futura: casando-vos “no Senhor” (cf. 1 Cor 7, 39), dele recebeis luz e força, para aprender Deus vivendo à maneira de Deus – de Deus que é amor, vida circulante entre o Pai e o Filho na unidade do Espírito.

O irmão de Tiago escreveria estas palavras, anos mais tarde: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus. Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8). E o próprio Tiago concluiu os seus dias dando a vida por aquele Cristo com quem tudo aprendera; sobretudo a revelação absoluta de que “a felicidade está mais em dar do que em receber” (Act 20; 35).

Convertamos nós agora – nos casais, nas famílias, nas comunidades e na própria sociedade – os nossos impulsos tão atávicos de competição e prevalência em disposição firme e acrescida de promoção dos outros e em emulação positiva na prática do bem.

Digamos mesmo e em relação a todos, começando pelos esposos entre si, aquilo que João Baptista soube dizer em relação a Jesus: “Ele é que deve crescer, e eu diminuir” (Jo 3, 30). Porque, antes de todos, isso mesmo fez Jesus, “esvaziando-se “ da vida que nos deu para que nós crescêssemos. Como exortava São Paulo: “… nada façais por ambição, nem por vaidade: mas com humildade, considerai os outros superiores a vós próprios, não tendo cada um em mira os próprios interesses, mas todos e cada um exatamente os interesses dos outros. Tende entre vós os mesmos sentimentos, que estão em Cristo Jesus: Ele, que é de condição divina, […] esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo. […] Por isso mesmo Deus o elevou acima de tudo e lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome…” (Flp 2, 3 ss).

Irmãs e irmãos: Aprendamos, pratiquemos e cresçamos, em família e em Igreja, o que havemos de ser no mundo como sinal e em Deus como vida eterna. Só vivemos quando fazemos viver, só nos ganhamos quando nos oferecemos, só nos realizamos na felicidade dos outros. Aqui começa o cristianismo autêntico; antes disto só se arrasta o homem velho…

Imitemos o próprio Deus, que, dando-nos constantemente a vida, nem é ruidoso ao dá-la nem nos impõe a sua presença, antes nos oferece a amplidão do espaço interior e exterior, para crescermos, e a vitalidade da terra, para a fazemos frutificar. Deus que “humildemente” nos espera em cada irmão, para recompensar infinitamente toda a atenção que Lhe prestarmos nos outros.

Esta a lição que Tiago aprendeu de Jesus. Esta a graça e a responsabilidade dos casais cristãos e suas famílias: serem escolas do Evangelho, para a vida do mundo!

+ Manuel Clemente, Bispo do Porto (Portugal)
Brasília, 25 de Julho de 2012